1.Encontramo-nos numa altura em que a discussão política em Portugal se tem centrado em torno da tão ousada quanto imaginativa proposta de um deputado do PS no sentido de brandirmos aos nossos credores a “ameaça/bomba atómica” de não pagamento da dívida – em português arcaico “marimbarmo-nos para a dívida” – proposta que terá certamente apavorado tanto os nossos credores externos, que não tugiram nem mugiram...
2.Neste circo político nacional, esta fase tem sido riquíssima em contributos inovadores da bancada parlamentar do principal partido da oposição no sentido da resolução dos problemas financeiros do País – há poucos dias a recomendação do ilustre deputado Galamba no sentido de os bancos poderem conceder crédito sem que para isso terem de mobilizar recursos, agora esta proposta de concedermos a nós próprios uma moratória da dívida, sem apelo para os credores...
3....por isso o País tem motivos para estar confiante e optimista com esta nova vaga da política nacional...
4.Em Espanha, onde as inovações financeiras que estão sendo lançadas em Portugal ainda não chegaram, o tempo tem sido aproveitado para realizar algumas emissões de dívida pública com assinalável sucesso...já aqui referi em Post editado há 3 dias, a emissão de dívida de curto prazo (a 1 ano e a 18 meses), com taxas muito inferiores às anteriores e por montantes mais elevados.
5.Ontem novas emissões, desta vez de dívida de prazos mais largos, mas igualmente com alto sucesso: colocados € 6,03 mil milhões, dos quais
- (i) € 1,4 mil milhões a 10 anos, com taxa média de 5,55%, abaixo da yield (5,7%) que se verificava no mercado secundário na véspera do leilão;
- (ii) € 2,18 mil milhões a 8,5 anos, com taxa média de 5,2%;
- (iii) € 2,45 mil milhões a 5 anos, taxa média de 4,02% (taxa inferior em mais de 0,55 ao último leilão para o mesmo prazo.
6. Acontece que para este leilão de ontem a explicação (hipotética) que aqui avancei para o sucesso da emissão de dívida de curto prazo – as decisões da “tenebrosa” Cimeira de não voltar a impor penalizações aos detentores privados de dívida soberana em caso de futuras (eventuais) reestruturações e do “timorato” BCE de oferecer aos bancos uma nova facilidade de liquidez ao prazo de 3 anos – não serão suficientes (sobretudo a segunda) , uma vez que se trata de dívida que excede largamente os 3 anos...
7....mas não excluo que a decisão da Cimeira de não impor perdas aos detentores privados de dívida tenha sido mais eficaz do que eu próprio admitia...
8.Em qualquer caso, registe-se esta atitude “generosa” dos especuladores de casino em relação a Espanha, apesar de, que eu saiba pelo menos, não tenha havido nenhum político espanhol de 1º plano ameaçando o não pagamento...e quem sabe se os mesmos especuladores não teriam sido ainda mais generosos, com receio de serem atingidos por tão mortífera bomba atómica...
Caro Tavares Moreira:
ResponderEliminarPor cá há muitos que se "marimbam" no pagamento da dívida e pensam que é através de bacoradas ignorantes e saloias que se resolvem os problemas.
Fizeram bacoradas que levaram à crise; insistem em bacoradas que só podem agravar a crise.
O seu gosto e tino é refocilar na lama. Por isso, o país está como está.
Caro Pinho Cardão,
ResponderEliminararriscamos-nos a perder a perspectiva da realidade.
Porque "bacorada" e grande, foi a última década e meia e particularmente a última meia década.
Agora, com a falta de dinheiro, acredito estarem prestes a terminar.
Quanto aos que agora parece terem acordado deste modo, acabaram de chegar dos infantis.
Um pouco de caridade.
Nada de caridade para esses "infantis", para usar a sua caritativa terminologia, caro BMonteiro. Pelo que dizem, fariam igual aos que os antecederam. Ou pior. Não sabem do que falam, são ignorantes e atrevidos.
ResponderEliminarCaro Tavares Moreira,
ResponderEliminarEu tenho outra explicação que acho que pode ter ajudado à colocação da dívida espanhola que é a hipótese do marido da Sra. Merkel ter dito finalmente "oh mulher, cala-te!".
Caro Pinho Cardão,
ResponderEliminarEmbora não partidário do uso da violência verbal, confesso que a arrogância absolutamente imbecil deste ilustre deputado é de "fazer perder a paciência a um santo"!
Caro Tonibler,
Não devemos desvalorizar a importância das conversas de travesseiro nas decisões sobre estes assuntos de Estado...
Mas neste caso, como bem saberá, o protagonismo de Frau Merkel será mínimo, no máximo, o que está em causa é a disponibilidade dos especuladores de casino para adquirir dívida de um país até agora atacado pelo "bicho da dívida"...
Caro Dr. Tavares Moreira
ResponderEliminarO meu nome é Filipe Caetano, sou apresentador do programa Combate de Blogs, da TVI24.
O Quarta República é um dos nomeados para melhor blog de direita de 2011.
Se quiser pode anunciar no seu blog a nomeação. No programa deste sábado são anunciadas todas as categorias e onde se poder votar. Os links para a votação vão estar no blog do programa em combateblogs.blogspot.com.
As nomeações são resultado das votações de um júri composto por Filipe Caetano, Nuno Ramos de Almeida, Tomás Vasques, Duarte Lino, Rodrigo Moita de Deus, João Távora, Rui Bebiano, Samuel Paiva Pires, José Manuel Fernandes, André Abrantes Amaral, Miguel Cardina, Ana Matos Pires, Nuno Teles, Pedro Pita Barros, Ricardo Alves, Mariana Mortágua, Pedro Lains, Marta Rebelo, Paulo Coimbra e João Gonçalves.
Atenciosamente
Filipe Caetano
fccaetano@tvi.pt
Caro Filipe Caetano,
ResponderEliminarEm 1º lugar agradeço, sensibilizado, a atenção que teve em me comunicar a distinção que ao 4R foi conferida com a nomeação para o galardão que o programa da TVI 24instituiu.
Acontece apenas que a atribuição ao 4R da conotação "blogue de direita" me parece um tanto ou quanto preconceituosa...
Não é que isso me preocupe, não me preocupa absolutamente nada, mas a verdade é que neste Blogue se defendem ideias que percorrem o espectro político em geral - coma natural exclusão das ideias de "esquerda" radical e de "direita" radical - pelo que a catalogação simples como de direita se afigura muito redutora...
Julgo que a principal característica do 4R é a total independência com que as opiniões são emitidas pelos diversos membros, sem sujeição a disciplina partidária nem preocupação de agradar a A ou a B.
Aguardemos o resultado da votação, para ver até que ponto o 4R consegue ver o seu trabalho reconhecido!