Nota prévia: Texto adaptado de versão francesa cuja
origem desconheço. Como tal, limite-se
o leitor a aceitá-lo na precisa situação concreta, não extrapolando para situações
de diferente natureza.
Perante
tão insustentável situação, movimentaram-se as habituais forças da
solidariedade palavrosa, mas falta de acção, no sentido de uma intervenção
governamental. Logo uma equipa de sociólogos, médicos, psicólogos e assistentes
sociais se dirigiu ao abrigo para verificar das condições de vida das cigarras
e acompanhantes, trabalho acompanhado por uma multiplicidade de Observatórios
das diversas áreas sociais. O Relatório produzido chamava a atenção para o
estado de profunda carência da comunidade, devido à falta de alimentos e de
condições mínimas de habitabilidade.
Os
jornais e televisões iniciaram fortes críticas ao governo pela ausência de
políticas sociais que protegessem situações como a das cigarras. E se alguns
partidos da direita condicionavam um apoio de emergência à contrapartida da
colaboração das cigarras na animação de festas do Inatel, os partidos de
esquerda logo consideraram tal uma provocação, atribuindo-lhes um rendimento
mínimo, agora financiado por novos impostos sobre a bicharada que ainda encontrava
no país.
E
o Governo louvou-se mais uma vez na sua política social. Todavia, não
conseguindo cobrar mais impostos, pois as formigas já todas tinham abalado, procurou
no aumento da dívida os meios para a resolução do problema. Mas, não
conseguindo mais empréstimos, culpou os especuladores e o capital financeiro
internacional. E as cigarras, sem formiga que lhes valesse, a pouco e pouco
foram morrendo à míngua, até porque as lindas palavras e eloquentes discursos das
esquerdas não conseguiram nunca tirar-lhes a fome. E o país, que já não tinha
formigas, ficou também sem cigarras. Excepto as que conseguiram reincarnar em
políticos bem seguros a tudo prometer, mas a nada terem para dar. Apenas
palavras.
FIM
ResponderEliminarPartido de direita? Qual partido? Esse partido está em vias de desaparecer.
Dr. Pinho Cardão
ResponderEliminarUm fim que dificilmente terminaria de outra forma. Nem as formigas emigradas quiseram ajudar, perceberam que as suas remessas acabariam mal governadas.
Ai, ai, que triste fim, o meu amigo não quer inovar no conto e imaginar um epílogo melhor? É que ainda queremos acreditar que haja qualquer coisinha fora dos écrans, sei lá, uma vontade real de levar o País a bom porto...
ResponderEliminarTrágico. Também esperava um FMI, digo, um FIM mais feliz...
ResponderEliminarOra aqui está uma interessante dialéctica: a Margarida acha que o fim não podia ser outro, a Suzana invoca vontades de alterar o curso dos acontecimentos e o Ferreira de Almeida esperava um fim mais feliz.
ResponderEliminarAcontece que não há vontade que resista às ondas avassaladoras de palavreado oco.
Tal como as coisas estão, não será a política a resolver coisa alguma. Serão as próprias forças da economia a fazê-lo.
Antes de Keynes, também houve crises e momentos de apogeu. E ciclos económicos. E a economia não desapareceu. Foi, até, sendo cada vez mais forte.
Caro Pinho Cardão, a prova de que a política é essencial é que atribuímos à falta dela, ou ao seu exercício canhestro, muitos dos males da economia e da sociedade. Sem a política não se resolve nada, caro amigo, o que é a economia sem a política, nem que seja a política de não interferir para depois se exigir que interferisse para ter evitado desastres?
ResponderEliminarPois eu acho que mesmo com política a menos e economia em excesso, o fim desta estória passará sempre pela energia das formiguinhas.
ResponderEliminarOra aí está, caro Ferreira de Almeida.
ResponderEliminarAcontece que muita gente continua a pensar que é o estado que tem que lhes resolver os problemas.
Lindo!
ResponderEliminarAfinal (oh, santa ingenuidade minha!), esta patetice presta-se a leituras políticas.
O que o autor da «coisa» não percebeu é que a formiga representa o exato oposto do que ele defende.
Pense lá um bocadinho, ó iluminado, e veja o que a organização de uma colónia de formigas representa, que forma de organização política é que simboliza.
Ah, santinha da ladeira!