quarta-feira, 12 de setembro de 2012

Morder a mão que dá algum pão!


O Tribunal Constitucional da Alemanha acaba de declarar constitucional o Fundo Europeu de Estabilidade e o Tratado Orçamental Europeu, não dando seguimento ao pedido de inconstitucionalidade de um partido de esquerda e de outras entidades ou individualidades. Foi assim dada cobertura constitucional à aprovação das ajudas europeias pelas duas câmaras do parlamento alemão. Por iniciativa do governo e da Srª Merkel.
No entanto, e por cá, muitos, cegos pela ideologia, continuam a acusar Merkel como fautora das nossas dificuldades, recusando-se a ver que os nossos tormentos seriam incomensuravelmente maiores sem o apoio e fundos da Alemanha. E muitos, deputados críticos incluídos, se continuam a receber ordenado, mesmo com desconto, devem-no maioritariamente ao dinheiro da Alemanha. Mas têm ainda o desplante de referir que esse apoio é mínimo, face ao interesse económico que a Alemanha tem nos países em crise. Antes fosse verdade. Pois esses países não apresentam qualquer valor económico significativo e directo.
Portugal vale nas exportações alemãs apenas 0,66%.
E Portugal mais a Grécia? 1,14%!
E Portugal, a Grécia e a Irlanda? 1,55%!
Enfim, os críticos soezes de Merkel continuam a morder a mão de quem, sem qualquer ganho directo aparente, vai dando algum pão.

25 comentários:

  1. Anónimo15:31

    Por acaso já viu as taxas a que a Alemanha, nosso GRANDE AMIGA, se anda a financiar? Por acaso já viu as taxas a que temos que pagar os "emprestimos" que a Troika nos deu????

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  2. Ó caro Pinho Cardão, desculpe mas realmente parece-me uma leitura bastante discutível, não tarda estaremos a pensar que temos que agradecer a cortesia de nos terem deixado entrar no euro, das esmolinhas que temos recebido e, enfim, pediremos humildes desculpas da absoluta irrelevância de Portugal, da Grécia e da Irlanda enquanto países de pleno direito da Europa. Eu não sabia que o valor de cada país europeu se mete pelo peso (actual e directo) das exportações da Alemanha!!!Além disso creio ter ouvido que a decisão do Tribunal Constitucional tem uma quantidade de condições que não atingirão apenas esses pobres e insignificantes territórios, ao ponto de Barroso ter vindo hoje falar de um Estado Federado Europeu.

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  3. Claro que os financiadores não correm qualquer risco em relação a Portugal...
    Claro que os financiadores não têm escolha: ou emprestam a Portugal ou não emprestam a mais ninguém!...
    Claro que o dinheiro dos financiadores nasce por geração espontânea e não têm que dar contas a ninguém...
    Claro que o FMI não foi criado por dezenas e dezenas de países, entre os quais Portugal, e o dinheiro que empresta não é emprestado por outré, nasce nas caves da sede, em Nova York...
    Claro que os países europeus não têm que justificar o apoio diante dos eleitores e dos parlamentos...
    Claro que os financiadores não perderam nada com a Grécia, o que indicia que o risco de emprestar a países em crise é nulo...
    Claro que os especuladores internacionais...

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  4. Cara Suzana:´
    Por uma vez, em desacordo.
    Claro que temos que agradecer a cortesia. A Alemanha sabia que corria riscos e, apesar disso, aceitou-nos. Outros não entraram, nem entrarão em breve. Nós ganhámos muito com a entrada, mas não cumprimos regras, deitámos muito a perder. Continuamos a receber fundos, que podiam muito bem ir para a antiga Alemanha Oriental. Apesar de não cumprirmos, a Alemanha continua a apoiar-nos. A realidade, triste realidade, é esta. Se não cairmos nela, não iremos longe.
    Ficaremos ainda mais de tanga a cantar graçolas aos alemães. Se isso nos contenta...

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  5. http://sol.sapo.pt/inicio/Internacional/Interior.aspx?content_id=50887

    Transcrevo:

    "Em 1953, a Alemanha de Konrad Adenauer entrou em default, falência, ficou Kaput, ou seja, ficou sem dinheiro para fazer mover a actividade económica do país. Tal qual como a Grécia actualmente.

    A Alemanha negociou 16 mil milhões de marcos em dívidas de 1920 que entraram em incumprimento na década de 30 após o
    colapso da bolsa em Wall Street. O dinheiro tinha-lhe sido emprestado pelos EUA, pela França e pelo Reino Unido.

    Outros 16 mil milhões de marcos diziam respeito a empréstimos dos EUA no pós-guerra, no âmbito do Acordo de Londres sobre as Dívidas Alemãs (LDA), de 1953. O total a pagar foi reduzido 50%, para cerca de 15 mil milhões de marcos, por um período de 30 anos, o que não teve quase impacto na crescente economia alemã.

    O resgate alemão foi feito por um conjunto de países que incluíam a Grécia, a Bélgica, o Canadá, Ceilão, a Dinamarca, França, o Irão, a Irlanda, a Itália, o Liechtenstein, o Luxemburgo, a Noruega, o Paquistão, a Espanha, a Suécia, a Suíça, a África do Sul, o Reino Unido, a Irlanda do Norte, os EUA e a Jugoslávia.

    As dívidas alemãs eram do período anterior e posterior à Segunda Guerra Mundial. Algumas decorriam do esforço de reparações de guerra e outras de empréstimos gigantescos norte-americanos ao governo e às empresas. Durante 20 anos, como recorda esse acordo, Berlim não honrou qualquer pagamento da dívida.

    Por incrível que pareça, apenas oito anos depois de a Grécia ter sido invadida e brutalmente ocupada pelas tropas nazis, Atenas aceitou participar no esforço internacional para tirar a Alemanha da terrível bancarrota em que se encontrava.

    Ora os custos monetários da ocupação alemã da Grécia foram estimados em 162 mil milhões de euros sem juros. Após a guerra, a Alemanha ficou de compensar a Grécia por perdas de navios bombardeados ou capturados, durante o período de neutralidade, pelos danos causados à economia grega, e pagar compensações às vítimas do exército alemão de ocupação.

    As vítimas gregas foram mais de um milhão de pessoas (38 960 executadas, 12 mil abatidas, 70 mil mortas no campo de batalha, 105 mil em campos de concentração na Alemanha, e 600 mil que pereceram de fome). Além disso, as hordas nazis roubaram tesouros arqueológicos gregos de valor incalculável.

    Qual foi a reacção da direita parlamentar alemã aos actuais problemas financeiros da Grécia? Segundo esta, a Grécia devia considerar vender terras, edifícios históricos e objectos de arte para reduzir a sua dívida.

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  6. Além de tomar as medidas de austeridade impostas, como cortes no sector público e congelamento de pensões, os gregos deviam vender algumas ilhas, defenderam dois destacados elementos da CDU, Josef Schlarmann e Frank Schaeffler, do partido da chanceler Merkel. Os dois responsáveis chegaram a alvitrar que o Partenon, e algumas ilhas gregas no Egeu, fossem vendidas para evitar a bancarrota.
    "Os que estão insolventes devem vender o que possuem para pagar aos seus credores", disseram ao jornal "Bild". Depois disso, surgiu no seio do executivo a ideia peregrina de pôr um comissário europeu a fiscalizar permanentemente as contas gregas em Atenas.

    O historiador Albrecht Ritschl, da London School of Economics, recordou recentemente à "Spiegel" que a Alemanha foi o pior país devedor do século XX. O economista destaca que a insolvência germânica dos anos 30 faz a dívida grega de hoje parecer insignificante.

    "No século XX, a Alemanha foi responsável pela maior bancarrota de que há memória", afirmou. "Foi apenas graças aos Estados Unidos, que injectaram quantias enormes de dinheiro após a Primeira e a Segunda Guerra Mundial, que a Alemanha se tornou financeiramente estável e hoje detém o estatuto de locomotiva da Europa. Esse facto, lamentavelmente, parece esquecido", sublinha Ritsch.

    O historiador sublinha que a Alemanha desencadeou duas guerras mundiais, a segunda de aniquilação e extermínio, e depois os seus inimigos perdoaram-lhe totalmente o pagamento das reparações ou adiaram-nas.

    A Grécia não esquece que a Alemanha deve a sua prosperidade económica a outros países.
    Por isso, alguns parlamentares gregos sugerem que seja feita a contabilidade das dívidas alemãs à Grécia para que destas se desconte o que a Grécia deve actualmente.

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  7. Caro Pinho Cardão,

    É impressão minha, ou quando ocorreu a unificação alemã, a Alemanha incumpriu as regras do euro e os restantes países, num posição de natural solidariedade - 50 anos já bastavam - não lançaram anátemas sobre os incumpridores?
    Eu agradeço o apoio da Alemanha, mas também sou capaz de lembrar e calcular o apoio que esta tem recebido.

    E junto-me a outros comentadores: não fica bem aos ricos "cagarem de alto" sobre os outros (desculpe-me a expressão, mas "vender território"?!), quando historicamente também têm telhados de vidro.

    Talvez hoje Portugal seja irrelevante para o comércio externo da ALemanha, mas durantes "os anos loucos" não vi a Mercedes ou a VW/Audi interromper as exportações para este canto... Pois, ainda não havia o mercado da Europa de Leste que a expansão da UE bem beneficiou a Alemmanha...

    Uma curiosidade: nos idos anos de 1990 a Alsthom ganhava a construção de quase todas as centrais eléctricas a gás natural na Europa. A Siemens conseguiu entrar neste mercado internacional construindo as suas primeiras centrais na Turquia e Portugal... Aí deu jeito a relação preferencial com Portugal

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  8. Anónimo17:34

    Percebo o alcance do que Pinho Cardão anotou no post, mas também eu vejo o outro lado da moeda. Á Alemanha, do ponto de vista económico - já nem coloco a questão noutros planos - não é indiferente a falência de Portugal apesar do diminuto peso das importações de produtos alemães.
    É, aliás, revelador do artificialismo da presente zona euro, há tempos certeiramente apontado por um economista holandês, salvo erro, que façamos as contas como se não estivéssemos num espaço económico e monetário comum. Fazemos contas e tiramos ilações das transações entre Estados da mesma zona monetária da mesmissima forma como enquadramos as relações comerciais com economias fora deste espaço comum! É, a meu ver, muito significativo.
    Só mais uma nota. Vale a pena ler com atenção o acórdão do Tribunal Constitucional Federal alemão (que tem poderes quasi-legislativos). Se é verdade que deu "luz verde" (gosto da expressão, embora paradoxal...)à contribuição alemã para o mecanismo de estabilização não deixou de dizer que, de futuro, os apoios dependerão do parlamento. Importante.

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  9. Anónimo18:38

    Pouca quebra nas importações de BMW, Mercedes, Porsche e Audi ;)


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  10. Heil Merkel
    Mas o que é isto?
    Onde alguma vez qualquer país deu de borla alguma coisa a outro?
    Os bancos alemães deram-nos dinheiro barato que serviu para a entrada das suas mercadorias, processo que teve como resultado a ruína das nossas estruturas produtivas. Este objectivo é mais que conhecido pelos economistas desde há séculos atras.

    "Impelida pela necessidade de mercados sempre novos, a burguesia invade todo o globo.
    As velhas indústrias nacionais foram destruídas e continuam a sê-lo diariamente. São suplantadas por novas indústrias, cuja introdução se torna uma questão vital para todas as nações civilizadas, indústrias que não empregam mais matérias-primas autóctones, mas sim matérias-primas vindas das regiões mais distantes, e cujos produtos se consomem não somente no próprio país mas em todas as partes do globo.
    Em lugar das antigas necessidades, satisfeitas pelos produtos nacionais, nascem novas necessidades, que reclamam para sua satisfação os produtos das regiões mais longínquas e dos climas mais diversos. Em lugar do antigo isolamento de regiões e nações que se bastavam a si próprias, desenvolvem-se um intercâmbio universal, uma universal interdependência das nações."
    “Pela exploração do mercado mundial a burguesia imprime um carácter cosmopolita à produção e ao consumo em todos os países.
    Os baixos preços de seus produtos são a artilharia pesada que destrói todas as muralhas da China e obriga a capitularem os bárbaros mais tenazmente hostis aos estrangeiros”.
    (KM 1847)

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  11. Caro Arnaldo Madureira:

    "Qual foi a reacção da direita parlamentar alemã aos actuais problemas financeiros da Grécia? Segundo esta, a Grécia devia considerar vender terras, edifícios históricos e objectos de arte para reduzir a sua dívida".

    Essa é de rir. O Governo alemão não é apoiado pela direita parlamentar? E não foi o governo alemão que tem dinamizado todo o apoio à Grécia, com os gregos a não cumprirem quase nada? E não foi o governo alemão que "impôs" aos Bancos o perdão de 75% da dívida pública grega? E não é o Governo alemão, seja ele centrista ou social-democrata ou coligação destes com os liberais que,ao longo dos anos, desde a entrada na CEE, tem enviado milhares de milhões para a Grécia?
    O meu amigo, ou o tal historiador confundem o governo alemão ou a direita alemã com dois sujeitos que dizem umas asneiras?
    Claro que a Alemanha tem culpas históricas. Mas essas culpas não podem ofuscar o que actualmente se passa, nem justificar os desvarios passados em Portugal e na Grécia.

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  12. Adorei ver a Manuela Ferreira Leite a apelar ao bom senso por parte da actual equipa governamental: uma verdadeira social democrata, muito diferente de outros ditos sociais democratas.
    Para além disso os meus parabéns a Arnaldo Madureira: é que convêm conhecer bem a história europeia.

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  13. Na ânsia obsessiva de defender o governo o Pinho Cardão está a perder a noção das coisas.
    Seria bom que escutasse a Dr Ferreira Leite (TVI24) e com ela aprendesse alguma coisa.

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  14. Caro Jorge Lúcio:

    Nessa altura, o comércio Alemanha Portugal era ainda menor. Claro que qualquer exportação dá sempre algum jeito, mas com menos 0,5% até Portugal aguenta!...Quanto à Siemens e a entrada em Portugal, se entrou é porque fez bem melhor e mais barato do que a Alsthom. Eu trabalhei na Sorefame e conheci razoavelmente a Alsthom dos anos 80.
    Caro Ferreira de Almeida:
    Tem toda a razão no que diz. E só me dá razão no que eu digo. Não é pelos aspectos económicos directos que a Alemanha nos vem apoiando. Há outras razões decisivas. Mas é peigoso esticar a corda e imputar as culpas à Alemanha. Se partir, não é a Alemanha que sofre mais. Somos nós. INCOMPARAVELMENTE!

    Caros Ferreira de Almeida:
    Fala dos Mercedes e BMWs em termos de humor. Ele é sempre preciso. Mas bastava a Alemanha transferir para os estados federados da ex-Alemanha Oriental metade do que transfere para Portugal e lá teria maiores vendas dessas viaturas. E o governo mais apoio político. E essas regiões ainda estão bem afastadas da média alemã...

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  15. Anónimo23:15

    No final de tudo este ódio contra a Alemanha não é mais do que o tradicional ódio aos ricos presente na cultura de vários países e no qual Portugal leva a palma de ouro. Não interessa que seja generoso e altruísta. Como é rico é alvo a abater. Quanto mais não seja porque deveria dar tudo o que tem e deixar de ser rico.

    Nunca entendi esta história absurda de culpar os que mais podem por todos os males do mundo.

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  16. Caro Carlos Sério:
    Essa agora é que me deixou seriamente abananado!

    Ficamos então a saber que pela exploração do mercado mundial o socialismo marxista chinês imprime um carácter cosmopolita à produção e ao consumo em todos os países.
    Os baixos preços de seus produtos são a artilharia pesada que destrói todas as muralhas e obriga a capitularem os bárbaros mais tenazmente hostis aos estrangeiros.
    Passados 160 anos, o grande triunfo marxista, levado a cabo por um país onde acabou a exploração capitalista, os sindicatos são livres, há plena democracia e liberdade de expressão.
    Extraordinário. Verdadeiramente!...

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  17. Caro Zuricher:
    Tem toda a razão!

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  18. No caso da Alemanha, não deveria ser antes a salsicha, em vez do pão? Aliás, alimento mais dado ao ajoelhamento daqueles que são fortes com os fracos e subservientes com os poderosos.

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  19. Anónimo14:35

    Pinho Cardão, entendeu mal a minha observação, naturalmente humoristica, aos BMW, Mercedes, Audi e Porsche. Reagindo ao que o caro Arnaldo Madureira notou - i.e., que esperava que a expressão das exportações alemãs para Portugal fosse ainda menor - a minha explicação - foi a de que não houve grande quebra das importações daqueles produtos. São os meus momentos bloquistas ;)

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  20. Caro Ferreira de Almeida:
    Entendi muito bem, tanto assim que falei de humor!...
    Mas aproveitei a "deixa" para responder a outros comentadores.
    E entre nós não há mal-entendidos!...

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  21. Caro Pinho Cardão
    Nunca há uma verdade. Transcrevi uma delas para equilibrar os comentários. Mas não sabia que eram só 2. Fiquei esclarecido.

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  22. Caro Arnaldo Madureira:
    Agora é que eu não percebi nada. E, ao contrário do meu amigo que ficou esclarecido sobre não sei quê, eu é que fiquei mais baralhado...
    Abraço

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  23. Transcrevi a opinião de um senhor qualquer que escreveu aquilo sobre a Alemanha. Fi-lo para equilibrar os comentários. Concerteza não fui eu que inventei, que nem sequer tenho cultura histórica para escrever uma coisa daquelas. Mas o amigo explicou-me que eu ou o tal historiador não podemos confundir o governo alemão e a direita parlamentar com dois senhores que dizem umas asneiras. Foi isso que me esclareceu.

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  24. Ora ainda bem que tudo termina bem esclarecido!

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