Quisiera
amarte menos
(Chavela
Vargas)
"Primavera
de mis veinte años,
Relicario de
mi juventud,
Un cariño
feliz yo soñaba
Y estoy sola
con mi esclavitud.
Quisiera
amarte menos,
No verte más
quisiera,
Salvarme de
esta hoguera,
Que no puedo
resistir.
Es cruel
este cariño
Que no me da
descanso,
Sin ti la
paz no alcanzo
Y lejos no
se vivir.
Quisiera
amarte menos,
Porque esta
vida ya no es vida,
Mi vida está
perdida
De tanto
quererte.
No se si
necesito
Tenerte o
perderte.
Yo se que te
he querido
Más de lo
que he podido.
Quisiera
amarte menos
Buscando el
olvido,
Y en vez de
amarte menos,
te quiero
mucho más!
Entre dos
que se quieren deveras
El cariño
distinto ha de ser.
Mientras uno
da entera su vida,
Otro sólo se
deja querer.
Es verdad, y
sin embargo no puedo
Conformarme
con quererte yo.
Pido al
cielo que pronto termine
Esta dura
condena de amor."
Chavela Vargas aos 90 anos, "así me voy a morir, sin
yugos"
(...) sinto-me muito contente. Cumpri uma missão. Com muito
gosto. Sem ser forçada. Com amargura às vezes. Com dor mais que tudo. Mas isso
passou. Não deixou cicatrizes na minha vida. Não tenho más recordações. Foi
tudo belissimo."
(...) Há que inventar as coisas e, quando se inventam, doem.
Doem muito. Há que conter a mentira. Há que conter tudo isso, e dói muito. Dói
cada dia. Tens medo de que se descubra a verdade. Parecemos muito valentes, mas
por dentro...só Deus sabe"
(...) saudade é liberdade. Ser livre é o mais belo. Eu não
tenho jugos. Não me agacho perante nada. Jamais. (...) A alma vale mais que os
milhões. Encanta-me ser assim e é assim que vou morrer, livre, porque já não me
falta muito. Estou consciente de que estou a terminar a minha caminhada.Não há
que ter tristezas. Digo-o tranquila, sem amargura". (Em entrevista ao El País Semanal, Maio de 2009)
Há uns anos, não muitos, um amigo ofereceu-me um disco de
Chavela Vargas, eu nunca a tinha ouvido. Fiquei fascinada, aquela voz rouca,
aquele cantar encantatório, as belíssimas letras das músicas, o seu espanhol mexicano,
tudo, absolutamente tudo na música de Chavela Vargas me encantou. Ouvia o disco
vezes sem conta, depois comprei outros, primeiro escolhia as músicas que ia
querer repetir mas depois voltava atrás e ouvia cada uma outra vez. Sendo difícil
escolher, se há uma que continua a hipnotizar-me sempre que a ouço é Paloma
Negra, numa interpretação de que não conheço paralelo, e já ouvi várias
interpretações. Esta é uma canção impossível de ouvir sem ficar absorta a
ouvi-la, tantas vezes seguidas quanto o tempo permitir, às vezes a paciência da
família também, quantas vezes é que vais ouvir a mesma música, mas acontece o
mesmo com Piensa en Mi ou ainda Volver, Volver, do filme com o mesmo nome de Pedro Almodôvar, ou
Llorona, dedicada a Frida Khalo e de que há uma gravação com Lila Douwns,
enfim, em todas se tropeça e fica preso, no puro prazer de escutar, de se
deixar envolver, Chavela Vargas tinha um dom, uma força qualquer que atraía e a
tornava irresistível, incrivelmente forte e comovente ao mesmo tempo. Morreu
ontem, aos 92 anos, fica este grande silêncio que a sua voz enchia com tanto
amor e tanta arte.
Belo!
ResponderEliminarOuvi a versão de Llorona tantas vezes! Nunca dei muita atenção a quem a cantava, embora naquela voz existisse algo de especial. Obrigado, Suzana, por ma dar a conhecer.
ResponderEliminarConheci esta grande cantora e mulher, através de um programa radiofónico de Júlio Isidro.
ResponderEliminarUma voz melancólica, contudo, um carácter que, apesar de forte, não a impediu de conhecer o sucesso e a derrota mas que a conduziu de novo ao sucesso, pela mão de Almodôver... porque aquilo que a Mulher era na sua essência, mantinha-se vivo.
http://www.youtube.com/watch?v=xvUwn7may5Q
Obrigada, Suzana, por me fazer conhecer melhor Chavela Vargas. E que bonita entrevista!
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