domingo, 16 de setembro de 2012

O insustentável aumento da dívida pública

Com referência ao meu post anterior, A vida para além do défice, surgiram comentários sobre a evolução da dívida e a sua relação com o PIB. Ora os dados da Dívida Directa do Estado são objectivos e constam do site do Agência de Gestão da Tesouraria e da Dívida Pública (IGCP), pelo que não são passíveis de discussão. Dadas as observações feitas, pareceu-me útil apresentar um Quadro que condensa a informação relevante sobre a matéria, respeitante ao período de 2005 a 2010, coincidente com o governo de Sócrates. Os dados referentes ao PIB e défices foram retirados do Relatório do Banco de Portugal de 2011.
O Quadro seguinte apresenta a evolução da Dívida Pública no período de 2005 a 2010, coincidente com o Governo de Sócrates, assim como a sua relacionação com o PIB.
Indicadores
2004
2005
2006
2007
2008
2009
2010
Dívida pública directa
(m. milhões euros)
90,7
101,8
108,6
112,8
118,5
132,7
151,8
% PIB
61%
66%
67%
67%
69%
79%
88%
Acrésc. da dívida
11,0
6,8
4,2
5,7
14,3
19,0
Défice-v. absoluto
6,0
10,0
7,4
5,4
6,4
17,2
16,9
Défice-%PIB
4%
6,5%
4,6%
3,2%
3,7%
10,2%
9,8%
Acrésc. nominal PIB
5,0
6,6
8,5
2,7
-3,5
4,2
Acrésc. perc. dívida
12,1%
6,7%
3,9%
5,0%
12,1%
14,3%
Acrésc nom % PIB
3,3%
4,3%
5,3%
1,6%
-2,0%
2,5%
Acrésc. real PIB %
1,6%
0,8%
1,4%
2,4%
0,0%
-2,9%
1,4%
PIB (Relat.BP 2011)
149,3
154,3
160,9
169,3
172,0
168,5
172,7

O Quadro mostra as seguintes evidências:
a)      A dívida pública directa (não está incluída a referente a PPPs e a de muitos organismos em que o Estado terá que se substituir ao devedor no pagamento( por ex. CP, REFER, etc) aumentou 61 mil milhões de euros nos anos de 2005 a 2010.
b)      Em percentagem do PIB, passou de 60,8% em 2004, para 88% em 2010
c)      Como ilustração adicional, o acréscimo nominal e relativo da dívida da dívida foi sempre superior ao acréscimo nominal e relativo do PIB, respectivamente, com a excepção de 2007.
Em síntese, o Quadro ilustra a política orçamental  irresponsável levada a cabo nesse período.
Nota: Em virtude de observação do nosso comentador Jorge Lúcio, o Quadro sofreu alteração em relação ao inicialmente publicado. Muito obrigdo ao Jorge Lúcio.




17 comentários:

  1. Esse quadro é muito elogioso porque só depois da troika entrar é que se consolidou a dívida pública toda e mesmo assim há 40 000 milhões em dívida extrapatrimonial que não estão aí reflectidos. Foi roubo, um roubo que não vamos ver nunca julgado porque, no fim do dia, a culpa é nossa.

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  2. Ó Toino BeelAir, o governo português acabou de cair e, como se esperava, não foi obra de Seguro.

    E esta, hein?

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  3. Caro Pinho Cardão,

    É evidente que o Governo Sócrates "enloqueceu" em 2008, indo para lá do que se chamaria gestão danosa.

    Mas curiosamente fez o que então se dizia na Europa ser necessário para combater a crise pós-Lehman: "investimento público". Claro que foi um "bom aluno, mas bom demais". Aliás (com as devidas distâncias, também reconheço...) o mesmo que o PM/MF estão agora a fazer face com o programa da troika...

    Uma dúvida: o valor de 8.8 de acréscimo do PIB em 2010 está certo?!

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  4. "face ao" não "face com o"

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  5. Caro Tonibler:
    Realcei que se tratava de dívida pública directa.

    Caro Jorge Lúcio:
    A Portual não foi afectado nem pela crise do sub-prime, nem pela crise pós-Lehman. E os que foram afectados já há muito recuperararam. A causa da nossa crise foi outra, a dos excessivos défices e a do excessivo endividamento. As políticas de mais investimento público não se justifcavam em Portugal, por excesso de despesa, por excesso de carga fiscal, por excesso de endividamento. Houve países que, sem esses constrangimentos, puderam seguir na linha que referiu. Os conselhos foram para esses. Não para Portugal.

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  6. Caro Jorge Lúcio:
    A sua dúvida quanto ao acréscimo nominal do PIB tem pleno cabimento. Vou esclarecer o assunto.

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  7. Seria interessante ver esse quadro desde o ano de 1982...

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  8. Camarada Elisário,

    Aquilo que se teria que ver desde 1982 seria a dívida em moeda estrangeira. Essa é a diferença.


    Caro Resfsasink,

    Eu sou um liberal, é para o lado em que durmo melhor. Se este governo cai, cai o estado português com ele. Isso é certinho. Se alguém pensa que os portugueses vão usar os euros deles para salvar esse bando de sanguessugas, está tudo muito enganado.

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  9. Só falta acrtescentar que a Dìvida directa Pública em 2011 foi de 102% do PIB e para 2012 está previsto atingir mais do 120%.

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  10. A dívida pública já é de 120% desde 2010, se consolidarmos a extrapartrimonial e a da fraude contabilística.

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  11. Caro Jorge Lúcio:
    Tinha muita razão. Fui consultar os últimos dados publicados (Relatório do BP 2011) e está feita a correcção. Muito obrigado.

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  12. Uma sugestão: poderia ser acrescentada ao quadro uma linha com as despesas em juros da dívida ao longo do período?

    Permitiria aos leitores percepcionarem melhor qual o impacto que a dívida tem no seu dia a dia...

    Obrigado

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  13. Caro Elisiário Figueiredo e Vítor Alves Pereira.

    Apresentarei esses elementos num outro post.

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  14. Caro Pinho Cardão,
    Concordo consigo que Portugal não deveria ter seguido a política de "investimento público" a partir de 2008, porque a nossa situação de endividamento era já absolutamente periclitante.
    Mas a "recomendação" europeia dirigiu-se a todos, Portugal incluído.
    Sócrates foi irresponsável - no mínimo - por ter posto o pé no acelerador, mas alguns dos que nos criticam agora, deram essa "receita" há 4 anos. Isto de não pensarmos pela nossa cabeça dá sempre mau resultado...

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  15. Acontece que para pensar é necessário ter cabeça, caro Jorge Lúcio!

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  16. Caro Pinho Cardão,

    Como auxiliar de memoria, podia colocar mais uma linha com o nome do 1. Ministro no governo.

    Bem Haja desde a ciudad condal, com modernices de independência …
    Um Abraço
    Nuno Martins

    Nota Imp – Como é possível que a fundação do Mário Alberto ainda receba fundos do estado? É vergonhoso.

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  17. Caro Nuno:
    Lá colocarei mais uma linha!
    Como é possível? De facto, não sei explicar absurdos!...

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