1. Já sabíamos que o CDS/PP irá aprovar a proposta OE/2103 por imperativo de interesse nacional (IN)...não gosta da proposta, considera porventura detestável o agravamento fiscal que a integra, mas o IN fala mais alto, determinando o voto favorável.
2. Confesso que esta posição do CDS/PP me causou alguma perplexidade quanto à interpretação do IN: se o CDS/PP não gosta da proposta de OE/2013, se considera excessivo o agravamento da carga fiscal pelo sacrifício que impõe aos cidadãos, isso não tem nada a ver com o IN?
3. Acabo por concluir que na interpretação do CDS/PP existem dois tipos de IN: o IN-1, que impõe a aprovação do OE/2103 e o IN-2 que impõe não gostar do OE/2013. E, perante tal conflito, deve prevalecer o IN-1, embora não tenha sido devidamente explicada (que eu tenha dado conta) a razão de ser dessa prevalência.
4. Mas hoje emerge a notícia segundo a qual o PSD também irá aprovar a proposta de OE/2103 pela mesma razão que o CDS/PP ou seja o tal “interesse nacional” na versão IN-1...
5. Aqui chegado, ocorre perguntar: mas que outro interesse poderá justificar o voto favorável da proposta de OE/2013, que não seja o interesse nacional numa única versão e não nesta aparente conflitualidade entre um IN-1 e um IN-2?
6. Porque motivo não se explica, com o devido fundamento (e a ser verdade), que a não aprovação do OE/2013 acarretaria para os cidadãos custos bem mais elevados do que os que decorrem da sua aprovação, não obstante se reconhecer que estes já são muito elevados?
7. Esta mistura de interesses nacionais desencontrados, um pró-orçamental e outro supostamente anti-orçamental , dá-me a impressão de que a política nacional entrou numa “twilight zone”, onde tudo é estranho e misterioso...restando ao cidadão o recurso às cartomantes para tentar perceber por onde vamos - será tb por isso que a publicidade deste tipo de serviços ocupa cada vez mais páginas de jornais?
Este orçamento é assim como o filho não pretendido de uma senhora de costumes dissolutos. Nunca o meu caro Tavares Moreira verá alguém reclamar a paternidade. Nem o CDS, nem o PSD, o FMI, o BCE ou a Comissão. Porém, é público que todos conhecem a senhora...
ResponderEliminarOfi topic a minha recomendação de leitura
ResponderEliminarhttp://www.rets.org.br/sites/default/files/projeto_alice.pdf
Sobre o projecto Alice, espelhos estranhos lições imprevistas, financiado com 2.4 mios de euros pela UE.
É isso mesmo, caro Ferreira de Almeida, um Orçamento filho de mãe desconhecida e pai incógnito (só para variar...)...
ResponderEliminarAinda vai parar à Casa Pia, por este andar, só espero que não sofra tratos ignominiosos nessa instância...porque, se assim for, cá estaremos nós, para o ano por esta altura, a fazer de novo contas à vida, em "mode" andrajoso, defrontados com a perspectiva de o ar que respiramos passar a ser tributado...
Caro Tonibler,
O projecto Alice tem a ver com este País das Maravilhas?
Não podia ter mais. Talvez se este país seguisse mais os estudos do prof. Sousa Santos, talvez a raínha de Copas já tivesse deposto o malvado presidente.
ResponderEliminarCaro Tavares Moreira
ResponderEliminarA proposta de orçamento para 2013 revela que, finalmente, o governo começa a fazer o que tem de ser feito e não, como até aqui, o seu melhor.
Pena é que tenhamos perdido um ano, ano esse que, o tempo o dirá, poderá ser totalmente, sublinho o totalmente, irrecuperável.
Pena é que, o conteúdo da prestação do Senhor Ministro das Finanças ontem na Comissão especializada na AR, tenha sido ontem, 24/10/12, e não quando tomou posse.
Cumprimentos
joão
Caro Tonibler, estou a tentar digerir o projeto ALICE (não o conhecia), não está fácil...
ResponderEliminarCaro jotaC,
ResponderEliminarComo poderia um país avançar sem estudar primeiro o "constitucionalismo experimental e pós-
colonial, com origem em lutas populares, que rompe com os
pressupostos de unidade, uniformidade e homogeneidade do
Estado moderno.
"? Ou ainda "formas de organização
económica não capitalistas, no horizonte de uma economia plural.
"?
Por isso é que este país se encontra sob o jugo dos especuladores da economia de casino e debaixo de governos neo-liberais tecnocratas sem sensibilidade social!
Caro João Jardine, Admito que tenha razão, nas esteira do que refere permito-me chmar a sua atenção para a declaração do Board do FMI sobre a 5ª avaliação do PAEF, ontem divulgada, na qual é colocada uma forte ênfase na necessidade de reduzir mais a despesa, em ordem a diminuir o contributo das receitas fiscais no esforço de ajustamento.
ResponderEliminarEm particular, o FMI chama a atenção para a necessidade de um estrito cumprimento da Lei dos Compromissos, um controlo financeiro mais apertado das empresas públicas e a redução de custos com as PPP...
Aguardemos agora o relatório, que deve ser hoje divulgado.
Caro Tonibler,
Não fui consultar o site que indicou, mas estas suas breves referências deixam-me literalmente aterrado com o uso que se continua a fazer de dinheiros a que chamamos públicos (realmente esses dinheiros saem de bolsos privados para o caldeirão do desperdício público)...
Será possível derreter assim milhões de Euros em fantasias tão inúteis ou mesmo perniciosas como sugere?
Inclui o estudo dos direitos e dos deveres partindo de uma perspectiva intercultural, indo além do falso debate entre universalismo e relativismo cultural. Não é qualquer coisa, caro Tavares Moreira, até pretende ultrapassar falsos debates com os quais se andam a atropelar direitos e deveres.
ResponderEliminarEmbora ache que o dinheiro gasto em tão prolífica investigação de carácter científico seja... como direi, para o lixo, temos que ter em atenção que isto é produzido pela Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra, onde nomes de grande relevância no combate alternativo pós-modernista ao main stream da monocultura capitalista como o Profs Zé Reis, Zé Pureza e Boaventura Sousa Santos lecionam, com salário pago pelo estado, alguns infelizes que não conseguiram lugar numa faculdade a sério. E esse já deve ser um custo de uma escala completamente diferente, apesar da óbvia valia que tiveram os processos movidos contra as agências de rating ao serviço dos especuladores da economia de casino que nos trouxeram a esta crise.
A cada explicação que nos dá, caro Tonibler, o ambiente de terror na gestão dos recursos "públicos" torna-se mais pesado!
ResponderEliminarTalvez seja melhor não entrarmos em mais detalhes acerca desse "Wonderworld Alice/BvSS/JR/JMP project", para não emocionarmos excessivamente alguns comentadores que possam ter problemas de instabilidade do ritmo cardíaco!