Está lançada a polémica. Não é nova, é recorrente o assunto relativo às taxas cobradas pelo sistema bancário aos comerciantes pela utilização de cartões de débito e cartões de crédito.
A cadeia Pingo Doce anunciou que a partir de Setembro deixará de aceitar pagamentos com cartões multibanco e cartões de crédito em compras com valor inferior a 20 euros.
O espanto parece ter sido grande e as reacções não se fizeram esperar. Confesso que não fiquei admirada. Há já muitos estabelecimentos comerciais que não permitem o pagamento electrónico. Quem é que ainda não se confrontou com situações de comerciantes com avisos nas lojas “multibanco avariado” ou “sistema fora de funcionamento” ou de comerciantes que simulam o pagamento através do equipamento, para logo de seguida informarem que a culpa é das comunicações que não estão a funcionar e convidarem os clientes a dirigirem-se à máquina Multibanco mais próxima, aquela que fica logo ali ao virar da esquina. Estas práticas são o reflexo da crise que obriga à descida das margens do negócio. Poderemos assistir à sua generalização. Os comerciantes queixam-se que as taxas cobradas são muito elevadas.
Compreende-se a posição dos comerciantes, mas no final todos perdem, incluindo os bancos porque o volume de pagamentos electrónicos terá tendência a diminuir. No meio da polémica que opõe os comerciantes e os bancos estão os consumidores que pagam por tabela. Perdem em segurança, comodidade e eficiência.
Será que não há espaço para uma solução em que todos continuem a ganhar com a utilização do Multibanco? Como será que esta polémica vai evoluir?
«Como será que esta polémica vai evoluir?»
ResponderEliminarEis uma questão que só conhecerá resposta, após a próxima reunião do grupo Bilderberg...
Li uns boatos que o Pingo Doce está a estudar um sistema alternativo com a PT.
ResponderEliminarCara Dra. Margarida Aguiar,
ResponderEliminarSeria interessante sabermos a grandeza da receita dos bancos e os custos de manutenção do sistema, pois só assim é possível emitir opinião sustentável.... Até porque não sabemos se os "coitados" dos bancos estão a ficar depauperados para manterem o nosso conforto!...
Segundo notícias, as associações de comerciantes estão a tentar uma solução alternativa via telemóvel. A verdade é que existem dezenas de soluções possíveis para aquilo que se vai tornar obsoleto rapidamente, o sistema de pagamentos da SIBS. A entrada no estádio da Luz já só precisa de uma imagem enviada para o telemóvel e não faz sentido, no actual estado da arte, ficar dependente de um monopólio.
ResponderEliminarDo ponto de vista do Pingo Doce, parece-me igualzinho à medida dos sacos. O negócio deles não é vender serviços bancários nem sacos de plástico, pelo que os preços deles serão feitos sem esses encargos para os clientes.
Caro Tonibler,
ResponderEliminarNão imagino qual seja o modo de funcionamento do novo sistema, mas sendo possível como diz (e eu acredito), parece que é uma machadada na SIBS com provável benefício dos consumidores... Embora, inevitavelmente, gere mais umas centenas para o desemprego -ou nem por isso?!
A SIBS é muito mais que o sistema de pagamentos do comércio. Mas quem vai ser afectado será a Unicre, não exactamente a SIBS.
ResponderEliminarAliás, estamos no limite do tempo do negócio bancário tal como o conhecemos. A estupidez da imposição de um rácio de capital juntamente com a facilidade de comunicação entre as pessoas vai atirar o negócio para o chamado peer-to-peer e para o croud-funding em que os depositantes lidam directamente com os credores sem intermediação, deixando aos bancos os negócios de margem reduzida e de risco residual, como a regulação parece querer impor-lhes. As maiores empresas de croud-funding podem vir a tornar-se em poucos anos mega bolsas de liquidez ajudadas pelos bancos centrais e pela crise cavada por eles.
ResponderEliminarTalvez daqui a 5 anos estejamos a falar de bancos como hoje falamos de livrarias.
Desde que essas croud-funding não sejam suportadas pelo dinheiro público, em caso de falência, tudo bem, caro Tonibler, venham elas!
ResponderEliminarSó lamento terem condenado tão precocemente a D. Branca...
Caro Tonibler,
ResponderEliminarDe fato este projeto é extraordinariamente inovador!. Além do mais o perigo que correm os "investidores" em caso de falência é insignificante, sem danos colaterias de monta ...
Sim senhores, excelente ideia!...
Caros jotaC e Bartolomeu,
ResponderEliminaresses "projectos" são realidades concretas de muitos milhões nos USA já e não são já na Europa devido à posição que os bancos centrais ocupam nas legislações que impedem, por exemplo, o peer-to-peer com base em leis sobre usura.
Muito bem Tonibler!, já pesquisei sobre o assunto e faz todo o sentido, e confesso que desconhecia o assunto...
ResponderEliminarCaro Bartolomeu
ResponderEliminarÉ um palpite?
Caro Joel Martins
Nestas alturas os rumores são mais do que muitos. Li que a Associação da Hotelaria e Restauração está a estudar com a PT um sistema de pagamentos via telefone. É de prever que se o sistema for competitivo, muitas outras
entidades e empresas queiram aderir.
Caro jotaC
Mas uma coisa é certa, havendo uma redução dos pagamentos electrónicos, o que já está acontecer, o nível de comissões cobradas será mais baixo. Veremos se este movimento é suficiente para conduzir a uma revisão das comissões.
Caro Tonibler
A solução alternativa via telemóvel implica a realização de transferências bancárias. Os custos das mesmas são fundamentais para definir o nível de concorrência aos pagamentos electrónicos. O custo das transferências é ditado pelos bancos.
O fenómeno do crowd funding é já uma realidade. Em Portugal já existem algumas experiências bem sucedidas, ainda com uma escala e dimensão reduzidas. Veremos se esta forma de financiamento com a sua popularização não será alvo de regulação por parte das autoridades.
Cara Margarida,
ResponderEliminarSim, implica, mas se essas transferências forem cobradas ao cliente, se calhar a coisa vai piar mais fino como aconteceu quando os bancos sugeriram taxar os levantamentos. E temos várias experiências bem sucedidas como o PayPal que podem ser aproveitadas.
As experiências nacionais são quase anedóticas como é actualmente o microcrédito. Estas são actividades de índole global que fazem sentido do ponto de vista global porque precisam da cardinalidade dos aderentes. Não entendo como é que as autoridades vão regular algo que não está sob a sua jurisdição, tanto geográfica como funcional. Por exemplo, o peer-to-peer lending feito num site em Vanuatu entre duas contas de PayPal não consigo entender como serão regulados, mesmo que as contas sejam detidas por portugueses porque nem sequer há intermediação formal. Isto não vai acabar com os bancos, mas vai mudar muita coisa, a começar pela própria regulação.
Caro Tonibler
ResponderEliminarNa medida em que essas transferências sejam cobradas aos clientes, como já acontece hoje com transferências interbancárias, teríamos uma mudança de paradigma que os clientes poderão não aceitar preferindo os pagamentos electrónicos uma vez que as respectivas comissões são suportadas pelos comerciantes. É uma matéria que não me parece assim tão linear. Não há "almoços grátis".
O microcrédito em Portugal é financiado pelos bancos, não é crowd funding. Há risco de crédito bancário e por vezes são exigidas garantias.
Temos alguns projectos, pontuais, no sector da solidariedade social.
Normalmente as iniciativas que recorrem ao crowd funding têm associado um sistema de rating, de certa maneira tem que haver um qualquer sistema de controlo e escrutínio que assegure que o financiamento concedido tem condições para ter retorno. Há preocupações de segurança e confiança. Se tiver interesse espreite este projecto: http://www.kiva.org/