terça-feira, 8 de maio de 2012

Crescimentistas em festa!

1. A esperada vitória de F. H. nas eleições para a PR de França desencadeou uma também esperada vaga de entusiasmo entre os crescimentistas lusos, tanto os antigos como os da 25ª hora, que aguardavam com compreensível ansiedade este momento para proclamar a todos os cantos da Terra a sua inabalável crença nas virtudes do crescimento económico, por oposição à detestada austeridade que tanto aflige os países da Europa do Sul.
2. E não perderam tempo: antes mesmo de se perceber qual será a evolução próxima/futura da agenda europeia no que se refere em especial aos países que se encontram na situação de Resgate Financeiro, voltam simpaticamente à carga com a proposta de votação de uma adenda crescimentista ao tratado orçamental há poucas semanas votado no Parlamento.
3. Bem sei que a iniciativa desta adenda, no que à sua substância diz respeito, será basicamente inócua, resumindo-se à proclamação de umas frondosas ideias em torno do Crescimento, por oposição à Austeridade (e esquecendo as também detestadas reformas estruturais) - uma retórica admirável de tributo à decantada ideia de crescimento sem custo, com consequências práticas não reconhecíveis...
4. O problema de tal iniciativa, na minha perspectiva, está mais na sua inoportunidade e no ridículo de um País, na situação dificílima em que nos encontramos – não esquecendo que foi exactamente a teimosia num crescimento desmiolado, que nos encheu de dívidas, a causa principal dessa situação – aparecer com grande campeão do crescimento só porque na campanha eleitoral em França o candidato agora vencedor ter empunhado essa bandeira (agora em suave operação de enrolamento)...
5. Afigurar-se-ia da mais elementar prudência, antes de se esboçar qualquer iniciativa neste campo, esperar para ver o que se vai passar a nível do Conselho Europeu, nomeadamente se existe alguma ideia de adoptar medidas adicionais de apoio à actividade económica que, para além do prosseguimento das reformas estruturais, possam integrar os Programas de Ajustamento Económico e Financeiro dos países sob resgate.
6. Mas os nossos excelentes crescimentistas não têm tempo a perder, empolgados como estão com a vitória de F.H. querem mostrar ao Mundo que nós somos pelo Crescimento, não aceitamos mais e apenas a Austeridade...vamos impor as nossas próprias regras...
7. E entre eles ergue-se agora a habitual voz Patriarcal, que vai ao ponto de advogar o rompimento do Programa de Ajustamento celebrado com a famigerada “Troika” e, obviamente, em sua substituição, a adopção de uma postura de mão-estendida em relação ao resto do Mundo (qual? Venezuela, Taiwan? Nova Zelândia?) uma vez que esse rompimento, sem alternativa, nos iria deixar inevitavelmente em situação de bancarrota...
8. Sem embargo do que fica dito, não vejo mal nenhum em organizar um festival da palavra Crescimento, saudar a palavra Crescimento, proclamar a palavra Crescimento, brindar ao Crescimento – mas tudo, não nos iludamos, num exercício retórico e onírico, pois CRESCIMENTO REAL é coisa que infelizmente, e por causa do péssimo crescimento a que nos entregamos, não poderemos por agora desfrutar...


21 comentários:

  1. Aguardava com elevada expectativa, este post, caro Dr. Tavares Moreira. Tardava, já, no timming que lhe tinha virtualmente "imposto".
    ;)))
    É minha convicção, «antes mesmo de se perceber qual será a evolução próxima/futura da agenda europeia no que se refere em especial aos países que se encontram na situação de Resgate Financeiro» que o modelo capitalista está esgotado. É minha convicção, que dado a conjuntura global e a falência do sistema, já nem os próprios capitalistas, acreditam nas virtudes do sistema e devem estar já a conciliar-se com uma consciência desconhecida que sempre os aconselhou a olhar mais além do próprio umbigo.
    Não estou a pretender dizer que "acho" ter sido encontrada, com a eleição de um presidente socialista em França, a solução para a crise económica e sobretudo financeira da europa unida. Mas creio que esta eleição irá determinar mudanças na estrutura que faz a união europeia funcionar, e que os estados mais poderosos têm estado a fingir ignorar, mas que se impõe.
    Agora... quanto à voz patriarcal... olhe que "ela" ainda é escutada com atenção, inclusivé nos circulos, digamos... do outro lado da barreira.
    Quem nos garante, caro Dr. Tavares Moreira, que por influência dessa patriarcal voz, o nosso Pesidente, num Quixótico rasgo de quem decide combater moinhos, como se de gigantes se tratasse, em nome da defesa de uma frágil dama, demite o governoe convoca novas eleições?!
    Isso é que era uma cégada mais estranha que a grega, não lhe parece?!!
    ;)))

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  2. Caro Bartolomeu,

    Ora ainda bem esta nota de excelente disposição com que hoje nos brinda!
    Quanto ao pronunciamnto patriarcal e à audição que o meu Amigo lhe atribui, parece que desta vez a coisa não terá corrido tão bem, pois acaba de ser categoricamente desmentido por um destacado porta-voz da mesma agremiação...
    No que tange à hipotética demissão do Governo e convocação de eleições antecipadas por iniciativa do inquilino do Palácio de Belém, não nego que se trataria de uma jornada gloriosa, que mereceria ficar imortalizada nos Anais das celebrações do Crescimento, retóricas e oníricas, a que aludi no Post!

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  3. Caro Tavares Moreira,

    A já anunciada intenção do eleito PR francês de congelar os preços dos combustíveis mostra o caminho de uma europa moderna e dos cidadãos que aposta no crescimento da economia e não na austeridade. Já quando o Beato Guterres era primeiro ministro de Portugal tal medida trouxe combustíveis mais baratos aos portugueses metendo de joelhos a indústria extractiva, fazendo mesmo perigar os avultados lucros dos poços de Peniche e das Berlengas. O PR francês parece ser um daqueles políticos de elevada estatura de estado, afastando os receios de todos aqueles que diziam que não passa de um espertalhão que vai tirar renda da ignorância do povo francês.

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  4. Caro Tavares Moreira,

    No meu entender, o crescimento sustentado só poderá ser possível se forem feitas reformas estruturais sérias, e enteda-se por sérias reformas que vão ao cerne da questão, não as reformas à portuguesa (mexe-se nos pormenores e dá-se um nome mais pomposo e vanguardista à coisa). Se não existirem estas reformas, no meu entender, tudo não passará de meras injecções de capital (se é que ele existe) que só serviram para uma euforia momentânea e que nos atirarão para uma depressão económica bem mais profunda.

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  5. Caro Tonibler,

    Transmito-lhe a minha impressão de que o eleito PR francês não vai congelar preços dos combustívei nem tomar qq medida desse tipo.
    Julgo estarmos perante um personagem que não é parvo, que vai arriscar o menos possível - até porque agora os riscos são bem maiores do que nos tempos do seu predecessor também François...
    Ele precisa acima de tudo que a Alemanha alinhe nalgum programa bem escrito (podem para o efeito pedir a colaboração do PS luso, que já tem um treino apreciável) de elogio ao crescimento, com umas quantas medidas simpaticas que não impliquem maior compromisso financeiro por parte dos países que apoiam o EFSF/ESM...e a Alemanha, depois de ler o papel com bastante atenção e de retirar de lá qualquer conteúdo herético, não deixará de o consolar...

    Caro Unknown,

    Sim, certamente, de acordo em absoluto. Julgo até que se poderia pedir a uma equipa de redacção composta por Pedro Proença, J.N.P.C. e o Bastonário da Ordem dos Advogados, a preparação de um bom programa de reformas, a aplicar para além das que já constam do Memo celebrado com a Troika...
    E, caso esse programa não fosse aplicado a bem, seria a penalties!

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  6. Caro Tavares Moreira,

    ninguém disse que ele era parvo. Já o povo francês, é outra história...

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  7. Caro Drº Tavares Moreira,

    Esbarrei com este pequeno trecho que me levou a concluir que - o futuro é distante, e pertence aos deuses…

    Assim:

    “O novo milénio vai encontrar a UE a braços com a crise ambiental. As promessas de se assumir como vanguarda ecológica do mundo depois da conferência do Rio em 1992 não se concretizaram e os problemas mantêm-se. Eis uma breve radiografia ecológica da Europa desenvolvida (…)”

    O resultado da austeridade está à vista, todos os dias acordamos mais pobres; é natural que o discurso do presidente francês eleito constitua alento para a maioria dos portugueses. A situação é insustentável, alguma coisa terá de ser feita neste presente...

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  8. Ainda não conseguimos cumprir nenhum acordo desde que entrámos para o euro e não me parece que vai ser agora que o vamos fazer. Já está quase toda a gente contra. Se atingir défices de 7% já nos deixa de rastos, cumprir o novo tratado europeu seria condenar o país à miséria total.

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  9. Caro Tonibler,

    Eu também não disse que o Senhor disse que F.H. era parvo...
    Já quanto aos franceses que acreditaram nmas suas promessas de "croissance c'est lá, tout droit", são naturalmente ingénuos, o entusiasmo vai passar-lhes depressa...
    Há todavia um problema já a seguir, que são as eleições legislativas já em Junho, nas quais F.H. não pode arriscar a ficar com um Parlamento (e eventualmente um governo) hostil...
    Isto quer dizer que F.H. vai precisar muito da compreensão alemã até essa altura, e em troca terá que fazer impostantes concessões...

    Caro jotaC,

    Importa-se de especificar um pouco melhor em que medida é que o discurso de F.H. pode constituir um alento para os portugueses?
    Concretamente que medidas de política poderão ser beneficiadas por esse discurso?
    Acha que os impostos poderão baixar, ou os salários aumentar mesmo sem produção que compense esse aumento?
    Acha que o BEI poderá financiar o novo aeroporto ou o TGV e que isso nos trará porventura maior felicidade?
    Admite que poderão ser criados mais empregos pelas autarquias, governos regionais, fundações públicas, empresas públicas?
    Tem aqui uma ampla gama de escolhas, é só indicar...
    Será isso?

    Caro Nuno,

    Eu ainda não sei que acordo deixamos de cumprir desdee que entramos para o Euro, confesso-lhe...cometemos imensos erros, enormes erros, mas não estou certo que tenhamos deixado de cumprir acordos que (quase) todos os outros tenham cumprido...

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  10. Caro Tavares Moreira

    Em Portugal, "Crescimento" é um acto mais de uma ópera bufa em muito poucos dos actores ou espectadores têm consciência desse facto.
    Entrámos na fase que os anglo denominam o "end game", de há menos de uma semana a esta parte apenas os resultados gregos são "relativamente" surpreendentes e, por esse facto, vão servir de acelaradores do processo e, sem sombra de dúvida, complicar seriamente o mesmo.
    Crescimento num primeiro momento, para o Sr Hollande é uma moeda de troca na barganha que vai encetar com a Alemanha;num segundo momento, será o modo que o poder do próximo governo central europeu, irá exercer esse poder.
    O que se vai clarificar, nos próximos 2/4 anos, é quem, para além da Alemanha vai mandar, na futura ( a breve trecho) união europeia.
    Aqui, neste burgo periférico, é motivo de tudo aquilo que descreve neste e no post anterior: não passa de um razoável quadro revisteiro e, com alguma bondade, uma ópera bufa.
    Cumprimentos
    joão

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  11. Caro João Jardine,

    Feliz essa sua comparação desta retórica do crescimento a uma ópera bufa, em que muito poucos autores/espectadores conscientes...
    Quanto à Grécia, aí sim, o problema é realmente agudo, antecipo fortes dores de cabeça para os líderes europeus nos próximos meses, Snr. F.H. já incluído...
    Então se a repetição das eleições no próximo mês - inevitável tanto quanto percebo - produzir resultados semelhantes às de Domingo passado, vamos ter um Verão extremamente animado na zona Euro.
    Convém desde já apertar, e bem, os cintos de segurança...

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  12. Caro Tavares Moreira
    Este próximo semestre e o seguinte vão ser muito interessantes; a Europa da guerra fria, das cerimónias e delicadezas, comportamento que foi necessário assumir para combater o comunismo, é enterrada de vez.
    Vamos voltar aos bons velhos tempos, ( na época anteriro a 1914), ainda que num, (mais do que provavel), contexto de união económica.
    Sobre o Sr Hollande apenas alertar para o facto de que não se deve subestimar o mesmo; na rábula grega, (Hollande) vai assumir o papel do polícia bom; comportamento que os periféricos gregos vão,naturalmente, interpretar erroneamente. Algo que, (os gregos) de há uns dez anos a esta parte, o fazem com regularidade espantosa.
    Sobre as eleições e posso ter lido mal; mas, considero que o poder central que governa o euro, pretende que o documento de saída seja, pelo menos em duplicado e com reconhecimento notarial; as eleições em Junho servem perfeitamente.
    Cumprimentos
    joão

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  13. Caro Tavares Moreira
    Este próximo semestre e o seguinte vão ser muito interessantes; a Europa da guerra fria, das cerimónias e delicadezas, comportamento que foi necessário assumir para combater o comunismo, é enterrada de vez.
    Vamos voltar aos bons velhos tempos, ( na época anteriro a 1914), ainda que num, (mais do que provavel), contexto de união económica.
    Sobre o Sr Hollande apenas alertar para o facto de que não se deve subestimar o mesmo; na rábula grega, (Hollande) vai assumir o papel do polícia bom; comportamento que os periféricos gregos vão,naturalmente, interpretar erroneamente. Algo que, (os gregos) de há uns dez anos a esta parte, o fazem com regularidade espantosa.
    Sobre as eleições e posso ter lido mal; mas, considero que o poder central que governa o euro, pretende que o documento de saída seja, pelo menos em duplicado e com reconhecimento notarial; as eleições em Junho servem perfeitamente.
    Cumprimentos
    joão

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  14. Caro Drº Tavares Moreira:

    1-O discurso de F.H pode constituir alento para os portugueses no sentido de que é antagónico ao discurso do N/ governo. E é especialmente antagónico porque é humanizado, direccionado no sentido da pessoa humana e, por consequência, a favor do bem-estar social;

    2-As medidas de política económica que o seu discurso encerra, podem muito bem ter efeito colateral nos países sujeitos a resgate, justamente na ponderação e/ ou dilatação dos prazos de execução das medidas agendadas, de modo a que os países a elas sujeitas não cometam suicídio económico, como se vai observando;

    3-Claro que os projectos megalómanos do governo Sócrates, TGV e Aeroporto não deverão ser reeditados, certamente que não nos trariam felicidade, e espero que o governo seja forte e saiba dizer NÃO aos lobbies europeus que desde sempre enxameiam este assunto. Cá estamos para ver;

    4-É óbvio que o discurso de F.H. (ainda na fase de retórica) não faz com que os países sujeitos a resgate se tornem mais competitivos, mais organizados e com mais empregos…Não! Tudo isso decorre de políticas assertivas, de medidas gestionárias que diminuam a despesa supérflua, as tais gorduras de que o governo falava e não mexe, e só depois é possível criar condições atractivas para quem investe, talvez diminuindo a carga fiscal… Mas como todas estas medidas são dilatadas no tempo é, justamente por isso que uma maior flexibilidade no cumprimento da agenda da troika traria margem de manobra, aliviando os sacrifícios brutais da maioria dos portugueses, que muito dificilmente poderão continuar sem resultados previsíveis, a não ser o efectivo empobrecimento…
    O modelo gestionário deste governo é feito na justa medida da sua cegueira arrogante, quando diz – temos que cumprir, custe o que custar, faz-me lembrar Salazar-, além de que projecta má-fé para poder defender os seus pontos de vista, relegando para um quinto lugar a preocupação com os seus concidadãos.
    E termino por aqui, já vou longo.
    Cps.

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  15. Caro João Jardine,

    Acompanho-o, a traços largos, nas considerações acerca dos próximos meses na Europa, em especial na do Euro, essa bizarra criatura, tão festejada no seu nascimento para ser duramente maltratada logo a seguir por Pais (quase todos) que não conheciam a filha!

    Caro jotaC

    Registo sua boa vontade em corresponder à interpelação que lhe dirigi.
    Todavia, devo confessar-lhe que a nossa discordância é enorme: eu não acredito em processos de ajustamento económico perfeitos ou sem custos...
    Essa ideia que muitas pessoas alimentam, muitas delas bem intencionadas como tenho a certeza de ser o seu caso, não tem, infelizmente, qq aderência à realidade: não é possível corrigir os excessos/desequilíbrios de uma economia sem custos.
    E quando esses excessos/desequilíbrios são muito elevados como acontece com a economia portuguesa, os custos são tb muito altos, não há outra volta a dar ao tema.
    Agora poderei concoradr consigo 7se é esse um ponto seu) que esses custos devem ser mais equitativamente repartidos: entendo, por exemplo, que os custos suportados pelas classes políticas, tanto as do Estado Central (Governo, Parlamento, etc) com as Regionais e Municipais têm conseguido passar entre "os pingos da chuva" das dificuldades de uma forma que a meu juízo é totalmente inaceitável...

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  16. Drº Tavares Moreira,

    Agradeço a atenção prestada.
    Eu compreendo e aceito a necessidade de corrigir os desmandos financeiros praticados até agora. O que eu não compreendo é que não estejamos de acordo no sentido de que as coisas deveriam ser feitas paulatinamente, dentro de um período razoável, evitando convulsões sociais, políticas e económicas que inevitavelmente irão surgir.
    Por exemplo,
    Ontem, numa televisão, ouvi o Engº Macário Correia, falar sobre a elevada dívida da câmara a que preside, dizendo que deve imenso dinheiro a empreiteiros de obras públicas, dando a entender que não está agendada a data de pagamento.
    Uma das razões que o ilustre autarca elencou para o incumprimento foi a “crise”, que gera outra crise: a escassez de projectos que entram na câmara (de 100 para 10), com a consequente diminuição de taxas e impostos, que se repetem dentro do mesmo projecto vezes sem conta, como bem sabemos.
    Como se resolvem estas questões? Não pagando aos fornecedores nem aos funcionários?
    Este parece ser um exemplo comezinho, mas é a situação insustentável que se vive em todo o lado.
    Pergunto: - É com realidade que vamos chegar a algum lado!?

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  17. Caro jotaC,


    resposta é sim! Desmantela-se a câmara e penhora-se os munícipes para liquidar a dívida do município porque a culpa é exclusivamente deles. Garanto-lhe que na próxima terão mais cuidado ao escolher.

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  18. Estou a falar a sério. É o governo, são os alemães, as agências de rating, os espculadores, os mercados, os vulcões, o imperialismo capitalista, os ataques americanos, a gula dos banqueiros.... a culpa é de toda a gente. Menos nossa. E como não é nossa, não podemos fazer nada. Tirando dizer que a culpa é do governo, do...

    As coisas resolvem-se assumindo a nossa culpa e assumir que quem meteu o Macário Correia a dizer aquelas barbaridades fomos nós e somos nós que temos que fazer dos Macários Correia da vida passado. Não fazendo, foram os alemães, o Sarkozy, o...

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  19. Caro jotaC (tb Tonibler),

    A C.M. Faro não é propriamente um bom exemplo para atacar as medidas de austeridade orçamental...a CMF é sim um péssimo exemplo, de gestão laxista e despesista, que a conduziu à triste situação de insolvência prática em que se encontra, ao ponto de já se ter declarado publicamente incapaz de pagar aos credores!
    Se foi precisa a austeridade para que estas situações fossem finalmente despoletadas - outro exemplo é o da R.A. Madeira, como bem sabe - então permita-me que lhe diga: snata austeridade, que já cá fazia falta há tanto tempo!
    Dou-lhe ainda dois exemplos muito curiosos, do País vizinho:
    (i)Sabia que na Região (Autonomia) da Andaluzia, com 8 milhões de habitantes, governada desde sempre pela brigada Rosa, existem mais viaturas oficiais do que em toda a Alemanha, incluindo o nível federal e estadual?
    (ii)Sabia que o município de Jerez de la Frontera, com 250.000 habitantes, sito na dita Andaluzia, acumulou uma dívida de quase € 1.000 milhões e está REalmente insolvente, neste caso tem mesmo vários meses de salários em atraso aos seus (milhares) de funcionários?
    Acha que com a multiplicação de exemplos lamentáveis com estes, a asuteridade não se tornou uma fatalidade?
    Ainda vamos dar cobertura a estas situações?

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  20. Apenas para comentar o 1º comentário do nosso amigo Bartolomeu: na minha opinião, trata-se da peça humorística do mês, talvez mesmo do semestre, quiçá do ano!
    Também se fazem coisas bonitas em Portugal!

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  21. Caro Dr. Pinho Cardão, o meu estimado Amigo, imbuído de fina e subtil ironia, remete o sentido do meu comentário para a área inócua do humor.
    Não nego que ao escrevê-lo, tentei dar-lhe o ar leve da suposição, situando-o na área da ficção.
    No entanto, uma ficção que não se encontra isenta de, pelo efeito "inesperado" de uma reviravolta... astral, vir a tornar-se iminente, destruindo assim a minha tentativa de "humorizar".
    Afinal, se pensarmos um pouco, nos ultimos tempos, humor é o que tem preenchido quase integralmente, a vida política no nosso país.
    PS: Agradeço a distinção que o caro Dr. Pinho cardão, dedicou ao meu comentário.

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