"Não conheço uma única pessoa que
não prefira o crescimento à austeridade...Nem mais tempo nem mais dinheiro são
suficientes, por si só, para assegurar crescimento económico. Portugal
beneficiou de todo o tempo e de todo o dinheiro para poder crescer, pelo menos
a partir de 1985. Depois de um período inicial em que tudo pareceu correr bem,
a partir da viragem do milénio a economia portuguesa praticamente não cresceu….
…Podemos hoje reivindicar mais tempo e
mais dinheiro. E eu posso acompanhar essa reivindicação, mas tenho de saber
porquê. Porque, se mais tempo e mais dinheiro servirem apenas para aliviar a
austeridade, como pretendem alguns (menos impostos, mais despesa, manter
défices públicos mais elevados) a essa proposta eu direi não. Se o objectivo é esse, poderíamos até
melhorar a vida dos portugueses durante mais algum tempo, mas estaríamos a
fazer tudo menos a promover o crescimento económico - estaríamos apenas a cavar
mais fundo o poço da dívida. Na aparência, estaríamos melhor; na essência,
ficaríamos pior. Dessa terapia já tivemos o suficiente. Seria completamente
irresponsável.
Querem
mais tempo e mais dinheiro? Muito bem. Prossigam a via da austeridade. E digam
como é que vão usar o tempo e em que é que pretendem gastar o dinheiro".
Daniel Bessa, Expresso
de 1 de Dezembro-Crescimento versus Austeridade
Síntese brilhante! Mas, sobretudo, lúcida. Muito lúcida.
Este comentário foi removido pelo autor.
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ResponderEliminarFico num embate ponderativo de concordar e odiar tal opinião - que verdade seja dita é a mesma que a minha.
Poderia dar uso a grandes retóricas mas a verdade é que, dando azo a um simplismo conclusivo, a expressão "apertar o cinto" já nos acompanha a todos desde o século passado.
A real preocupação, e cada vez mais se denota, é se a autocracia não será uma real solução - com todas as impertinencias adjacentes.
É que ela por ela.....
E mesmo assim ainda enfermo de alguns vícios socialistas como achar que o crescimento se faz por decreto. Mas é claramente uma evolução que se verifica no prof. D. Bessa que devemos elogiar. Não está perfeito, mas caminha para lá...
ResponderEliminarO Daniel Bessa não diz nada de util.
ResponderEliminarBasta ver a evolução do desemprego e das receitas fiscais para perceber que este rumo é inviável.
Logo é preciso outro rumo.
Um rumo que aumente o PIB.
Qual a forma de aumentar o PIB é a pergunta que vale a pena fazer , o resto é perda de tempo.
Um rumo para aumentar o PIB é construir um hospital de S. Maria ao lado do hospital de S. Maria e destruir o velho. Não só se baixava o desemprego como se subia o PIB.
ResponderEliminarCaro Tonibler:
ResponderEliminarAcontece é que ninguém recebia um cêntimo, por falta de dinheiro: nem trabalhadores, nem fornecedores. Teríamos então um PIB poderosíssimo!
Será então o defeito do PIB, caro Tonibler, e da fiabilidade desse exclusivo ponteiro da balança?
ResponderEliminarPara uma lucidez total: porque é que o BCE empresta dinheiro a menos de 1% aos bancos, e estes emprestam-nos aos Estados, Empresas e Famílias a um juro muito superior?
ResponderEliminarAfinal, o que é o BCE? Não devia ser o Banco Central dos Estados Europeus? Não devia ser a casa da moeda dos Estados Europeus? Ou está ao serviço de outra coisa qualquer?
Cara Suzana,
ResponderEliminarO PIB é um conceito correcto do ponto de vista abstracto, mas um enorme problema em termos experimentais, digamos assim. As sondas que temos para o medir são muito ineficientes porque se baseiam no fluxo de dinheiro. Fenómeno muito aproveitado pelos políticos populistas, desde que faça circular dinheiro o PIB cresce. No caso limite do hospital de S.Maria ao lado do outro é um absurdo por ser 100% igual , mas a história de Portugal está repleta de casos em menores percentagens mas quase tão absurdos. Na realidade este exemplo é de PIB negativo , mas a medida vai dar positiva.
Por isso quando se vê estes apelos ao crescimento é razão para nos perguntarmos se não aprendemos nada...
PS: por razoes académicas escrevi este problema, do Hospital, que é uma impossibilidade física, a alguns economistas aos quais perguntava se existia erro e se existia qual era? Só um estudante da Nova respondeu correctamente que o PIB descia, não subia.
Caro Diogo,
ResponderEliminarO BCE é o banco central dos bancos europeus, não dos estados europeus, da mesma forma que o banco de Portugal não é o banco central das câmaras municipais. o facto do BCE emprestar aos bancos prende-se com o facto de estar a emprestar a sua responsabilidade porque o banco cumpre com as regras que o BCE impõe. O banco, depois, empresta a quem quer sabendo que vai ter que devolver todo ao BCE. Para o estado português , por um qualquer absurdo, aceder aos fundos do BCE teria que cumprir com as mesmas regras e, acredite, não sobrava estado nenhum....
Caro Tonibler, precisamente, a sua explicação mostra que o PIB está longe de ser apenas um "ponteiro" fiável para se medir o bom ou mau rumo de um País. E serve tanto para a recessão como para o crescimento, ou não? Ou seja, o que é que significa "Vamos começar a crescer"? Ou a percentagem das exportações sobre um PIB que decresce a olhos vistos? Daí a minha pergunta.
ResponderEliminarAs exportações crescem de forma relativa a si mesmas, não é preciso colocar o PIB ao barulho, até porque as exportações fazem parte da medida do PIB.
ResponderEliminarMas sim, serve tanto para a "recessão" como para o "crescimento". Mas esta é uma discussão que acontece a um nível ainda mais micro, como por exemplo na contabilidade dos bancos onde aquilo que é contabilizado não tem nada a ver com aquilo que foi vendido, embora seja rigorosíssima dentro do pressuposto de que o critério valorimétrico está correcto, isto é, a sonda que uso para a medição está correcta.
Agora, "no fim do dia" o resultado é igual. Os palácios do Ceausescu que o Sócrates andou a construir em cada escola secundária, as autoestradas, os 15 funcionários de cada biblioteca municipal, os 2 professores que estão fora da sala de aula por cada um que está dentro, etc. tudo isto são medidas recessivas e indiscutivelmente destruidoras do capital do país, independentemente daquilo que a medida do PIB nos possa dizer num ano ou noutro. Quando se fizer a contabilidade do país nas últimas duas décadas (e na próxima), o resultado final será tremendo em custos de funcionamento do país. As "recessões" que vivemos hoje são os "crescimentos" que vivemos ontem. No fim, o resultado daquelas medidas vai ser aquele que não poderia deixar de ser: destruição.
Tonibler,
ResponderEliminarNo caso português construir outro hospital provavelmente faria crescer o PIB mas aumentaria a divida externa , dado que parte dos seus materiais e energia necessarios à sua construção seriam importados.
Por isso as medidas para aumentar o PIB correctas serão aquelas que levam ao aumento das exportações ou substituição de importações.
Mas manter uma politica de austeridade por si só não resolve o problema português.
Alías como se vê na Grécia o que resolve é uma redução da divida e dos juros, quando as exportações não chegam.
Paulo Pereira,
ResponderEliminarAinda que fosse tudo nacional, nalgum ponto sairia porque um dos operários iria encher o deposito de gasoleo.
O problema português é apenas o estado português. Se se refere a austeridade como em "estamos em austeridade e por isso o estado não gasta dinheiro em apostas económicas" claro que resolve. Desde que pare de investir, já é bom.
E obviamente, não subiria o PIB, só subiria a medida do PIB, porque destruiria capital. Mesmo que o dinheiro viesse todo dos contribuintes.
ResponderEliminarObviamente que se directa e indirectamente não existisse aumento das importações o PIB subiria, porque o novo hospital seria melhor que o antigo e porque o dinheiro gasto no hospital iria parar ao sector privado que por sua vez o iria consumir ou investir , e assim sucessivamente.
ResponderEliminarOu seja , o que importa é o deficit externo, ou seja o que é necessário fazer é estimular por via fiscal ou de outro tipo as exportações e a substituição das importações.
Isso é perpetuum mobile económico, obviamente isso não é verdade e não existe. A necessidade de um hospital é coberta comohospital que lá está, construir outro e destruir o inicial seria de produto zero, tirando as ineficiencias administrativas necessárias e, logo, haveria destruição de capital e, consequentemente o produto seria negativo.
ResponderEliminarObviamente que um novo hospital é diferente de um velho hospital.
ResponderEliminarassim como um carro novo ou uma caisa nova são diferentes de um carro velho e de uma camisa velhas.
Não existe destruição de capital porque o novo é melhor que o velho.
E já agora , o dinheiro foi inventado para manter o perpetuum económico, porque não se gasta.
Pois, imagino que seja isso que diz a Economia, mas isso não é economia...
ResponderEliminarÉ a economia no planeta Terra !
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