terça-feira, 10 de janeiro de 2012

Austeridade atinge, em cheio, selecção nacional de futebol...

1.Foi notícia divulgada em jornais espanhóis na semana passada, em Portugal cuidadosamente omitida por razões que se prendem naturalmente com a necessidade de preservar os mais complexos “segredos de Estado”, matéria em relação à qual os nossos “media” são, como se sabe, especialmente ciosos...
2.E a notícia refere-se ao custo diário da estadia das 12 selecções nacionais de futebol concorrentes à fase final do Euro/2012, a realizar na Polónia e na Ucrânia. Assim, de acordo com a classificação obtida a partir desse custo diário, podemos concluir que a selecção portuguesa é desde já campeã europeia. Vejamos o seguinte quadro:

SELECÇÃO LOCAL DE ESTÁGIO CUSTO DIÁRIO (€)

Portugal Opalenica 33.174
Russia Varsóvia 30.400
Polonia “ 24.000
Irlanda Sopot 23.000
Alemanha Gdansk 22.500
Rep. Checa Wrodaw 22.200
Inglaterra Cracovia 19.000
Holanda “ 16.200
Italia Wieliczka 10.500
Croacia Warka 8.300
Dinamarca Kolobrezeg 7.700
Espanha Griewino 4.700

3.Desconheço se na elaboração desta classificação o conceito de “custo diário” foi devidamente harmonizado (incluindo os mesmos items de despesa/encargo em todos os casos), a fim de tornar os valores rigorosamente comparáveis, admito que não...
4.Mas, mesmo com essa ressalva (que poderá favorecer a Espanha, por hipótese), e a fazer fé nessa notícia, não deixa de ser estranha a disparidade entre o custo diário da estadia da selecção portuguesa em relação a selecções como a espanhola, a holandesa, a italiana, a inglesa...
5.Uma vez que se trata de custo diário global, tenho de admitir que a dimensão da comitiva possa ter aqui uma influência dominante...
6.Mas uma feliz conclusão é desde já possível: temos o campeonato europeu “no papo”, com esta enorme vantagem que levamos em relação à generalidade das demais selecções...
7.E não há dúvida de que a fase de austeridade que vivemos já bateu à porta da selecção nacional de futebol e da digna Federação (financiada tb com impostos/dívida pública) que organiza estas comitivas, atingindo-a em cheio! Aprendamos com este exemplo...

8 comentários:

  1. Temos de ter em linha de conta as contrapartidas, caro Dr.Tavares Moreira. Desde 1930 que Portugal não tem falhado um campeonato... na assistência.
    Mas pronto, não temos ganho; mas ganham os nossos irmãos brasileiros.

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  2. E o fomento do desporto que tão bons resultados traz à saúde dos portugueses?

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  3. Caro Bartolomeu,

    Claro, claro, nunca poderemos esquecer as contrapartidas, tanto no negócio dos submarinos como nesta actividade mais lúdica, são as contrapartidas que ainda nos valem...ai de nós sem as contrapartidas...

    Caro Tonibler,

    O fomento desportivo, esse conceito tão caro aos corações dos portugueses, faz bem em lembrar!
    Como pude esquecer-me dessa vertente, que poderia justificar, sem qq queixume nosso, uma diária ainda mais elevada para a luzida comitiva que acompanha a nossa selecção?

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  4. Nada como fidalgos (pensam eles) falidos, para se mostrarem superiores, ricos.
    O que é "nacional" é bom.

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  5. Caro Tavares Moreira:
    1.Independentemente da harmonização da natureza dos gastos, o que não sofre dúvida é que se trata de um comportamento indecente e inqualificável da Federação.
    2. A FPF dá-se ao desplante de exigir e receber do Estado, no último exercício, subsídios de 2,5 milhões de euros, quando teve um lucro de 3,4 milhões de euros. Não se trata de um ano isolado, pois as disponibilidades de caixa da Federação são de 22 milhões de euros, cerca de metade do activo total. E apresenta um capital próprio de 25 milhões de euros.
    Fica-se estupefacto também com a atitude dos sucessivos governos em darem subsídios avultados para a Federação, numa escandaloda má utilização do dinheiro público.
    Perante isto, não admira esse esbanjar de recursos.
    Não acabe o governo com os subsídios `desta natureza e verá o tombo que leva.

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  6. Caro TM,

    Este Intervalo futebolístico foi para não ter de comentar o facto de:

    1 - ...os bancos transferiram o fundo de pensões para o Estado. O dinheiro entrou em 2011 e o défice com isso foi menor do que o "previsto". Mas agora é preciso pagar as pensões e isso não está no Orçamento de 2012, promulgado pelo Presidente da República. São 500 e tal milhões de euros a mais ou zero vírgula qualquer coisa do PIB. É preciso corrigir.

    2 - o montante de juros que se deixam de pagar pela amortização da dívida pública é inferior ao montante das transferências anuais para os pensionistas (o que ainda é mais extraordinário, atendendo ao custo médio a que a dívida portuguesa está), levando a um aumento do défice público.


    ?????????

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  7. Dr. Tavares Moreira
    Se não impressionam com a bola, impressionam com a conta bancária. Era o que faltava não sermos campeões. Isto mostra bem a mentalidade desta gente.

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  8. Caro BMonteiro,

    Bem lembrado, esse princípio da bondade do nacional, mas neste caso não está assegurado, ainda, embora pago adiantado...a peso de ouro...

    Caro Pinho Cardão,

    Excelente contributo para o esclarecimento do tema, não se compreendendo, de todo, que o Estado ainda afecte fundos a esta organização...com despesas e outras que tais, a legitimidade do Estado para tributar os cidadãos fica totalmente posta em causa...

    Cara Margarida,

    E, se não formos campeões - hipótese quase certa - lá virão as mil desculpas do costume, debatidas até à exaustão pelos "doutores do futebol", conseguindo com isso iludir os papalvos que continuam a pagar impostos para garantir o sucesso destas missões patrióticas...
    Mas tem pelo menos a virtude de nos ajudar a perceber melhor o processo de decadência em curso...

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