Ontem estive a pôr algumas leituras em dia. Tinha colocado de parte um caderno do DE (de 30 Abril, não consegui
fazer o link) dedicado ao tema da formação. Li que Portugal vai precisar nos
próximos anos de cerca de cinco mil quadros intermédios especializados em
comércio internacional. É esta a estimativa das necessidades de profissionais
nas cercas de 18.000 empresas portuguesas que se dedicam ao sector importação/exportação.
São números que merecem uma reflexão. Porque nos deixámos atrasar assim?
Porque não promovemos cursos profissionais em linha com as necessidades das
empresas e do país? Porque teimámos em não criar novas oportunidades
profissionais para os nossos jovens, porquê vender-lhes licenciaturas sem
futuro? Porquê tanta desregulação?
Sabendo nós que o futuro passa, também, pela nossa integração no mercado
global através da actividade exportadora, temos que reconhecer que este estado
da arte mostra que muito está por fazer para podermos competir. Estamos fundamentalmente
dependentes da capacidade de inovação, seja de produto ou de mercado, seja de
gestão ou de cooperação. A inovação é um recurso escasso.
Exportar não se decreta, insere-se obrigatoriamente numa
estratégia que como qualquer estratégia implica adoptar comportamentos
adequados, adaptar a estrutura de gestão, numa palavra trata-se de planear. Há
que fazer as opções de gestão e as opções políticas certas, persistir no
caminho. Leva tempo a preparar e leva tempo a resultar. E todos têm que remar
para o mesmo lado.
Portanto, para aumentar as exportações é fundamental dispormos de uma estratégia nacional
coerente. Precisamos, como foi noticiado, de formar quadros especialistas em
comércio internacional, mas precisamos de muito mais. Empresas, universidades e
sociedade civil em geral e o Estado através de políticas públicas adequadas,
mas não intrusivas, devem pensar e agir em conjunto, com coerência, a lembrar a
construção de um puzzle. Promover a cultura do associativismo e da cooperação é essencial. A necessidade aguça o engenho, a crise pode ajudar na consciência
que precisamos de ter que a nossa sobrevivência depende de construirmos capacidade,
flexibilidade e habilidade para competirmos no mercado global e actuar em conformidade.
É sem dúvida neste momento, o sector da exportação que rende mais dividendos ao país. Mas não pode ser somente nele que a nossa economia deve assentar, nem será somente ele que irá resolver o problema da falta de empregos.
ResponderEliminarÉ contudo este sector o espelho da nossa competitividade e da nossa capacidade de produzir. No entanto, para que esse crescimento do sector se venha a demonstrar, outros, necessitam de recuperar.
Para que a previsão do Diário Económico, não seja uma mera fantasia, ou uma mera previsão astrológica, à laia das previsões astrológicas das revistas cor-de-rosa, é necessário dar igual atenção aos sectores primário e secundário, formar pessoas nas áreas da produção e da transformação e não deixar essa matéria, ao sabor da visão de uns empresários mais espertos e mais atentos e com acesso aos apoios comunitários.
;)
"Estratégia para exportação" só existe uma. É formar. Dar educação, dar melhor educação. Retirar recursos da má educação para meter na boa educação. Tirar os horas da literatura para meter na matemática. Despedir os professores que não são criadores e contratar os criadores.
ResponderEliminarE formar é meter formação nos formandos. Não é gastar dinheiro em professores.
Em tudo o resto é preciso desfazer. Se me disserem que apostar na exportação é dar subsídios a quem exporta, sai-me já uma asneira das feias...
Está-me a parecer que o Amigo Tonibler possui uma varinha mágica e tem estado a fazer segredo disso...
ResponderEliminarUma varinha mágica? Não, basta olhar para as coisas caso a caso porque somos um país pequeno e perceber que esse é o caminho.
ResponderEliminarO que não é caminho é destruir todos os outros que tentam fazer alguma coisa, beneficiando os concorrentes.
Ok, Ok, e onde é que ficam os compadrios e os partidarismos eos lobyes, etc.
ResponderEliminarEstamos em Portugal, caro Tonibler, não se esqueça.
Caro Bartolomeu,
ResponderEliminarQuase falava de um condecorado e premiado pelo PR que há uns 5 anos era o exemplo que todos deviam seguir...
"...Portugal vai precisar nos próximos anos de cerca de cinco mil quadros intermédios especializados em comércio internacional..."
ResponderEliminarDe vez em quando aparecem coisas destas. Já nos dsseram que havia falta de engenheiros, enfermeiros, médicos, ... e depois, é o que se sabe: desemprego elevado mesmo entre os que conseguiram um diploma.
O que nos falta não são cinco mil quadros intermédios em comércio internacional. O que nos falta é competitividade, por várias razões, mas não esta, para reduzir a relação importações/exportações, reduzir o défice comercial.
E, já agora, cinco mil porquê?
Os médicos, por enquanto, escapam ao flagelo. Até quando, não sabemos.
ResponderEliminarMargarida, tenho que concordar com o caro Rui Fonseca, de vez em quando aparecem uns estudos que ousam vaticinar coisas que nunca jamais poderão ser aferidas mas que têm uma coisa em comum, que é o dizer que o que temos está tudo errado. Temos que ter qualidade de ensino, seja ele universitário,politécnico, profissional, seja centífico, humanístico ou artístico, o queé preciso é que as pessoas tenham uma boa formação, depois o que irão fazer será ditado pelo mercado da altura e pelas circunstâncias do País. Em tempos o que era preciso era formação superior, tudo o mais era desqualificado, quem sabe oq ue será mais valorizado e necessário daqui a 10 ou 20 anos? A única solução é que o que quer que se aprenda, se aprenda bem e se obtenham competências e capacidade de raciocinar e de aprender cada vez mais.
ResponderEliminarCaro Rui Fonseca
ResponderEliminarO facto de termos uma elevadíssima taxa de desemprego não significa que as competências de que o país necessita estejam equilibradas ou satisfeitas.
Precisamos de competitividade, mas sem qualificações bem podemos continuar à espera. O Caro Rui Fonseca acha, portanto, que não temos falta de competências nas áreas onde há potencial de inovação?
Suzana
Não creio que os números referidos tenham a intenção de deitar abaixo o que temos, penso que têm o sentido de prever necessidades. Não vejo problema nisso, muito pelo contrário, seria bom que o país soubesse em que áreas do conhecimento deve investir, em que áreas precisa de ganhar mais competências, em vez de formarmos licenciados que vão directos para o desemprego ou que em condições normais de emprego têm fraca valorização.
Completamente de acordo quanto ao restante, mas alguma coisa está mal no modelo. A capacidade de raciocinar e de aprender cada vez mais tem que ver com a educação e a formação, tem que ver com a qualidade da gestão. Avançámos muito, é certo, porque partimos de uma base muito baixa, mas estamos ainda aquém do nível desejado. Não me parece mal que estes aspectos sejam evidenciados.
O Caro Tonibler tem muita razão, é preciso educar e formar e acabar com a subsidiodependência.
Caro Bartolomeu
Como em tudo tem que haver equilíbrios, o nosso problema é que estamos desequilibrados em muita coisa.
Esqueci-me há pouco de referir que os ditos números foram avançados pelo Instituto da Democracia Portuguesa. O seu a seu dono.
ResponderEliminar"...acha, portanto, que não temos falta de competências nas áreas onde há potencial de inovação?"
ResponderEliminarMas eu não disse isso.
Precisamos de inovação e de muito mais.
O que eu disse é que não é a "falta de quadros intermédios de comércio externo" que resolve a nossa falta de competitividade.
Aliás, não sei o que se entende por quadros intermédios de comércio externo.
Em Portugal há uma oferta de cursos superiores (excede os cinco mil, salvo erro) que bate todos os recordes mundiais. E ainda assim faltam cursos que formem "quadros intermédios de comércio externo"?
É desses quadros que se espera criatividade?
O engenheiro Pereira da Silva, CEO da Renova, é engenheiro físico, tanto quanto sei conta com mais uns quantos engenheiros físicos nos seus quadros criativos. E a Renova é um caso bem sucedido de comércio internacional.
Por exemplo.
Bem lembrado caro Tonibler, penso que se refere ao Sr. dos Santos.
ResponderEliminarAgora é o filho que está ao leme da barca, mas, segundo as notícias, guia-se pela mesma bússula do pai, ao declarar que os trabalhadores doPD irão receber o salário referente ao dia de trabalho feriado, a 500%.
Ah grandómem!!!
A isto é que chamo incentivar!
;)))
Não, referia-me ao pináculo da sofisticação tecnológica
ResponderEliminar... não estou a ver, caro Tonibler... pináculo... pináculo... Alves dos Reis já não está vivo... estará o meu Amigo a referir-se ao Bill Gates???
ResponderEliminarCaro Rui Fonseca
ResponderEliminarA falta de competitividade deve-se a muitos factores, estamos de acordo, mas o facto de haver desemprego não quer dizer que as empresas não tenham necessidade de reforçar as suas competências.
Partindo do princípio que este tipo de estudos são credíveis, temos a prova de que não trabalhamos bem, as entidades Ministério da Educação, Ministério do Trabalho e Universidades não se envolvem com vista a objectivos concretos que beneficiariam com certeza o país, trabalhadores e patronato.
ResponderEliminarUma coisa que reparo, por contraponto com os EUA, não se ouvem notícias de parcerias de empresas com universidades, no sentido de se procurarem soluções para muitos problemas. Raramente a Universidade do Minho, talvez, as outras nem por isso...
"o facto de haver desemprego não quer dizer que as empresas não tenham necessidade de reforçar as suas competências."
ResponderEliminarInteiramente de acordo.
Mas que faltem, ou vão faltar, 5000quadros intermédios especialistas em comércio externo é que eu não sei como nem porquê.
Engenheiro físico, como lhe referi, parece que é apropriado.
E deve haver vários, não sei quantos, à procura de uma oportunidade.
Assim como gente com potencial (é aí que reside fundamentalmente a capacidade para o sucesso)com outras habilitações.
Há ideia feita em Portugal de que a escola deve formar especialistas
de tudo e mais alguma coisa. Não faz sentido nenhum. Até mesmo os mecânicos de automóveis são preparados pelas marcas on the job.
E os neurologistas, nos hospitais.
Caro jotaC
ResponderEliminarÉ um bom ponto. Precisamos de uma maior cooperação entre empresas e universidades, é fundamental. A opinião pública em geral sabe muto pouco sobre as parcerias, a verdade é que não se interessa. Mas vamos tendo escolas de referência neste domínio, acrescentaria a Universidade de Aveiro e o Instituto Superior Técnico.