quarta-feira, 11 de julho de 2012

Estado Corporativo

Os médicos fazem greve para defender o Serviço Nacional de Saúde. Entregue-se o SNS aos médicos.
Os maquinistas da CP fazem greve para defender a empresa. Entregue-se a CP aos maquinistas.
Os controladores aéreos fazem greve para defender a gestão do espaço aéreo nacional. Entregue-se a NAV aos controladores.
Os trabalhadores dos transportes fazem greve para defender os transportes públicos. Entregue-se os transportes públicos aos trabalhadores dos transportes.
Os trabalhadores da TAP fazem greve para manter a empresa nas mãos do Estado. Ponha-se o Estado nas mãos dos trabalhadores da TAP.
Aproveite-se a generosidade das Corporações. Nenhuma quer mais dinheiro. E o problema fica resolvido.   

12 comentários:

  1. ... e há quem viva na ilusão de que Portugal existe um regime um homem-um voto. Que enorme ingenuidade!

    Você votou a favor da privatização da RTP? A sua opinião ganhou? Esqueça, você tem um voto daqueles que não interessa...

    E parece que essa coisa de haver portugueses com um voto melhor que o dos outros em nada afecta o princípio constitucional da igualdade dos cidadãos perante a lei. A avaliar pelo comportamento dos "garantes"...

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  2. É provável que seja excessiva esta atitude (dois dias de greve), mas o facto é que a argumentação do Srº Ministro não é a mais convincente da sua razão; por exemplo, aquela história do concurso de lotes de horas para empresas privadas de prestação de serviços médicos, é muito estranha, afinal de contas o exercício da profissão tem e merece alguma dignidade, sob pena de sofrermos todos as consequências da sua degradação...

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  3. já agora, e que falamos de Estado e de Greves, talvez se tenha esquecido de algumas greves em curso:

    - Governo faz Greve á renegociação das PPP's.

    - Governos faz Greve á renegociação efectiva da rendas da EDP.


    pois, diz que não são CORPORAÇÔES mas antes contratos, que não se podem mexer...!

    mas lá está, acho que : Os medicos, os pilotos TAP, os da CP, etc: tambem teem contratos, mas neste caso já se pode mexer, e se reclamam são considerados CORPORAÇÔES.

    ( c'est lá vie...en orange!!!)

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  4. À lista do Pedro acrescentaria naturalmente as "Fundações de Direito Privado e Dinheiro Público".

    E, sem prejuízo da minha Declaração de Interesses (tenho familiares próximos que são médicos), não vejo como pôr no mesmo saco estes protestos dos Médicos e Enfermeiros com as greves (essas sim próximas da selvajaria) na CP ou na TAP...

    A recusa da economia baseada em salários baixos não é uma questão só para os trabalhadores indiferenciados. Ou será que queremos que profissionais especializados, nos quais o Estado gastou uma fortuna na sua formação, sejam contratados como se tratassem de operadores de call-center (sem desprimor por estes!), por empresas de trabalho "negreiro", que ficam com 50% do valor pago pelo verdadeiro empregador?

    E no caso da Saúde, sem querer entrar na história clínica de cada um, reconheço que quando o meu filho partiu um braço (apenas um exemplo e nem sequer foi uma situação grave), nos 3-4 meses de recuperação/consulta foi um conforto que fosse sempre o mesmo médico a observá-lo. Há uma história e uma relação de confiança entre o doente e o médico que não é compatível com "hoje um e amanhã outro".

    Será que quando o Dr. Pinho Cardão monta uma equipa para um projecto, mesmo que apenas a 4-6 meses, recorre a empresas "colocadoras de economistas e engenheiros", ou contrata-os directamente? E é assim tão indiferente que a meio do percurso um dos elementos-chave deles saia, apenas porque lhe ofereceram mais? Transfira isso para a destruição das equipas de urgência que tem vindo a ser feita...

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  5. Caro Tonibler:
    Creio que nunca, como agora, se faz sentir o poder das corporações. Na prática, tornámo-nos um estado corporativo. Não com igualdade dos cidadãos perante a lei, mas consagrando a desigualdade de acordo com o poder de cada qual.


    Caro jotaC:
    Claro que a dignidade da profissão médica não tem qualquer discussão: basta estarmos doentes para a apreciar em toda a sua plenitude.
    O que eu quis focar no post foi a falácia da argumentação: é que o primeiro argumento dos sindicatos é a defesa, no caso, do SNS, ou das empresas ou sectores que representam. Depois, vêm reivindicações de ordem monetária, ou de carreiras, ou de estatuto, etc. Normalmente o que acontece é que, obtidas estas últimas no todo ou em parte, a primeira desaparece até nova greve.

    Caro Pedro:

    O meu amigo é tradicionalmente um excelente jogador a jogar para o lado e noutro campo. Por isso, e porque não desisti de nos podermos defrontar no mesmo jogo, gostava de lhe perguntar qual o tema que devo desenvolver para o meu amigo comentar o tema objecto do actual post.

    Caro Jorge Lúcio:
    Em matéria de casos graves, gostava de lhe dizer que tenho experiência familiar da excelência de certas Unidades do SNS. Por aí, de acordo com o meu amigo. E também de acordo com quase tudo o que diz. Mas passar daí para justificar uma greve que causa prejuízos a dezenas de milhares e põe em causa cirurgias, isso é que não concordo. Porque não é razoável.
    Aliás, hoje ouuvi um sindicalista triunfante a relatar que não houve cirurgias no Alentejo. É desumano. E um abuso.

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  6. Caro Pinho:
    quase estaria tentado a seguir o seu repto...mas temo estar certo ao imaginar que, ainda assim, o assunto por mim avançado seria considerado "um outro tema ao lado " ou "fora de campo".

    No entanto sinto-me com folego e pronto para "mais 45mnts", pelo que não desisto de ainda vir a acertar no "seu campo", num bom jogo!

    Em conclusão alvitro apenas que esta minha hipotetica tendencia que intui e refere, advirá talvez apenas de por habito eu jogar e treinar en campo aberto, com dois lados distintos, plano e não chuto só para uma baliza.( e sim, tb reconheço que esta, é hoje, uma caracteristica com um rating muito em baixa.)

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  7. Então, caro Pedro, as suas palavras fazem-me supor que o meu amigo faz parte daqueles jogadores que chutam para o lado que lhes dá mais jeito...
    Não posso acreditar!...

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  8. Eu também não creio que a sua Razão possa acreditar naquilo que diz "supor" das minhas palavras.

    Mas não, independentemente do que me dá jeito, chuto para o que Acredito, independentemente do conforto.

    Jogo pela paixão do jogo...muito mais que premios ou titulos.

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  9. Caro Pedro:
    O Prof. António Damásio teorizou
    sobre as emoções: ao contrário de Descartes, que dá o primado à razão (penso, logo existo), António Damásio dó o primado à emoção, "emociono-me, logo existo".
    Também não vou longe desta tese. As emoções fazem girar o mundo. Mas um pouco de razão, caro Pedro, é absolutamente necessária. Não se deixe turvar completamente pela paixão. Acho que o meu amigo, se frequentar o 4R, ainda vai jogar no campo da razão. Com paixão, claro está!...

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  10. Caro Jorge Lúcio,

    Aparentemente há empresas que têm "50% de lucro" subcontratando médicos. Esta subcontratação parece ser o motivo da greve. No programa olhos nos olhos o Jorge Semedo do BE referiu este assunto.

    Se assim é, porque não criam os médicos essas empresas e ficam eles com o lucro?

    Esta história está muito mal contada e ignora o ponto central da maioria dos médicos sem exclusividade abandonarem o hospital às 15h para exercerem na privada. Este conflito de interesses nunca é claramente abordado.

    O SNS deveria ter um sistema de elite razoavelmente bem pago mas onde os profissionais exercem em exclusividade para o estado. Aliás só com elites que servem o estado em exclusividade é que o país pode ter a esperança de se endireitar.

    Falo de elites no sentido de excelência e não das habituais aristocracias penduras (o outro sentido da palavra excelência).

    Cumprimentos, IMdR

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  11. Caro Ilustre,

    Não sei porque os médicos não fazem essas firmas de "subcontratação", posso suspeitar mas sem certezas seria especulação. Agora se há dinheiro para uma contratação ao dobro do preço pago ao "trabalhador final" parece-me que o Estado poderia ficar mais bem servido e a melhor preço com contratação directa sem intermediários. O trabalhador também. E o SNS também com criação de equipas estáveis e provavelmente mais dedicadas ao hospital.

    Quanto à história dos médicos e da hora de saída às 15h, é algo de que se fala há dezenas de anos. Se os sucessivos governos nunca fizeram nada sobre isso, parece-me que se junta o lamentável aproveitamento do sistema à preguiça e laxismo das administrações hospitalares, com os óbvios resultados.

    Sem generalizar, tenho conhecimento que em alguns hospitais de Lisboa (pode parecer mentira, mas foi durante os abomináveis Governos Sócrates) foi instalado controlo horário por biometria. E a verdade é que parece funcionar... Uma coisa tão simples, de tecnologia hoje básica, demora anos a ser instalada!?

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  12. Caros ILMR
    De facto, aqui há histórias muito mal contadas. Creio que os médicos invocaram 4 motivos para a greve, logo à cabeça a defesa do SNS. O Governo deveria ter esclarecido os cidadãos sobre cada um dos pontos. Não o fez, pelo menos não ouvi. E, se não o fez, deveria tê-lo feito.

    Caro Jorge Lúcio:
    Ora aí está um ponto, o da subcontratação, que deveria ter sido esclarecida. E quanto a médicos terem ou não empresas dessas, a questão não é relevante. Até parece que têm. Ma isso não modifica nada a situação. Eu também não a compreendi por inteiro. Por que não se fazem contratos directamente com os médicos?

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