O tempo cinzento afastou-me de casa e tive de procurar um destino. Esbarrei numa centenária tileira e num belo poema. Folhas amareladas prenunciavam o destino da bela árvore. Hoje via-a, das outras não! Como foi possível não a ter visto como hoje? Nunca paramos o tempo suficiente para ver uma maravilha mesmo que seja deste tamanho. Vou voltar para a ver, nua e quando se vestir novamente, fresca, largando o perfume que mais aprecio atiçado pelo calor da noite.
(...)
Aquela velha Tileira
Que em chegando o Outono,
Se despe ingenuamente
E fica nua, fica triste,
Dando o corpo ao seu dono.
A sua bela folhagem,
Tudo que tem de melhor,
Que seria até vaidade.
E continua despida
Quando o inverno aparece,
Resistindo à investida
Dum tempo que não merece,
Mas logo que o tempo passe
E a Primavera aproxima,
Sua carícia de sol,
Ela, a nobre Tileira,
Farta de estar inativa,
Dá de vez sua primeira
Sensação de reanimar.
Quer voltar a ser menina,
Quer voltar a casar,
Que a sua flor pequenina
Tem arte até de curar.
Aquela velha Tileira
(...)
(Adelino da Costa Gonçalves)
O tempo cinzento tende a manter, habitualmente, as pessoas em casa, a ler, a ver televisão ou a alimentar um estado melancólico. Aos mais curiosos e ansiosos de viver, afastam-nos de casa. Vou seguir o exemplo. A natureza espera-nos para mostrar o que sempre ali esteve, à espera do nosso olhar, da nossa atenção.
ResponderEliminarBonito poema para uma bonita tileira.
Uma tileira imponente e a beleza singela de um poema...
ResponderEliminarPoema lindo do meu tio avô!
ResponderEliminarLindo poema sobre a tileira no adro da Igreja, do meu primo Lininho.
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