1. Reputo de particularmente avisada a declaração do PR, de ontem, que passo a citar: “O que não falta em Portugal são apetites por palcos mediáticos. O que falta é trabalho. E eu prefiro trabalhar”. Muito bem, considero que o Presidente foi desta vez absolutamente certeiro no seu comentário.
2. O PR respondia a frenéticos agentes mediáticos que andam ensandecidos pelos debates em torno do Sexo do Programa de Ajustamento, da renegociação da dívida, da excessiva dureza da Austeridade, da necessidade de por a economia a crescer/funcionar – e, "last but not least" – da angustiante questão da pureza constitucional do OE/2013...
3. A pureza constitucional do OE tem aliás sido tema muito querido da elite “bem pensante” deste pobre País, nas últimas semanas, abundando solenes recomendações ao PR para que tome todas as cautelas e envie o OE para o Laboratório do T. Constitucional a fim de certificar, pelo processo químico da fiscalização preventiva, que o documento não contém eventuais impurezas que o tornem menos recomendável para os consumidores finais...
4. Desta elite “bem pensante”, já sabemos que é capaz de produzir as declarações mais brilhantes (os sound bites de que falava o F. Almeida, salvo erro), que seduzem diariamente os tresloucados media, mas a nível do que se chama o elementar bom-senso parece evidenciar um défice aflitivo...
5. ...pois faz de conta que nada se passou aquando do cenário de enorme confusão que o dito T.C. não há muito nos proporcionou com a etérea interpretação em torno da equidade subjacente à suspensão dos 13º e 14º meses para funcionários públicos e equiparados, entendendo ser necessário aplicar sacrifícios de grau aproximado ao sector privado – trabalhadores e investidores (vulgo capital)...
6. ...E por causa disso no OE/2013 vai ser reposto um dos subsídios para os funcionários públicos no activo e um pouco mais de um subsídio para os pensionistas, ao mesmo tempo que, a título de contrapartida “equitativa” e porque é preciso dinheiro para pagar essa despesa adicional, os privilegiados do sector privado vão ter de suportar um adicional de 4% na taxa do IRS, para além de um agravamento na taxa base de tributação decorrente da redução dos escalões de 8 para 5 (com tudo isso “oferecendo” ao Estado cerca de € 2,6 mil milhões) – ao mesmo tempo que é agravada a tributação da poupança e do investimento numa altura em que o País carece desesperadamente de promover essas funções...
7. O mais extraordinário, depois deste épico acontecimento, é que a tal elite “bem pensante”, enquanto vocifera incessantemente contra este aumento (de facto) brutal dos impostos – mas omitindo que na sua génese está a decantada pureza constitucional da política orçamental – acha que é tempo de dar nova oportunidade ao T.C. para voltar a fazer jurisprudência sobre o assunto!
8. A falta de senso parece-me de tal modo gritante que começo a suspeitar que o desejo último desta elite “bem pensante” é que o País entre numa vertigem de insanidade político-administrativa (em cima da mediática, já garantida), tornando-o efectiva e definitivamente ingovernável...ou não será?
O PR disse isso??????????????????????????
ResponderEliminarDeixe-me adivinhar, refundou-se!!!!
Considerando
ResponderEliminara notícia de que o TC passou a dispor de uma Secção de Economia*, para ter decidido como decidiu;
que ainda deve manter a atribuição de pensão de reforma por dez anos de serviço no dito cujo;
*Em benefício de gente como eu, de um corpo dito especial do Estado.
Será este TC,
de natureza constitucional?
Enviei pergunta ao Dr Marcelo.
Somos assim.
De facto é melhor não mandar para o Tribunal Constitucional, não vão eles achar que aquilo é inconstitucional...
ResponderEliminarE acho bastante avisada a atitude do PR, que no seu juramento de funções tem a frase "cumprir e fazer cumprir" a Constituição, de nada informar os seus eleitores sobre o que vai fazer. Se calhar não vai pedir ao Tribunal Constitucional a verificação de constitucionalidade do OE, porque "o país não pode estar pendente de uma possível inconstitucionalidade...
Temos portanto a nova moda da Direita: Os "bem pensantes" têm preocupações desnecessárias e de quem não tem mais nada em que pensar sobre a constitucionalidade de como o governo governa os portugueses. Estão sempre a inventar estes esquerdóides...
Não sei de que mais me espante, se da insensatez da elite bem-pensante se da insensatez da elite mal-pensante.
ResponderEliminarSe 2 mil milhões do corte inconstitucional dos subsídios nos levava ao Paraíso, porque foi isso substituído por esta dose cavalar em duplicado (ou um pouco mais do que o dobro) de impostos?
Iremos desta vez parar às galáxias mais longínquas?
Estou incrédulo com o que acabo de ouvir na SIC-Notícias, da boca da senhora Angela Merkel, a própria: «é preciso austeridade e crescimento, e estamos muito preocupados com o desemprego».
Não me tinha ainda refeito do baque do coração e ouvia o ministro Álvaro a dar boas notícias do Plano de reindustrialização do país, para se atingir 20% do PIB de produção industrial.
E se atirássemos para um recipiente a elite bem-pensante (que só fala em crescimento, embora saiba que a austeridade é urgentemente necessária) e a elite mal-pensante (que só fala em austeridade, embora saiba que o crescimento é urgentemente necessário) e as mexêssemos com uma varinha mágica?
Acabava-se este maniqueísmo insensato.
Quem tem uma melhor solução do que esta minha?
Caríssimos:
ResponderEliminarTodos concordaremos que perfeitamente consttucionais foram os défices crescentes do governo anterior que nos levaram a este estado; e perfeitamente constitucional foi o acréscimo de endividamento público, que duplicou nos simples 6 anos dos governos anteriores; e perfeitamente constitucional é a "aposta" no crescimento, através de mais despesa pública e mais endividamento. Tudo absolutamente constitucional. A vinda da Troyca, chamada de emergência por Sócrates, é também constitucional. E se, por não se cumprir o memorando e consequente falta de apoio da Troyca, o estado não tiver meios para pagar salários, a situação também é constitucional.
Como absolutamente constitucional é também não cumprir o Acordo celebrado.
Sendo assim, como, de facto, é, cruzemos os braços e deixemos a coisa andar. Perfeitamente constitucional. E, entretanto, apostemos forte no crescimento. Também atitude muito constitucional.
Mas,caro Pinho Cardão, é isso mesmo que deve acontecer, mandar o OE para o TC para o TC chumbar. Quanto mais tempo andarmos reféns dos Cavacos da vida pior. Quando o dinheiro acabar, acabam-se Cavaco, TC, Soares, Seguros,.... E quanto mais a lista cresce mais o sorriso na minha cara aumenta....
ResponderEliminarHa maus actores capazes de decorar frases do guião bem mais extensas, caro Dr. Tavares Moreira.
ResponderEliminarQuanto ao conteúdo e certeza da declaração do nosso PR... vamos ver. Pode ser que desta vez, caso as tais sumidades analíticas - com cujo parecer altamente qualificado o chefe do Estado conta - encontrem matéria que aconselhe a que proposta de orçamento deva passar pelo crivo do T. Constitucional, e o mesmo confirmar algumas inconstitucionalidades, o orçamento será rectificado, ou se, será mesmo assim aprovado... mas com reservas, como já sucedeu.
Aquela inauguração do hotel... veio mesmo a calhar... ja andavam por aí uns cangalheiros da política a afirmar que o homem tinha "batido a bota"... afinal está vivinho da silva... perdão... do Silva!
O "Túnel do Marão" do Bloco Central, tambem era 'constitucional'.
ResponderEliminarPena não ter avançado: TGV...TTT & NAER Ota.
A bem dos Joerges Coelhos e Durões das seis vias TGV (Faro-Huelva, por supuesto)
Somos assim. Éramos.
Bem, meu caro Pinho Cardão não se pode gritar pela Constituição para umas coisas e querer manda-la às urtigas para outras.
ResponderEliminarCaro Tavares Moreira
ResponderEliminarO País não se tornará ingovernável, já o é. Omitir a interferência externa é ocultar uma das causas profundas que desembocaram nesta situação: completa incapacidade para auto disciplinarmos.
Pedir antes a avaliação de constitucionalidade ou depois, como será solicitado, só não é indiferente porque, um resultado negativo durante a execução do orçamento é mais "complicado" do que antes do seu início.
Sobre o Senhor PR e os restantes actores políticos, só mesmo a história e, mais próximo, as gerações subsequentes julgarão.
Cumprimentos
joão
Caro Tonibler,
ResponderEliminarA sua reacção desta vez (como aliás sucede com razoável frequência, convebhamos) tem mesmo graça...onfesso-lhe que esperava algo bem mais agreste!
Caro BMonteiro,
Bem observado o seu comentário. Fez-me recordar o de Marinho Pinto, em discussão na TVI-24 com um ex-candidato à Presidência do SLB e com um proto-candidato à Presidência da CM Oeiras acerca das motivações do TC para emitir a famosa jurisprudência sobre a inequidade da suspensão dos subsídios ao funcionalismo público (cito): "Meus Senhores, é o PILIM, são os SESTÉRCIOS!".
Caro Carlos Monteiro,
O Senhor não para de me surpreender com as suas admoestações de tipo moralista. Diga-me, se não se importa, claro:
- Em que ponto do Post eu digo que o Presidente não se deve preocupar com a constitucionalidade da Lei do OE/2013?
- Diga-me quais são as disposições da mesma Lei, na versão actualmente conhecida, que enfermam de inconstitucionalidade?
O Senhor, com o seu pendor moralista (respeitável mas não inquestionável), vai logo para a posição extrema, usando as estafadas etiquetas de direita e de esquerda como se isso ainda tivesse algum sentido...
Repare que em nem digo que o Presidente não deve enviar o diploma para o TC...nem isso sequer...
Uma coisa é a legítima preocupação com a constitucionalidade do diploma outra coisa, bem diferente, radicalmente diferente direi mesmo, é não cairmos em interpretações pseudo-constitucionais, como sucedeu no caso recente, omitindo elementos de análise absolutamente essenciai - a brutal desigualdade entre sector público e privado em matéria de segurança de emprego entre outras - para justificar uma jurisprudência profundamente politizada, muitíssimo subjectiva, suscitando até reservas quanto à independência da decisão (vide a reacção virulenta do insuspeito Marinho Pinto)...
É esse o grande cuidado que, a meu juízo, o Presidente deve ter, o que nada tem a ver com despreocupação em relação a eventuais inconstitucionalidades objectivas.
Entendamo-nos.
Caro Pinho Cardão,
Excelente síntese! As maiores barbaridades em matéria orçamental tiveram todas o beneplácito (tácito pelo menos) da autoridade constitucional...agora que chegamos a esta triste situação é que se levantam as vozes das carpideiras constitucionalistas.
Se isto não é cinismo - para dizer o mínimo - então o Sporting ainda vai ser campeão nacional esta época!
Caro João Jardine,
Não posso deixar de lhe dar uma boa dose de razão, embora tentando não ser, por ora, tão nihilista...
Caro João Jardine:
ResponderEliminarClaro, a perda de independência orçamental, claramente confirmada com o Memorando da Troyca, também é perfeitamente constitucional. Aplicar o memorando acordado é que não é lá muito constitucional...
Haja Deus!...
Caro Tavares Moreira, um relógio parado está certo duas vezes por dia....Admito que o PR possa estar certo uma vez por semana.
ResponderEliminarCaro Pinho Cardão
ResponderEliminarCom toda a franqueza, não percebo o seu comentário.
O acordão do TC reflecte um entendimento jurídico formalista que é a "filosofia" dominante no ensino de direito. Sobre isso, não há nada a fazer, senão, esperar que o tempo passe.
Repare, numa folha de papel o senhor A e o senhor B acordaram respectivamente com C e D um acordo de trabalho. O senhor C só paga ao A se retirar dinheiro ao D que, por sua vez, terá de pagar menos a B ou obrigar o B a maior produtividade. O senhor B tem em comparação com o senhor A responsabilidades acrescidas, dado que tem de pagar-se a si e ao A. Mais o pormenor que, A sem o dinheiro de D não recebe.
O TC considerou que A e B, porque têm um acordo num papel igual; e, porque a lei porque se regem nas relações com os seus contratantes, são iguais ou quase iguais. Que quer que lhe diga? É um entendimento como outro qualquer; como já lhe disse num outro comentário a um post seu, os juízes do TC não desembarcaram recentemente de Marte, andam por cá há muito tempo e reflectem, pelo menos uma parte do país em que vivemos.
Outra coisa é avaliar o desempenho do governo, entidade que, como sabe e no meu entendimento, está para resolver os problemas de uma forma eficaz e não andar a buscar fugas. Por forma eficaz é cumprir o essencial do programa: alterar estruturalmente a nossa economia e o estado de modo a evitar a pedir ajuda. (Faço-lhe notar que, em 900 anos de história este regime já nos levou, em menos de uma geração, três vezes à falência e, curiosamente, não existem riscos importantes que ponham em causa a sua viabilidade).
Ora, ao cabo de 15 meses, podemos com algum grau de certeza afirmar que a aprendizagem do governo nos está a custar, perdoe-me a ligeireza, uma pipa de massa, e com uma baixa relação custo/benefício.
Cumprimentos
joão
Caro Tavares Moreira (vamos passar por cima dos títulos. Eu também dispenso o meu...),
ResponderEliminarEm primeiro lugar devo dizer-lhe que as suas adjectivações à minha pessoa começam a ser cansativas e que se insiste nelas terei que infelizmente deixar de participar nos posts lançados por si.
Em segundo lugar, o meu caro não foi acusado de insinuar que o Presidente não se deve preocupar, mas insinua que os «bem-pensantes», termo que usa de forma depreciativa e com insinuação, se preocupam e não deviam. Pois eu respondo-lhe que deviam. E bem. E como já foi dito em cima, é preferível detectar uma inconstitucionalidade antes, do que depois, como o demonstra o passado recente. Para não falar que a Constituição é a mãe de todas as leis, a nada se submete, e a ela todos estão submetidos. Podem não gostar, e de algumas coisas eu não gosto, mas é assim mesmo.
- Em terceiro, não espera que EU lhe vá explicar quais são as disposições inconstitucionais. Apenas lhe digo que há quem considere o nível de tributação e a progressividade dos escalões inconstitucionais. E mais umas coisinhas... Como já deve ter lido e ouvido. Não acho descabidas as dúvidas e acho que deviam ser esclarecidas antes. Por favor não me faça desafios destes dado que são o equivalente futebolístico ao "vai lá para o campo a ver se fazes melhor"...
- As etiquetas Esquerda-Direita não estão esbatidas e são hoje mais claras que nunca. Há claramente essa clivagem, e ela acentuou-se com a crise, apesar de não esperar que andemos por aí de t-shirt do CHE. Concedo contudo que é para mim uma surpresa ver-me a concordar com as opiniões do Dr. Bagão Félix e da Dra. Manuela Ferreira Leite, mas voilá, a vida prega-nos partidas. Contudo, Esquerda e Direita têm posições bem diferentes sobre os factos da crise e a forma de resolve-la. Apenas estamos no Século XXI e o meu caro não vê mais os clichés do século XX.
- Em relação à análise da decisão dos juízes do TC versus a sua creio que a sua análise de carácter mais analítico não estava nos pressupostos da análise dos juízes. Lembre-se: eles analisam apenas a constitucionalidade da Lei. Nada mais.
- Uma Constituição é um documento político.
Relativamente ao Presidente, posso assegurar-lhe que a explicação que deu aquando do anúncio de inconstitucionalidade da tal medida no anterior OE, é deplorável:
"não podia arriscar que houvesse uma inconstitucionalidade que pusesse em causa a urgente entrada em vigor do OE", isto mais coisa menos coisa, foi isto.
Ora um Presidente da República deve cumprir e FAZER CUMPRIR a Constituição. Não pode dar explicações destas de modo algum!
Espero tê-lo esclarecido ponto-por-ponto às perguntas formuladas na resposta áspera e agastada com que desagradavelmente, invariavelmente e desnecessariamente me presenteia de cada vez que fala comigo.
Cumprimentos,
cmonteiro
"análise de carácter analítico" não é coisa bonita de se ler e é o que dá escrever à pressa e sem ler antes de publicar, mas o que significa é que os juízes não equacionam os pressupostos que enuncia na sua resposta.
ResponderEliminarCaro João Jardine:
ResponderEliminarAgora, não percebo eu. Pois se até pensava que o meu comentário ia no sentido do seu...
Caros Tavares Moreira e Carlos Monteiro:
Proponho um armistício. Entre gente de bem, a paz é sempre possível. E a mesa é um bom pretexto. Vou tratar disso, e arranjar pelo menos uma testemunha de cada lado. Por alturas da sobremesa, será aplaudido o abraço da reconciliação.
Portanto, até lá, tréguas nos desacordos mais veementes!...
Caro Pinho Cardão
ResponderEliminarAs minhas desculpas pelo lapsus interpretativus
Cumprimentos
joão
Caros Pinho Cardão e Carlos Monteiro,
ResponderEliminarNa minha perspectiva de debate, eminentemente pacífica,sempre, não existe qq risco de ruptura com o Comentador CMonteiro, pela simples razão de que, apesar das diferenças de pontos de vista que nos separam, expressas de quando em vez de forma mais acalorada, existe respeito mútuo no essencial.
Agora se o ilustre Comentador Carlos Monteiro quiser deixar de comentar os Posts que aqui edito, ele estará no pleníssimo direito de o fazer, não me cabe contraria-lo, tampouco irei questionar a constitucionalidade de tal decisão.
Limito-me, por ora, a concluir que o ilustre Comentador não se sente nada incomodado com os agravamentos fiscais que terá de suportar em 2013,especialmente em sede de IRS, ao contrário do que julgo ser o sentimento generalizado dos cidadãos nacionais sujeitos a essa tributação - mas também aí, mais uma vez, estará no seu pleníssimo direito...
Caro Tonibler,
O Senhor admitir que o Presidente pode estar certo uma vez por semana - ou seja 52 vezes por ano -é um progresso assinalável, que merecerá ser celebrado em próximo repasto que venhamos a organizar e que espero não nos faça esperar muito...
O que o 4R consegue!
Caro Tavares Moreira,
ResponderEliminarPassemos já ao conteúdo: Importo-me sim em pagar tal carga de impostos, mas se há ano e meio tivessem vendido a RTP, passado de 350 municipios para 100, e feito tantas outras coisas que todos julgávamos que iam acontecer em vez de virem com mais do mesmo - os impostos, os tais que não podiam recair sempre sobre os mesmo - e que ainda por cima foi feito de forma atabalhoada, falhada e inconstitucional, se calhar agora estávamos a ter outra tema de conversa.
O Tribunal Constitucional é o bode expiatório do falhanço, agora?
Pois...
ResponderEliminarCaro Carlos Monteiro,
ResponderEliminarTenho a percepção que estamos a atravaessar uma fase difícil, em matéria de nos fazermos perceber um ao outro...
Assumo a minha responsabilidade neste "gridlock" do qual, como pessoas de boa vontade- dou-lhe esse crédito, sem hesitação - temos obrigação de pelo menos de tentar sair...
Eu não disse que o TC é bode expiatório de coisa nenhuma nem me interessa esse tipo de considerações se me permite o desabafo.
O que eu disse e não me cansarei de repetir - está escrito no relatório da 5ª Avaliação do Programa divulgado pelo FMI em 27 de Outubro findo, não é invenção minha - é que a jurisprudência (absolutamente bizarra, na minha opinião e não só) do TC obrigou a alterar os parâmetros de elaboração do OE/2013, tornando inevitável o aumento da tributação sobre o sector privado, não apenas os trabalhadores, os mais atingidos, mas também sobre os investidores, neste último caso ao arrepio das necessidades da política económica.
Para mim, esta jurisprudência do TC é uma machadada de uma injustiça incomensurável em relação ao enorme trabalho, esforçadíssimo e digno de todo o respeito, das empresas portuguesas (empresários e trabalhadores)que estão a tirar o País da crise em que se deixou atolar - sem que o mesmo TC tenha, alguma vez, mexido uma simples palha ou sequer murmurado um sussuro, para evitar tal tragédia.
É isto que eu não entendo e não aceito, mas o Senhor, bem mais feliz do que eu, parece aceitar e compreender.
E é esta, em simples resumo, a nossa diferença. Absolutamente pacífica, é evidente.
Três notas breves e tardias:
ResponderEliminar- É fundamental preservarmos o Estado de direito, que confere a protecção legal, a previsibilidade, a equidade, a proporcionalidade e outros quesitos indispensáveis à vida de uma sociedade e à tomada de decisões pelos cidadãos.
- A suspensão dos direitos que caracteriza o estado de excepção é uma medida formal, da competência das mais altas instâncias do Estado, só admissível em situações de grande risco nacional, por período claramente delimitado e o seu abuso configuraria uma situação ditatorial.
- Discordo da assimilação do TC a um laboratório químico, já que a análise química é sempre destrutiva enquanto o TC tem uma função construtiva, mas esta será a menor das nossas discordâncias.
Caro Tavares Moreira,
ResponderEliminarSomos pessoas de boa fé, e portanto entendernos-emos, como é óbvio. Deixa-me novamente passar já ao conteúdo em debate:
Eu também posso conceder que a interpretação do TC causa alguns engulhos à gestão financeira do país (e à minha também), mas... isso é para o futuro!!
A inconstitucionalidade do OE não afectou o exercicio passado/corrente, onde a política do governo beneficiou dessa medida e mesmo assim o governo falhou!
Creio que há aqui alguma coisa que não bate certo, não acha?
O que eu gostava mesmo que o meu caro falasse, o que só fará se assim entender, como é óbvio, com toda a sua sabedoria sobre estes assuntos, é das reformas não feitas! Porque há reformas não feitas e navegação à vista. E é aqui que eu divirjo do consenso geral de achar que este ministro das finanças é a ultima bolachinha do pacote.
Pessoalmente com grande espanto próprio, e algum humor também, vejo-me a acenar com a cabeça afirmativamente cada vez que o Dr. Bagão Félix fala. Ele há coisas...
Caro Impaciente,
ResponderEliminarSeja um poucachinho mais paciente, se não se importa...como descobriu que o TC foi assimilado a um laboratório?! Por ter sido referido o "laboratório do TC"?
Então considera também que quando se faz referência, por exemplo, à farmácia do Hospital de Sta Maria, se está a assimilar esse Hospital a uma farmácia?
Não é possível fazer referência, em sentido figurado claro está, a um laboratório do TC,que logo se incorre no "sacrilégio" de assimilar o TC a um laboratório?
Confesso enorme dificuldade em entender o que se passa no ambiente para ter ficado tão toldado, qq comentário que se faça desperta reacções avantajadas...
Admito que seja a falta de dinheiro para o Estado continuar, como no passado, a espalhar milhares de milhões de Euros, a eito e sem qq racionalidade económica e social, estabelecendo um regime de felicidade totalmente assimétrico...e agora, que não há dinheiro, vai ser necessário reajustar os hábitos de vida numa extensão inimaginável...e isso custa imenso a assimilar, será?
Caro Carlos Monteiro,
ResponderEliminarA expressão "alguns engulhos" com que caracteriza, em versão minimalista, o impacto da jurisprudência do TC sobre a gestão orçamental - aditada da atenuante "isso é para o futuro!"- deixar-me-ia à beira de um ataque de nervos se eu ainda fosse pessoa para me enervar...que já não sou!
De facto, menorizar dessa forma o impacto estrondoso que vamos sofrer a partir de Janeiro próximo na folha de salário, é bem mais supliciador do que as declarações de Isabel Jonet que estão provocando uma verdadeira tempestade de copo de água nas redes sociais...
Mas, para não fugir á questão que me coloca, só posso responder-lhe com o relatório do FMI referente à 5ª Avaliação do PAEF (Pág. 4) que passo a citar em inglês, se me permite: "Macroeconomic imbalances have been reduced sharply since the start of the program. By end-2012, some 2/3 of the 10 percentage points of GDP of underlying structural fiscal adjustment required to stabilize public debt will have been completed".
Ou seja, estamos agora a cerca de 50% do prazo (ajustado) de realização do Programa e estão cumpridos 2/3 do objectivo orçamental.
É a isto que chama "falhanço" no cumprimento do Programa?
Haveria outros objectivos de que o ilustre Comentador tenha conhecimento e que não tenham cumpridos (eu não conheço)?
Se sim, agradeço-lhe que me alerte que eu, de imediato, darei a mão à palmatória pode estar certo.
Uma última palavra para a oportuna citação - com sinal de aprovação da sua parte- de declarações de Bagão Félix.
Ele declarou esta tarde que a Constituição "se transformou numa peça de museu"...Também aprova?
Caro Dr. Tavares Moreira
ResponderEliminarPeço-lhe que não se impaciente com a brincadeira da análise química mas, pegando-lhe na deixa, o que me preocupa é que os nossos alquimistas de serviço não avaliem bem as condições de pressão e temperatura com que querem fazer a síntese química que nos transformará em produtos de alto valor - química fina.
Se as variáveis do processo estiverem fora dos parâmetros, poderemos ter o cracking das cadeias moleculares que constituem o tecido social e as consequentes cisão nuclear e explosão atómica do sistema político.
Como sabe, o contrôle da temperatura nos reactores é determinante para a produção controlada de energia ou a destruição total.
Aqui, o respeito da lei fundamental e das regras de funcionamento e previsibilidade sociais é equivalente ao contrôle da imersão das barras de carbono nos reactores nucleares: resulta ou explode - daí as minhas duas primeiras observações.
Caro Tavares Moreira,
ResponderEliminarEu julguei que o ministro Gaspar estava sozinho, mas afinal, não.
O que eu não percebo é porque é que o programa foi prolongado, o orçamento rectificado e mal fadado défice não atingido.
Mas isso deve ser sinal de sucesso...
Falaremos quando começarem os tiros.
Caro Carlos Monteiro,
ResponderEliminarQuando isso começar - os tiros - estaremos do mesmo lado da barricada, pode crer! Ao lado da justiça e contra as injustiças, sejam de que sinal forem!
E espero que não me impute responsabilidades na redacção do relatório do FMI referente à 5ª Avaliação do PAEF...posso garantir-lhe que estou a milhas de distância desses trabalhos, ocupo-me apenas da minha vida profissional e isso já me dá muito que fazer!
Caro Tavares Moreira,
ResponderEliminarO que eu gostava era de saber o que não foi escrito... Porque quando passar ao papel, deixam de nos mandar dinheiro!
Segredos insondáveis, caro Carlos Monteiro, segredos insondáveis...esperemos que a sua suspeição não passe disso mesmo, quando não estaremos gregos, gregos, gregos...
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