terça-feira, 10 de julho de 2012

Reserva mental


Leio sem supresa na imprensa de hoje que os dois principais partidos não se conseguem sentar à mesma mesa para formalizar um acordo sobre o reforma do sistema eleitoral autárquico e sobre a alteração do modelo de governação local. PS e PSD convergem no essencial, na constituição de executivos homogéneos e no reforço dos poderes das assembleias municipais. Mas de há 10 anos para cá, na hora da verdade, por razões risíveis, recuam na intenção culpando-se mutuamente do insucesso do diálogo. Desta vez desentenderam-se, ao que relatam os jornais, por causa da carta que convidava às negociações...

A composição e o funcionamento dos partidos políticos explica o que causa perpelexidade a alguns. A dada altura todos passam a pensar que para pior já basta assim. E pior, para os partidos, é a possibilidade de a conjugação de um novo sistema eleitoral com a tendência para a apresentação de candidaturas de independentes vir a por em causa o domínio do poder autárquico que perdura há décadas. O mesmo se pode dizer do sistema eleitoral para o parlamento. No discurso político todos concordam com a ideia de aproximar os eleitores dos eleitos, de aperfeiçoar o sistema representativo. Mas depois pressente-se que a reforma neste sentido do sistema eleitoral poderá conduzir à reforma do sistema partidário e por essa via à alteração do sistema político. E essa não há dirigente que verdadeiramente a queira, apesar do discurso político em sentido contrário. Afinal, uma das  manifestações de reserva mental em que se muitos se especializaram.


6 comentários:

  1. Há várias formas de ultrapassar a relutância dos partidos, nenhuma delas aconselhável e nenhuma delas particularmente benéfica para a saúde dos líderes. Mas que aparecem, isso aparecem.

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  2. Caro JMFAlmeida

    Qualquer sistema político mantêm-se, desde que obtenha financiamento para o mesmo.
    Como, a breve trecho, o modo de financiamento do sistema se irá alterar, o sistema também, se alterará.
    Não me refiro ao ordenamento jurídico mas, sim, à capacidade que, de futuro, as entidades estaduais terão para se financiar. Como será fortemente limitada, esse fato, terá um efeito enorme no recrutamento do pessoal político.
    A reserva mental apenas atrasa o desfecho.
    Cumprimentos
    joão

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  3. Caro Drº Ferreira de Almeida,
    Pelo que li da notícia a reserva mental parece ser comum aos dois intervenientes. O facto da carta não ter sido lida em primeira mão pelo destinatário, parece constituir um bom pretexto para discussões estéreis...

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  4. Caro Ferreira de Almeida:
    Aqui chegados, não creio que se trate de reserva mental. Para isso seria preciso ter mente. Coisa que me oferece sérias reservas...

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  5. Após tantos milénios de existência, os homens não aprenderam ainda a relacionar-se, a comunicar, a entender-se.
    O homem acha-se sempre diferente do outro homem. Acha-se mais inteligente, mais forte, mais capaz, etc. E isso, leva-o a querer impôr a sua vontade, os seus pontos de vista, os seus desejos. E porque se acha superior ao seu semelhante, o homem espera ser obedecido, espera que as suas decisões se sobreponham a todas as outras e prevaleçam sobre elas.
    Uma "reserva mental" que o incapacita de atingir pontos de equilíbrio e decisões consesuais.

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  6. Sobre este tema o "Tempo das Cerejas 2" tem um esclarecedor comentário

    http://otempodascerejas2.blogspot.pt/2012/07/desta-vez-o-perigo-e-maior.html#links

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