terça-feira, 20 de março de 2012

Dívidas das autarquias: um "puzzle" muito complicado...

1.Um destacado membro do Governo declarou ontem que a dívida das autarquias – assunto que por esta altura traz o País profundamente emocionado – se cifra em € 12 mil milhões.
2.Mas, acrescentou o mesmo membro do Governo, existem nesta dívida duas componentes - uma de médio e longo prazo(MLP) e uma de curto prazo (CP) - sendo que, quanto à de CP o que se pode dizer é que o seu montante, ainda em processo de apuramento, nunca será inferior a € 3 mil milhões...
3.Ficamos assim a saber (a perceber será um pouco mais difícil) que numa dívida cujo montante global é conhecido - € 12 mil milhões – existe uma componente de CP, de montante ainda desconhecido, sabendo-se apenas que será superior a € 3 mil milhões: podendo ser pois de € 3,5 ou 4 ou 5 mil milhões, veremos...
4.Bem mais difícil será então saber o que se passa com a dívida de MLP, "entalada" entre os € 12 mil milhões do montante global e um valor ainda desconhecido da dívida de curto prazo...
5.Poder-se-á dizer, num esforço de “racionalização”, que a dívida de MLP será “o que se quiser”...desde que, somada à de CP, de valor ainda desconhecido como foi dito, o seu conjunto não exceda os tais € 12 mil milhões...
6.Chegado a este ponto confesso que já me sinto bastante confundido com o “puzzle” da dívida das autarquias, por isso me socorro das comovedoras palavras do Presidente da ANMP a que aqui fizemos referência há algum tempo: “ A dívida das autarquias, se for bem explicada, até tem pouca importância”...
7.O melhor será assim não nos preocuparmos com os montantes das dívidas das autarquias, mas aguardarmos a sua explicação: se forem bem explicadas, podemos estar seguros de que são pouco importantes, alguém as há-de pagar...
8....e seguros também de que quem as vai pagar seremos nós, mais uma vez...

5 comentários:

  1. Caro Tavares Moreira

    A Churchill é-lhe atribuído o seguinte comentário, (está adaptado),:
    "Porque será que as pessoas apenas prometem fazer o seu melhor e não fazem o que deve ser feito?"
    Acho que andamos há um par de décadas a contentarmo-nos em fazer e a exigir, apenas, o nosso melhor e não o que deve ser feito.
    Cumprimentos
    joão

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  2. Como é que é possível que cerca de um ano depois de alguém (não português, claro) mandar consolidar a dívida toda ainda se tem "uma ideia"? Depois a culpa é das agências de rating...

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  3. Caro João Jardine,

    Bem lembrada essa frase de Churchill, acontece que neste episódio da dívida das autarquias me parece que nem se prometeu fazer o melhor...ou tampouco se prometeu fazer o que quer que seja, foi apenas o "ver se te avias"...

    Caro Tonibler,

    Já percebi que não se contenta com a teoria da boa explicação das dívidas das autarquias, sustentada pelo austero Presidente da ANMP, quer saber mais alguma coisa...
    Não estará a querer saber demais?Será que tem experiência de Sapador? Muito cuidado...

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  4. Caro Tavares Moreira,

    eu confio plenamente na explicação do sr. Presidente da ANMP. Até estou completamente aberto a concordar com todas as dívidas. Mas quanto é? Se alguém perguntar quanto é que a administração local devia (incluindo extra-patrimoniais) no fim de 2011, ele sabe responder?

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  5. Caro Tonibler,

    Cuidei que o Senhor iria atacar este tema pela óptica da análise matemática, construnido um Sistema de equações e inequações como segue (sendo X a dívida de CP e Y a dívida de MLP):
    - X+Y = € 12 mil milhões
    - X » € 3 mil milhões

    Donde Y « € 9 mil milhões

    É claro que X+Y = € 12 mil milhões é axioma, por isso é conveniente nem avaliar com rigor essas dívidas para não estragar o axioma e o Sistema!

    Para quem tivesse dúvidas fica tudo muito esclarecido, não acha? Aina bem que temos membros do Governo que são exímios no domínio das matemáticas!

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