segunda-feira, 3 de dezembro de 2012

2013: e se as previsões do BdeP baterem certo? Que Horror!

1. Já aqui fiz referência às mais recentes previsões económicas do BdeP, divulgadas há poucas semanas com o Boletim Económico do Outono, as quais causaram algum alarido pelo facto de incluírem uma queda do PIB de 1,6%, bem mais pronunciada que a antecipada pelo Governo no cenário MACRO da proposta de OE/2013 (-1%).
2. Todavia, as ditas previsões do BdeP não se esgotam na variação média anual do PIB, merecendo destaque dois outros desenvolvimentos não menos importantes: (i) reuperação da actividade económica a partir do 3º trim (inclusive), com variação positiva do PIB (valores em cadeia) e (ii) substancial excedente na balança de pagamentos, com um saldo positivo das balanças de Bens + Serviços, de 4,5% do PIB, bem como das Balanças corrente e de Capital, de 4% do PIB.
3. A verificar-se este cenário, em particular o fim da recessão a partir do 3º trimestre e um confortável excedente da balança externa – o que significará o desendividamento externo do País, a ritmo apreciável – poderemos estar defrontados com um impressionante virar de página no desempenho da economia nacional e com o que se poderá então chamar o "triunfo" do Programa de Ajustamento...
4. A verificar-se, tratar-se-á de um "triunfo" extremamente árduo, que implicou muito suor e muitas lágrimas para tanta gente – sobretudo para a imensa legião de desempregados e os milhares que foram forçados a emigrar pelo desemprego ou pela falta de oportunidades de emprego – mas, infelizmente, um processo de ajustamento com a amplitude que era requerida pela gravidade dos desequilíbrios em que a economia portuguesa caiu, dificilmente poderia ser realizado sem custos muito semelhantes...
5. Calculo que para os 77 Guerrilheiros (+1 Comandante), subscritores de uma carta muito comentada na pretérita semana, na qual era, pela Enésima vez, recomendada a demissão do Governo, bem como para o exército de Crescimentistas que diariamente nos acenam com alternativas de política de conteúdo misterioso, a simples possibilidade de vir a verificar-se o cenário antecipado pelo BdeP assume contornos de verdadeiro Horror...
6. Dirão, inconformados: mas existe a menor possibilidade desta política Troikista alguma vez vir a resultar em recuperação económica – pior ainda dentro de menos de 1 ano?! Esta política, repetem muito para lá da exaustão, só pode conduzir ao Abismo, aos Infernos, à Destruição da Economia e do Estado Social, NUNCA ao fim da recessão...se ela é a alma gémea da própria recessão, como é que poderá conduzir ao fim da recessão?!
7. Bem se poderá dizer-lhes, para que não caiam já no mais completo desânimo, que o cenário avançado pelo BdeP tem uma probabilidade de ½ de vir a verificar-se, pelo que existe igual possibilidade de não se verificar...mas a visão é por demais dantesca para que mesmo os 50% os possam sossegar, suspeito...
8. Admito por isso que venham a intensificar o seu combate, com ferocidade acrescida, tentando, por todos os meios, evitar que o fim da recessão (sobretudo) e o confortável superavit das contas externas possam vir a ocorrer na vigência do mandato do actual Governo...Que irão fazer os 77+1, mais os abnegados Crescimentistas, se a recessão acabar mesmo e o Governo ainda por cá andar (nem que seja coxeando)?! Nem quero imaginar o Horror da cena!...

29 comentários:

  1. Caro Tavares Moreira,

    Infelizmente, ficamos sem saber onde assentam as realistas previsões do BdeP: «reuperação da actividade económica a partir do 3º trim (inclusive), com variação positiva do PIB (valores em cadeia) e (ii) substancial excedente na balança de pagamentos, com um saldo positivo das balanças de Bens + Serviços, de 4,5% do PIB, bem como das Balanças corrente e de Capital, de 4% do PIB»

    É que, 99,9999999% da população entende exatamente o contrário.

    Não nos poderia elucidar?

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  2. Caro Diogo,

    As previsões do BdeP encontram-se amplamente fundamentadas no referido Boletim Económico do Outono do BdeP, páginas 71 a 78. Encontra esse documento no site do BdeP.
    Como por certo compreenderá,a explicação seria excessivamente longa para este espaço de comentários.
    Já agora, o facto de, como diz, 99,9% da população estar convencida do contrário - eu não estou convencido que assim seja, mas avante - resulta por certo da permanente metralha mediática (des)informativa a que essa mesma população se encontra sujeita...
    A chamada (des)informação "a que temos direito"...

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  3. Parece-me que mesmo com a felicidade de ver as previsões optimistas confirmadas vamos ter que continuar a ouvir a "metralha mediática" dos "crescimentistas " ( muito boas expressões ) porque para certas pessoas não há realidade nenhuma que não possa possa ser ignorada nem nada de bom que não se possa ver sob um ângulo negro.E vergonha , claro , não há.

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  4. Caro Tavares Moreira,

    Estou longe de me juntar às hostes crescimentistas, mas também não saio tão facilmente das trincheiras. E não saio porque há uma diferença substancial entre ter sido feito alguma coisa nesse sentido e ela acontecer apesar do que não foi feito. E os números felizes - que são, qualquer português deveria festejar tais números pelo que representam a todos os níveis - escondem várias batalhas perdidas contra o estado português. Ainda hoje se anunciou mais uma derrota com a RTP, ainda nada foi feito nas empresas públicas, ainda nada foi feito na educação e a justiça já nem dai do anedotario porque já ninguém sabe se ainda existe.

    Resumindo, números excelentes para o país mas infelizmente ainda não se livrou do estado.

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  5. Já há meses que oiço falar neste excedente da balança externa como estando prestes a acontecer. Mas parecem faltar sempre uns meses para acontecer. Quero ver para crer.

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  6. E se os números da balança comercial não fossem bons? Tirando não serem bons, não consigo entender que outras soluções haveria que não cada um de nós trabalhar melhor para serem bons... Não haveria qualquer solução que o estado pudesse tomar que mudasse este estado de coisas.

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  7. Entre os crescimentistas conta-se, ao que parece, o vice-presidente do Parlamento Europeu, Miguel Angel Martinez, que acha que, com os programas e resgate e a consequente austeridade, se está a dar, "como dizem os espanhóis, pão para hoje e fome para amanhã". Não conhecia o dito espanhol, mas parece-me que o que se está a conseguir com os resgates é exactamente o contrário: Apesar de podermos ter mais fome hoje, abrimos o caminho para o pão para amanhã. Se seguirmos o caminho das medidas onerosas para fomentar o crescimento, é que nos arriscamos a vir a ter fome amanhã.

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  8. Na minha opinião, achar que o Banco de Portugal tem 50% de probabilidades de acertar quando até aqui nem o Banco de Portugal, nem o Ministro das Finanças, nem o restante Governo, nem o FMI, nem o BCE acertaram em qualquer das previsões, chega a roçar o anedótico.

    Ser crescimentista é uma coisa, fazer fé em previsões, seja de onde for, "num clima de forte instabilidade económica e financeira" é utopia.

    Gostava que o senhor Tavares Moreira me explicasse como é possível que a nossa atividade económica comece a crescer a partir do terceiro trimestre de 2012. Em que é que se baseia este crescimento? Através de Investimento Direto Estrangeiro? Através do, tão esperado, refinanciamento da Economia através da Banca? Através de um segundo resgate? De uma renegociação da dívida?

    A nossa economia tem os dias contados e em Março, Abril estaremos numa crise (acima de tudo social!) de tal ordem que começaremos a falar uns para os outros em grego.

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  9. Caro Jorge Ventura,

    É bem capaz de ter razão, esta "rapaziada" é talvez inquebrantável nas suas convicções - a atracção pelo erro é irresistível - mas em qq caso terão de fazer um "esforço" de reconversão do argumentário e esforço é palavra muito mal conotado no léxico que utilizam...

    Caro Tonibler,

    No que respeita à RTP, comungo da sua perplexidade, desisti de tentar perceber o que por lá se passa (admitindo que algo diferente do habitual se terá passado), tenho bem pouca fé nas medidas prometidas, receio que o resultado final desta novela possa mesmo vir a ser o "up grade" do respectivo lugar na mesa do Orçamento...
    Quanto a outras EP's já não o posso acompanhar no cepticismo, tenho verificado que por exemplo no sector dos transportes se verificaram progresssos importantes, os resultados operacionais deixaram de ser negativos, houve reduções de custos bastante extensas...e o facto de as greves continuarem é sinal de que algo está realmente a acontecer...

    Caro Nuno,

    Quanto ao excedente da balança externa que nunca mais chega, não sei quais a sfontes a que recorre para essa afirmação/dúvida, mas posso dizer-lhe que segundo as estatísticas mais recentes divulgadas pelo BdeP, no período de Janeiro a Outubro a balança de Bens+Serviços registou um excdente de € 285 milhões e o saldo conjunto das Balanças Corrente e de Capital foi positivo, de € 900 milhões...sendo assim...

    Caro Freire de Andrade,

    Bem observado, só nos faltava mais essa, do afável Crescimentista do PE lançar uma frase de grande impacto mediático, que bem pode ser apropriada pelos Crescimentistas domésticos para reforçarem a sua campanha de denúncia dos neo-liberais...
    "Pão para hoje, fome para amanhã" tem realmente muita força, é excelente por exemplo para a renovação dos outdoors do BE, a repetição de tanta Troika já começa a cansar...

    Caro Carlos Praxedes,

    Como o entendo tão bem! O ilustre Comentador não tem obviamente que aceitar como boas, nem a 50%, as previsões do BdeP para 2013...
    Não se esqueça de que, por exemplo, a previsão de contracção do PIB para 2012, -3%, parece que vai mesmo bater certo...mas como a previsão para 2013 é menos má, acho que deve duvidar.
    E tb não vejo qq problema em que continue a atribuir mais crédito às visões catastrofistas que abundam pelos media, debitadas pelos Crescimentistas e por muitos outros devotados opinadores, se isso o faz sentir-se mais confortado, esteja à vontade...

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  10. Exmo. Sr. Tavares Moreira,

    Faça o favor de reler o Boletim de Outono de 2011 do Banco de Portugal (para uma situação análoga), nomeadamente o quadro 1 presente na página 93.

    O que lá está como projeção do PIB para 2012 é de uma contração do PIB de (-)2,2% para 2012.

    Aqui fica o link para o documento para toda a gente poder ler:

    http://www.bportugal.pt/pt-PT/EstudosEconomicos/Publicacoes/BoletimEconomico/BEAnteriores/Documents/bol_outono11_p.pdf

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  11. Caro Tavares Moreira,

    O facto das greves continuarem é sinal que não se fez nada, porque não me parece que haja mais greves agora que nos últimos 30 anos, atendendo que as greves dos transportes são "o sinal inequívoco do descontentamento geral com as políticas de direita de um governo que ataca as conquistas de Abril, pratica a política do quero posso e mando, ...".

    Se tivesse sido feito alguma coisa talvez existissem greves, mas eu já não tinha nada a ver com o assunto.

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  12. Caro Carlos Praxedes,

    Em 1º lugar e se não se importa, pode deixar cair o Exmo que aqui no 4R não é fórmula muito apreciada...
    Quanto às previsões do BdeP para 2012, pode elucidar-me porque razão foi utilizar, para tentar contraditar-me, a penúltima edição do Boletim Económico de 2011 e não a última, ou seja, a do Boletim do Inverno do mesmo ano?
    Certamente porque não achou conveniente?

    Caro Tonibler,

    A referência às greves, como terá reparado, foi apenas um complemento das anteriores considerações que lhe suferi quanto à significativa melhoria na exploração das EP's do sector dos transportes...a situação não é brilhante, longe disso, mas que tem havido uma evolução bastante positiva das condições de exploração, isso parece insofismável...
    Aconselho, se me permite, a leitura da edição do insuspeito Público, do último Domingo, na qual é apresentado um trabalho bem interessante sobre o tema.

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  13. Não foi por uma questão de conveniência, limitei-me a comparar o que era comparável de um ano para o outro, caro Tavares Moreira.

    Então, o senhor redigiu o seu artigo tendo por base as previsões do BdeP para 2013 presentes no boletim de Outono de 2012 e fica surpreendido por eu comparar com as previsões no boletim de Outono de 2011?

    Ainda para mais quando a diferença de projeções constantes em cada um dos boletins (de Outono e Inverno de 2011) se situou nos 0.8 p.p.?

    No Boletim de Outono de 2011, o BdeP projetou para 2012 um decréscimo do PIB de 2.2%.

    No Boletim de Inverno de 2011, o BdeP reviu em baixa as suas previsões e projetou para 2012 um decréscimo do PIB de 3.1%.

    No Boletim de Outono de 2012, o BdeP projetou para 2013 um decréscimo do PIB em 1.6%.

    Apetece dizer: o senhor consegue antecipar que o valor da projeção do PIB constante no Boletim de Inverno de 2012 do BdeP é de um decréscimo do PIB em 1.6%?

    Que motivos pode apresentar para argumentar que ao contrário do que sucedeu nos dois últimos boletins de 2011 (com uma diferença de 0.8 p.p.), o BdeP não terá argumentos para modificar a sua projeção?

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  14. Caro Carlos Traxedes,

    O Senhor fala em comparar o que é comparável? Mas comparável, como?
    Se o Boletim de Inverno do BdeP referente a 2011 é a última previsão para 2012, e o Boletim de Outono de 2012 é a última previsão para 2013, que mais é que poderemos comparar?
    Vamos omitir que houve um Boletim Económico do Inverno de 2011, só porque isso convém à sua causa anti neo-liberal?
    Com a devida vénia, não se enrede nem tente enredar-me em bizantinices interpretativas e reconheça que existe outra face da verdade para além daquela que teima defender sem qq glória.
    Se não quiser, pela minha parte esteja igualmente à vontade, já deu para entender que está do lado do "mainstream", é para aí que a corrente o leva, sentir-se-á mais confortável assim como já disse, durma descansado.

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  15. Pelo que li no relatorio do BP estamos na presença do mesmo fenómeno que existiu em 2011, quando as previsões foram demasiado optimistas.

    Nada indica que a procura externa seja a que o BdP apresenta para 2013, pois os indicadores avançados na U.E. estão a piorar e não a melhorar.

    A menos que a U.E. e a Zona Euro abandonem rapidamente as politicas de austeridade sincronizada.

    Por outro lado o desemprego já ultrapassou as previsões, o que prejudicará o consumo.

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  16. Caro Paulo Pereira,

    O que refere parece sensato, contudo a previsão do BdeP já incorpora esses desenvolvimentos menos favoráveis...
    Daí a queda mais pronunciada do PIB do que a subjacente à proposta orçamental, em resultado de um desempenho mais desfavorável do consumo privadoe público e do investimento (sobretudo o privado, este último o aspecto mais negro da previsão, na minha optica).

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  17. Acho que o BdP estava a ser muito optimista quando à inflação e à procura externa .

    Veja de hoje :

    ECB's Nowotny: Euro zone growth prognoses revised downward with Southern Europe contracting in 2012 and 2013

    Quanto à capacidade de ganhar quota de mercado no exterior estou muito pessimista, dado o pessimismo que existe , ou seja os empresários dificilmente vão arriscar aumentar o esforço de marketing nesta conjuntura europeia e mundial.

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  18. Caro Paulo Pereira,

    Tem todo o direito de estar pessimista, mas pode tb acontecer que o desanuviamento da "crise do Euro", que começa a pressentir-se com o renovado interesse de Hedge-Funds por dívida de periféricos, acompanhado da eventual (à inglesa)superação do pesadelo do "fiscal cliff" nos USA constituam ingredientes para alguma reanimação da actividade económica global...
    Um ano muito interessante, 2013, mas cuja tonalidade deverá ficar definida, para pior ou melhor, mais cedo do que é habitual...
    Quanto à capacidade de ganhar quota de mercado, ela ficou bem evidenciada no corrente ano, não constituirá qq surpresa.

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  19. Se de facto se verificarem as mais optimistas previsões do BdeP, os Crescimentistas vão alegar que se fossem eles a definir as políticas económicas, a taxa de crescimento do PIB será sempre demasiado baixa, pois uma política Crescimentista conseguiria muito melhor :)

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  20. Caro Pedro,

    É bem capaz de ter razão, os Crescimentistas, em matéria de imaginação criativa, nomeadamente no campo do ilusionismo político-económico, mostram-se assaz poderosos e perseverantes!

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  21. Parece-me que os Austeristas estão bem pouco cotados no dominio das previsões nos dois ultimos anos !

    Principalmente os desvios colossais no desemprego e na receita fiscal.

    Parece que os modelos dos Austeristas deixam muito a desejar, nomeadamente parecem dar pouca importância á diferença entre causa e efeito.

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  22. Caro Paulo Pereira,

    Muitos parabéns pelo golpe de imaginação "copista"! Descobrir o étimo Austeristas é realmente um prodígio de imaginação...
    Mas poderia ter-se lembrado de Austeritaristas - combinação de Austeridade com Autoritarismo - até ficava melhor nas actuais circunstâncias!

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  23. Caro Tavares Moreira,

    Não fui eu que inventei o termo Austeristas, copiei de qualquer lado , talvez do blog do Krugman.

    Não estou a ver onde está o Autoritarismo em decisões de um governo democrático, com maioria absoluta no parlamento.

    Mas o importante são os erros de previsão colossais do governo e outros apoiantes do Austerism, causados a meu ver por erros de lógica nos modelos, ao não distinguirem com clareza as relações da causalidade.

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  24. Caro Paulo Pereira,

    O meu cumprimento não lhe foi dirigido necessariamente, o destinatário será o autor da expressão Austerista que, não sendo o Senhor, será outro ilustre personagem.
    Quanto ao Autoritarismo, o governo não é para aqui chamado, as acusações desse tipo têm sido dirigidas com mais intensidade contra a Troika e contra os mercados, basta prestar alguma atenção aos outdoors, às centenas, espalhados pelo País chamando a atenção para a submissão ao poderio externo simbolizado na Troika...
    Relativamente aos erros de previsão colossais que aponta, creio que estará com especial atenção ao facto de o BdeP ter previsto para 2012 (no Boletim Económico do Inverno, editado no início do ano) uma queda do PIB de 3,1% e neste momento se admitir uma queda de 3%...será isso?

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  25. A minha opinião sobre esses cartazes é que são inuteis e até ajudam o governo na sua politica Austerista que até o PM já disse que ia além da Troika.

    A melhor forma de demonstrar o erro das politicas Austeras do Governo e da Troika é demonstrar o erro que são, mediante os maus resultados obtidos. A agitação social só favorece o governo em termos de opinião publica.

    Os erros de previsão colossais do governo foram segundo o próprio governo o enorme aumento do desemprego e a grande redução da receita fiscal.

    Registo ainda a incoerência do governo quando conta com a expansão externa mas apoia na U.E. o Austerismo.

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  26. Caro Paulo Pereira,

    Vamos, sinteticamente, por partes.
    Em 1º lugar, esse conceito de "maus resultados obtidos" é tão ilusório quanto o são as aspirações de crescimento, sem meios, no actual contexto.
    Os resultados obtidos, nesta fase de correcção dos desequilíbrios da economia, avaliam-se em 1º lugar pela rapidez de ajustamento e, nesse particular, até lhe direi que são muitíssimo bons...mas são mérito das empresas privadas acima de qq outro sector da economia!

    Em 2º lugar, quando mencionou os erros colossais (!) de previsão não os limitou ao governo ams alargou-os a outros apoiantes do ("seu") Austerismo...daí que a lembrança das previsões do BdeP, como o erro colossal quanto ao PIB de 2012 (-3,1% em vez de -3%) me tivesse parecido adequada, espero que não me leve a mal...

    Em 3º lugar e quanto à expansaão externa, ela tem sido devida a enormes ganhos de quota de mercado em países não zona Euro (com a notável e surpreendente excepção da Grécia para onde as exportações nacionais expandiram cerca de 200% até Setembro), pelo que qualquer correlação entre o ("seu") Austerismo e o comportamento das exportações não será boa ideia, em princípio.
    Mas, dito isto, devo confesar-lhe que acho bastante interessantes as suas observações.

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  27. Caro Tavares Moreira,

    1 - O unico indicador que "salvou" o governo foram as exportações cujo sucesso é das empresas respectivas como diz e para fora da U.E, porque para dentro da UE estamos a regredir, ou seja a perder quota de mercado.

    Mas fora da UE o crescimento económico está a reduzir-se , pelo que nada garante um crescimento das exportações em 2012 de 5%.

    Acho mesmo que estamos já numa fase em que a concorrência internacional se está intensificar e que o crescimento das exportações será baixo ou nulo.

    O comportamento das empresas exportadoras altera-se quando as vendas começam a estagnar, passando a ser muito mais agressivas.

    por outro lado sinto um certo "cansaço" nas empresas exportadoras nacionais que também vendem para o mercado interno.

    2 - A previsão do PIB do BP em Março não invalidou a colossal surpresa na taxa de desemprego e na receita fiscal do governo, é do governo que falo pois é ele que define as politicas, acho .

    Eu nem entendo como é que com um PIB a descer 3,2% se podem surpreender com o desemprego a aumentar 3,2% ou mais, nem entendo a surpresa da receita fiscal.

    Só posso entender essa surpresa porque os modelos do MF não têm em conta a relação procura total -> emprego / receita fiscal.

    Aliás já li vários artigos do BCE onde essa relação causa-efeito não está bem explicita.

    3 - A minha critica ao Austerismo fiscal é que é uma "ideologia" ilógica porque está a ser aplicada num bloco económico enorme.

    Portugal precisa de um programa de apoio às empresas dos sectores transacionáveis a uma escala tal que possa compensar os efeitos devastadores actuais.

    Uma boa noticia que animaria as hostes seria a extensão a Portugal das ajudas que a Grécia teve agora.

    Sem isso o ânimo vai cair muito mais.

    Veja as vendas a retalho de Outubro .

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  28. Caro Paulo Pereira,

    Já percebi que tem uma clara preferência por perspectivas negativas, e está no seu pleno direito de as ter e de fazer delas o uso que mais lhe aprouver.
    Mas por ter perspectivas negativas não pode tentar torcer a realidade a seu favor, de modo a conforma-la a essas perspectivas, pois a realidade é só uma.
    Assim, quando comenta as exportações para a UE, sendo verdade que para alguns mervados elas estão em queda - Espanha, em especial (-4,6%), tb Alemanha (-1,3%), noutros casos - e posso citar a Holanda (+9,8%), a Bélgica (+10,5%), o Reino Unido (+8,4%), a Itália (+4,6%), a República Checa (+15,9%), a Finlândia (+14,6%), a Grécia (mais de 200%) isso não é assim.
    Depois, essa sua noção de sentir "um certo cansaço" nas empresas exportadoras é uma novidade que, se puder explicar um pouco melhor, seria sem dúvida interessante. Conduziu algum inquérito para concluir sobre esse cansaço? Se não, como o adivinhou?
    Ainda, aquilo que chama de Austerismo não me parece que seja nenhima ideologia, nos casos que conheço trata-se de corrigir desequilíbrios económicos que, caso não fossem agora tratados, mais tarde seria pior.

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  29. Caro Tavares Moreira,

    Admiro o seu optimismo no que respeita às exportações.

    Espero que tenha razão, eu estou pessimista e as informações que tenho de vários empresários dos sectores tradicionais da zona norte não é animadora.

    A minha critica aos Austeristas é que em Portugal a austeridade é exagerada e mal aplicada, porque se baseia em aumento de impostos e não em racionalização da despesa.

    Na U.E. o Austerismo é mesmo uma ideologia, porque a U.E. e a Zona Euro têm contas externas equilibradas pelo que nada justifica esta ideia ilógica.

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