1.Achei deveras peculiar a satisfação exibida pelo deputado que preside ao GP do PSD quando afirmou, na intervenção feita no último dia da votação final do OE/2012, ter o seu partido sabido ouvir, encontrando um “excelente acordo” para dar eco aos que pediam mais equidade...
2....”excelente acordo” esse que consistiu em subir o limiar de penalização dos subsídios de Natal e de férias de € 485 para € 600 e o limiar de perda total desses mesmos subsídios de € 1.000 para € 1.100...em troca do agravamento da tributação dos rendimentos de capitais, seja dos titulares de aplicações financeiras (depósitos, obrigações, outras) seja dos titulares de capital de risco (dividendos) dos actuais 21,5% para 25% (taxa liberatória).
3.Ao escutar aquela declaração, e embora alimentando poucas ilusões acerca do grau de percepção que os políticos profissionais têm da natureza e gravidade dos problemas com que a economia portuguesa se defronta, fiquei impressionado com a facilidade e convicção com que se vão acumulando erros graves de política, em série quase indefinida...
4.Não discuto a questão dos limiares para penalização dos subsídios: se acham que os novos são mais equitativos que os primeiros, muito bem, não serei eu a dizer o contrário...
5. Mas já me “aflige” a solução encontrada: agravar a tributação da poupança e do investimento...quando poderia haver tanta despesa supérflua ainda a reduzir, como compensação pela suavização nos cortes dos subsídios...
6.Para além das medidas estruturais que têm sido muito debatidas e que constam do acordo celebrado pelo anterior governo com a Troika, dirigidas ao aumento da produtividade nos sectores concorrenciais, a economia portuguesa carece, fundamentalmente:
- De um reforço da confiança dos investidores/empresários, para que aumentem a produção de bens e serviços transaccionáveis (não apenas dos exportáveis mas dos que tenham aptidão para substituir importações);
- De um reforço significativo da poupança em ordem a libertar os capitais tão necessários para financiar o esforço de investimento, contribuindo do mesmo passo para diminuir o excessivo endividamento da generalidade dos agentes económicos e reduzir o nível de “alavancagem” dos próprios bancos;
- De estímulos ao investimento que, não podendo passar por um desagravamento fiscal como seria desejável, dada a situação dificílima das finanças públicas, pelo menos excluem quaisquer agravamentos da tributação sobre o rendimento do capital de risco.
7. Pois bem, a solução encontrada para o referido acordo no âmbito do OE/2012 faz
tábua rasa de todos estes pontos cardeais da política económica, enveredando pelo
caminho mais fácil e populista – tribute-se o capital, pois claro! – ignorando as
necessidades básicasda economia e em especial a urgente necessidade de corrigir os seus
desequilíbrios fundamentais...
8.Cuidando que ao penalizar o capital se conseguiu um “brilharete”, o que
realmente se fez foi colocar um obstáculo ainda maior no tão proclamado objectivo de recuperação da economia...e agora?
Recordo que o regime de Pol-Pot tinha um lago com crocodilos para onde se atiravam os dissidentes e quejandos. Podia-se fazer no Jardim Zoológico algo de semelhante destinado a empresários pouco dinâmicos. Ainda sim devem ser cerca de 350.000. Seria um excelente estímulo ao investimento.
ResponderEliminarAlternativamente o lago poderia ser construido para os lados de Belém. Os restos podiam ser aproveitados pela Fundação Champalimaud para investigação.
ResponderEliminarDia após dia, o inimaginável é, afinal, possível. Sobre o tema do post, também achei que era difícil fazer melhor.
ResponderEliminarEu quero o meu primeiro-ministro do FMI como me foi prometido. Isto é tudo farinha do mesmo saco
ResponderEliminarCaro Tonibler,
ResponderEliminarRefere-se a António Borges?
Admito que já esteja disponível...é uma questão de lançar o repto...
Caro Eduardo F.
Era difícil fazer melhor...ou pior?
Não, quero um do FMI mesmo! Daqueles da 5ª linha, que pegam no lápis em cima e fazem "vistos" nos números e quando se chega alguém a falar na importância do investimento logístico diz "nein..."
ResponderEliminarOk, Tonibler,
ResponderEliminarO mais que poderemos fazer será exercer os bons ofícios do 4R (numa base de "best efforts"), junto da Senhorita Lagarde, tentando convence-la a aceitar a sua ousada pretensão...
Mas não posso garantir que a Senhorita nos atenda...