Logo pela manhã, a notícia de homenagem a José Saramago com o nome de
uma rua; a seguir, a prédica diária de Jerónimo de Sousa sobre a exploração
capitalista e a comovente defesa dos pequenos, médios e micro empresários e dos agricultores.
Claro que a comunicação social ignorou por completo o 4º sábado de
Novembro, dia em que se comemora o Holodomor, a Grande Fome da Ucrânia em 1932
e 1933, em que milhões de agricultores foram, fria e barbaramente,
assassinados à fome pelo regime comunista soviético que aqueles senhores tanto
defenderam e um deles ainda defende.
A memória destes dramáticos acontecimentos tem sido relembrada no 4R,
nomeadamente pelo Prof.Massano Cardoso.
Cumpre-se hoje o dia do Holodomor, a "morte de fome", nome
que designa o tão convenientemente esquecido genocídio de entre sete a dez
milhões de ucranianos, perpetrado pelo regime soviético há, precisamente, 80
anos. Um número imenso e, ainda assim, menos de um décimo das vítimas da
barbárie comunista nos últimos cem anos, sem dúvida a ideologia que, de longe,
mais mortes provocou na História da humanidade.
Nesse início dos anos 30, Moscovo procedeu à colectivização forçada da
produção agrícola na Ucrânia, expropriando todas as propriedades privadas ainda
existentes e deportando e exterminando os camponeses ucranianos seus
possuidores – os kulaks – considerados inimigos da revolução proletária e do socialismo
científico.
Pouco depois, entre 1932 e 1933, e cumprindo ordens de Estaline, a GPU
- a polícia política soviética de então - executa finalmente o pavoroso genocídio
pela fome, confiscando todos os alimentos, cereais e as próprias sementes a
milhões de agricultores, prendendo todos quantos não apresentavam sinais
visíveis de subnutrição, chegando mesmo ao ponto de entrar nas casas e revolver
os colchões à procura de cereais escondidos. À população era proibido procurar
comida, sob pena de morte. Corpos humanos sem vida juncavam as ruas e estradas
da Ucrânia. Uma das consequências mais horrendas dessa política genocida foi o
canibalismo, prática que obrigaria as próprias autoridades a divulgar cartazes
onde se lia que “Comer os seus filhos é um acto de barbaridade”…
Uma data que não pode ser esquecida e escamoteada. Pese as diárias e
comoventes falinhas mansas de quem nunca condenou tais atrocidades. E sempre
defendeu o regime que as praticou.
os bens oferecidos pelo Vaticano ficaram na URSS
ResponderEliminarUma das muitas tragédias que com o tempo costumam passar ao esquecimento. Quem comete um crime destes pode cometer mais vezes. A barbárie é cíclica.
ResponderEliminarAs tragédias cometidas pelos vermelhos têm realmente essa estranha tendencia de passar ao esquecimento...
ResponderEliminarMuito bem lembrado, há coisas que hoje nos parecem impossíveis, é incrível o que foi possível acontecer do "lado de lá" dessa Europa dividida em dois e que, como diz zuricher, parecem apagadas da memória.
ResponderEliminarE se os nossos juízes, para certos crimes, começassem a decretar sentenças do género: "ler em voz alta a história do massacre da Ucrânia, (ou outro do género) da autoria de fulano, aos prisioneiros de tal ou tal cadeia"? bastava uma hora por dia, durante um mês ou dois, e seria uma boa terapia. Rima e é verdade.
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