A propósito da "privatização" ou "concessão" da RTP, lembrou-me a velha imagem que traduz o
suplício de Tântalo. É essa imagem que recordo sempre que se fala da reforma da "televisão do serviço público". E quando me falam dos ministros heróis que ousaram pensar na dita reforma lembro-me sempre de
Prometeu Agrilhoado.
Como escrevi num recente comentário a um post do JM Ferreira de Almeida, já vi este filme há dez anos atrás.
O que eu ainda não vi foi um governo com a coragem de eliminar a "taxa de radiodifusão", por isso não encontro nenhuma figura mítica que possa invocar. Que frustração! É dura a realidade!
A "taxa de difusão" e não só, caro Professor, é tambem urgente que sejam eliminados das televisões, aqueles sorteios de automóveis e de quantias em dinheiro, que são feitos através de chamadas telefónicas de valor acrescentado.
ResponderEliminarUm perfeito roubo, se tivermos em conta o aliciamento que é feito ao espectador, "sugerindo-lhe" como se de lavagem ao cérebro se tratasse, que telefone muitas vezes, para que aumentem as possibilidades de ganhar.
Ora como esses concursos decorrem na sua maioria em horário em que são os mais carenciados que assistem, está o governo a permitir que através de técnicas obscuras, reformados, idosos, crianças, desempregados, etc. sejam bombardeados por frases estudadas, com o fim de lhes "sacar" do pouco que têm.
Caro Professor David Justino,
ResponderEliminarJulgo saber o que quer significar quando compara a reforma da "televisão do serviço público" ao suplício de Tântalo; mas não entendo quando diz: -"O que eu ainda não vi foi um governo com a coragem de eliminar a taxa de radiofusão".
Então, não se pondo a questão da privatização (da concessão nem falo, tal é a meu ver a ideia mais idiota dos últimos tempos!), quem é que deverá pagar o serviço público, a não sermos nós, seja através deste modo ou de tranferências do oge!?
Não percebo mesmo...
A reforma da RTP é um problema cuja utilidade tem maturidade definida, porque todos os pressupostos em que se baseiam são falsos ou tendencialmente falsos, como a ligação à lusofonia, aos portugueses residentes no estrangeiro e a afirmação de Portugal no mundo. Tudo isto é mentira. Se calhar até há quem tenha coragem de vender a RTP de vez, pode é não haver coragem de afirmar e assumir que tudo isto é uma enorme mentira.
ResponderEliminarNão vamos substituir uma ficção por outra, meu caro Tonibler. Não comentei o que num post abaixo disse sobre o papel da RTP no que respeita à ligação à lusofonia e aos portugueses espalhados pelo mundo porque explicou que os seus familiares emigrados dispensam essa forma de saber o que se passa no País. Mas não pode generalizar. Aliás, não deixa de ser engraçado, e ilustrativo da nossa peculiar maneira de ser e da maneira de ser das elites, esta permanente incongruência em que vivemos. Protestamos pelo pequeno esforço que fazemos no que respeita à defesa da lingua, da cultura, da identidade, etc, etc. Mas passamos o tempo a diminuir a importância das instituições que, pouco ou muito, ainda fazem algo.
ResponderEliminarO problema da RTP é outro. É, claramente, um exemplo de empresa pública que viveu como muitas, sem a noção de que os recursos são limitados e os recursos públicos devem ser aplicados com parcimónia pois têm como fonte o esforço dos portugueses e das empresas que pagam impostos. Por isso resiste à privatização, qualquer que seja a forma ou modelo.
De todo o modo, se há algo que inquestionavelmente cabe no conceito de serviço público é justamente o que Tonibler entende ser fundamento falso ou tendencialmente falso.
Eu não me estava a referir ao seu comentário em concreto, até porque as três frases têm sido repetidas à exaustão nos últimos tempos, caro JMFA. E se há coisa que não protesto é com o esforço que é feito na defesa de todas esses activos do país porque se há coisa razoavelmente certa é que a defesa desses activos não tem nada a ver com o "esforço" (leia-se, dar dinheiro dos pobres a amigos) que é feito. A língua, a cultura, etc. não tem sido mais defendida com dinheiro do que sem ele. Tem alguma evidência do contrário?
ResponderEliminarO argumento dos emigrantes não é verdadeiro. Mesmo os poucos que ainda hoje usam a RTP como "ligação à pátria" têm que a pagar no local. Portanto, a RTP é apenas um corrector de conteúdos, papel que pode ser feito por qualquer empresa desde que haja quem pague do outro lado. E há quem pague do outro lado, como os emigrantes ucranianos pagam a sua televisão pelo mesmo meio que o meu caro paga a SICN ou a RTP Memória. Mais, hoje com o http e com a banda larga, a televisão é um negócio de decadência e a perder o sentido no próprio local onde é produzida, imagine-se remotamente. As televisões privadas estão basicamente falidas tal como a RTP está.
A afirmação de Portugal no mundo nem sei de valeu o preço dos bites que esta frase vai consumir.
Quanto à lusofonia, atendendo que a língua portuguesa é o idioma das maiores empresas de media do mundo, atribuir esse papel à RTP é como mandar o Arrentela à liga dos campeões. É só para dizer que esteve lá, porque nunca esteve a jogar.
Caro Tonibler,
ResponderEliminarPermita-me meter a minha pequena colherada.
Há que destrinçar o que cada um paga. O ucraniano que quer ver o canal do seu país tem de o pagar, é óbvio; mas para ter esse conteúdo disponível há custos de produção também a montante que alguém paga...
Caro JotaC,
ResponderEliminaré óbvio que alguém paga. Como todo o conteúdo que o meu caro tem na ponta do seu cabo e que corresponde a uns 16 canais ou coisa parecida, entre a SIC Mulher e o Canal Parlamento... canais disponíveis 24/24 via internet, sem custos adicionais.
Pois, Tonibler, isso de estarem disponíveis na Internet sem custos adicionais, ainda por cima com a possibilidade de ligarmos o portátil à tv (para vermos, por exemplo, os jogos da sport tv que pagou uma fortuna aos clubes pelos direitos exclusivos de transmissão), faz-me alguma confusão...
ResponderEliminarMeus caros se há assim tanta procura de "serviço público de televisão" então quer dizer que há pessoas dispostas a pagar e que há anunciantes dispostos a investir. É pouco? Ok, então ajustem-se os custos à receita. Assim é que não!
ResponderEliminarPor isso continuo a defender a tese "idiota" de que a taxa de radiodifusão é uma exacção e não o preço a pagar pelo serviço público.
...Provavelmente será uma exacção como tantas que pagamos. Mas isso, é de fácil resolução, como diz: é ajustar os custos à receita... O problema é outro!.
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