1.Segundo notícia da edição do F. Times de 30 do corrente, Portugal foi, de todos os
países desenvolvidos, aquele cuja dívida pública ofereceu melhor retribuição
aos investidores no 1º trimestre do corrente ano.
2.De acordo com essa notícia, intitulada “Portuguese debt tops sovereign league”, as obrigações da dívida pública portuguesa com prazos compreendidos entre 7 e 10 anos terão produzido um
retorno de 21,1%, neste período (juro do cupão + efeito da valorização do
título), o melhor retorno entre 25 dívidas soberanas de países desenvolvidos.
3.E no caso das obrigações com prazos compreendidos entre 5 e 7 anos, o retorno oferecido pelas obrigações portugueses surge logo a seguir ao das dívidas húngara e italiana para o mesmo
prazo.
4.Estes dados, segundo o F. Times, constituem um prémio para a minoria de investidores que apostaram na capacidade de Portugal não seguir o exemplo da Grécia, resistindo a um hipotético cenário de reestruturação da dívida pública com perdas (“haircut”) para os investidores privados.
5.Importa referir que a taxa de rendimento implícita na cotação da dívida portuguesa a 10 anos era cerca de 13% no início do ano, tendo subido ainda em Janeiro para mais de 18% - no auge da crise grega e pelo efeito de contágio – situando-se no final de Março (dia 30) em cerca de
11,5%.
6.Por usa vez, a taxa implícita na cotação da dívida a 2 anos que chegou a exceder 23% em Janeiro situa-se actualmente em torno de 9,3%.
7.Trata-se de uma evolução extremamente interessante, certamente, mas que ainda não permite que a República Portuguesa possa voltar ao mercado para emitir dívida a prazo superior a 18 meses. Com efeito, não faria sentido, por exemplo, emitir dívida por 2 anos com um cupão
necessariamente superior a 9%...
8.Tenho bem pena de não me ter lembrado de investir “alguns cobres” em dívida portuguesa no início deste ano, estaria agora com razões para festejar…resta saber o que nos reserva o futuro próximo…
"....8.Tenho bem pena de não me ter lembrado de investir “alguns cobres” em dívida portuguesa no início deste ano, estaria agora com razões para festejar…resta saber o que nos reserva o futuro próximo…..."
ResponderEliminarPois ..vá lá adivinhar quando a ingenuidade acaba..
Confirma-se então a teoria dos mundos paralelos de Einstein... O F Times acaba de descobrir a existência de um país desenvolvido, chamado Portugal...
ResponderEliminarUm país sui generis, onde é o sistema financeiro que em qualquer circunstância - seja de crise ou não - sai a ganhar.
Agora, sem me permitir uma pequena curiosidade, gostaria de lhe colocar uma questão, caro Dr. Tavares Moreira; de acordo com a opinião do F. Times, expressa no início do ponto 4, em contraposição à conclusão do ponto 8 deste post, o caro Dr. TM não investiu na dívida tuga por esquecimento ou por descrédito?
;)
Errata:
ResponderEliminarEm lugar de «Agora, sem me permitir...» deve ler-se: Agora, se me permitir...
Quer dizer que vai haver margem para promover a economia, repor a equidade fiscal e abandonar as algemas austeritaristas? Já estou a ver as notícias "Segurança social lucra 21% com dívida pública nacional e já pode aumentar pensões"...
ResponderEliminarCamarada Bartolomeu, mudou de mail?
ResponderEliminarPenso que não é tão fácil assim investir alguns cobres em dívida portuguesa. Que eu saiba, esses investimentos não estão (facilmente) abertos a particulares, pelo menos no mercado primário. E mesmo no mercado secundário, não sei como fazer tal investimento. O Tavares Moreira sabe dizer-me como fazê-lo?
ResponderEliminarO problema não é só ganahar dinheiro com o investimento, o problema é realizar esse ganho. É que, o mercado secundário de dívida portuguesa tem, que eu saiba, muito baixa liquidez, pelo que, ainda que a dívida que nós detenhamos valha teoricamente muito dinheiro, na prática é muito difícil encontrar quem no-la compre.
ResponderEliminarCaro Cabloco,
ResponderEliminar"Vá lá adivinhar quando a ingenuidade acaba"...importa-se de ser um pouco mais explícito? Esta sua expressão, que até pode ser imensamente respeitável, pode no entanto ter algumas dezenas de significados, sendo útil perceber qual...
Caro Bartolomeu,
Tenho de ser inteiramente frnaco consigo e reconhecer que hove um "blend" das duas razões nessa abstenção...
Para além dos cobres disponíveis, na altura, não se mostrarem muito abundantes, mas enfim sempre se arranjariam uns leves Euros lá bem no fundo da gaveta/conta bancária...
Caro Tonbler,
Boa observação, dentro do seu estilo de (muito) agudo observador...
Mas, para lucrar mesmo, como bem saberá, é preciso vender para realizar o ganho...enquanto não vender, o ganho (com excepção do cupão, como é evidente) é meramente potencial, e pode vir a esfumar-se, caso uma rabanada de vento atinja de novo os mercados...
Caro Luís Lavoura,
Para realizar esse investimento deverá falar com o seu banco (gestor de conta se for o caso) e pedir-lhe para comprar dívida pública.
Admito que os bancos (estas práticas variam de banco para banco)considerem ordens de aquisição destes títulos a partir de valores da ordem dos € 50.000, aproximadamente...
Quanto ao realizar o ganho tem toda a razão na observação que faz, mas quero dizer-lhe nos casos tanto dos títulos a 10 como a 2 anos, o mercado apresenta liquidez suficiente para que ordens de venda de particulares (valores não muito elevados, da ordem das dezenas ou das centenas de milhares de Euros) sejam executadas sem qq dificuldade.
Sabe ilustre contemporâneo...gosto de deixar as coisas um pouco enigmáticas ..pode ser que faça pensar um pouco ..tb se não fizer ..um abraço..
ResponderEliminarÉ que se eu for muito explicito vcs apagam os meus comentários ..não é que eu não goste do efémero..adoro...no final das continhas ..somos todos ultra hiper mega efémeros ..
O que não nos tira a responsabilidade de segurar no testemunho com a firmeza exigida ao nosso sangue..
Dos fracos não reza a história ...
Caro Cabloco,
ResponderEliminarRespeito integralmente o seu secretismo opinativo...mas como compreende, tentar escolher uma entre as várias dezenas de sentidos possíveis que o seu texto encerra, seria um exercício perfeitamente inglório...
Ficamos então assim, envoltos no mistério da sua frase...cogitando...o que é que o Caboclo quer dizer com aquilo?