1. Ao lerem o título deste Post, alguns dos nossos muito estimados Comentadores terão, naturalmente, a tentação de observar: olhem, este tanto mal andou a dizer e agora converte-se ao Crescimentismo! Mas nada de mais enganador...
2. Tenho aqui sustentado, desde sempre, que o grande objectivo do Programa de Ajustamento da Economia Portuguesa (PAEF) consiste na correcção dos desequilíbrios que a mesma evidenciou e acumulou ao longo de mais de 15 anos, reflectidos num sucessivo e enorme défice das contas com o exterior (vulgo balança de pagamentos)...
3. Esse desequilíbrio, como também sabemos, ficou a dever-se a uma excessiva expansão da despesa pública e privada, sem contrapartida na produção de bens e serviços transaccionáveis, a qual conduziu ao sobre-endividamento das Famílias, das Empresas e do Estado (em sentido amplo, compreendendo o Central, o Regional, o Autárquico e o Empresarial), bem como a uma bolha considerável no sector dos serviços não transaccionáveis (agora grandemente responsável pelo surto de desemprego)...
4. A não correcção desse desequilíbrio em tempo útil teria conduzido a uma catástrofe económica, financeira e social de grandes proporções, envolvendo a falência não apenas do sector privado (Famílias e Empresas, até agora duramente atingidos) mas também das várias componentes do Estado...
5. Foi exactamente para evitar uma catástrofe desse tipo que em Maio de 2011 se celebrou o PAEF, com a famosa Troika, incluindo uma parafernália de instrumentos dirigidos à correcção dos desequilíbrios assinalados.
6. O PAEF atribui enorme relevo à correcção do défice orçamental - como não podia deixar de ser, dada a enorme escala das despesas públicas no contexto da economia, que confere ao Estado (em sentido amplo, repito) o estatuto de agente económico de longe mais relevante - mas compreende igualmente um conjunto de medidas dirigidas à correcção do sobre-endividamento dos demais sectores.
7. Assim, o grande sinal de sucesso do PAEF será dado pelos indicadores do reequilíbrio externo da economia: balança de bens e serviços e balança corrente+balança de capitais.
8. Em 2013, as previsões do BdeP apontam para uma completa reviravolta das contas com o exterior, que deverá traduzir-se em SUPERAVITS da balança de bens e serviços de 4,5% do PIB (em 2012 praticamente equilibrada) e de 4% no saldo conjunto das balanças corrente e de capitais (ligeiro superavit em 2012).
9. Caso essas previsões venham a confirmar-se – é esta a grande incógnita para 2013 - poderá dizer-se, afoitamente, que os objectivos do PAEF terão sido amplamente cumpridos, representando mesmo um sucesso de tal ordem que qualquer 0,5% ou 1% de desvio no objectivo fixado para o saldo orçamental passará a ter um significado pefeitamente secundário...
10. É este que não outro o sentido do título dado a este Post...e, como podem verificar, não existe aqui a mais leve réstea de teoria crescimentista...
Dr. Tavares Moreira
ResponderEliminarMas será esse superavit suficiente?
Havendo uma retoma do consumo interno, haverá de novo mais importações e de novo se as exportações não ganharem maior peso no PIB voltaremos a ter desequilíbrios nas contas externas. Como é que vamos num curto período de tempo transformar a nossa economia de modo a corrigir este problema estrutural?
...ou olhem para o país e não para o estado. É curioso, mas o estado que deveria ser uma coisa perfeitamente acessória e destinada a facilitar, é aquilo com que os nossos sentidos são bombardeados a toda a hora, como se este povo nunca tivesse saído do feudalismo. Bem se pode dizer que orçamento é um problema do estado, apenas. Problema esse que pode desaparecer amanhã se decidirmos nesse sentido. Mas o importante é o país, é a economia, conceito aparentemente abstracto ao qual as pessoas insistem em colar ao estado mas que existe APESAR deste.
ResponderEliminarAgora, num país com um sistema de meios de comunicação tão independentes do estado como o sistema cubano, é natural que a barragem meditativa seja apenas sobre estado. Por falar em cubano, ainda não ouvi nada dos nossos media sobre o maior despedimento colectivo da história em Cuba....
Caro Dr. Tavares Moreira, não quero com este comentário, que pense o meu estimado amigo, que discordo daquilo que neste post expõe.
ResponderEliminarPeço-lhe também que não se ofenda, por achar as opiniões nele expressas, demasiado inocentes.
Refere o caríssimo Dr. no ponto 2 deste post, ser o "grande objectivo do PAEF, corrigir os desiquilíbrios económicos que se foram acumulando ao longo de 15 anos. Considero este prazo de tempo - que lhe serve - curto, curtíssimo, mas, dou-o de barato.
Aquilo que lhe pergunto, caro Amigo, olhos nos olhos, com toda a sinceridade; estima o caro Dr. T.M. que algum plano ou programa, dado o estado da economia portuguesa e a dependência (diria melhor: o espertilho) da dívida pública e das regras impostas pela Troyca, tenha a capacidade de corrigir seja o que for?
Olhe para o seu
Porto, olhe para a minha Lisboa, olhe para o Jardim da Madeira... esbanjam dinheiro em espectáculos públicos, grátis, cheios de fogo... de artifício.
Menciona o caro Dr. TM o BdP.
Sabe se nas caves fortes desse Banco ainda se encontram guardados os macabros lingotes de barras de ouro com a chancela nazi inscrita?
Esse ouro que nem uma catrefada de padre teria o poder de exorcizar?
Esse ouro que é feito dos dentes e das almas dos Judeus que Hitler mandou para o inferno?
Esse ouro que foi saqueado às famílias dos países ocupados durante a segunda guerra mundial?
Temos grandes dívidas por pagar, caro Dr. Tavares Moreira. Somos também credores de outras.
Que lhe parece, caro DR. T.M. se em vez de andarmos a construir castelos nas núvens, pensássemos antes em, com clareza, transparência e humildade, assumirmos os erros e reivindicarmos os direitos? Pagarmos as dívidas com os créditos e devolvermos aos legítimos donos aquilo que possuímos, sem ser nosso?
Talvez assim, dessemos a nós próprios uma lição de humildade, porém de honestidade... uma "vitamina" de que estamos vitalmente necessitados e que poderá ser o único "programa" capaz de fazer a economia portuguesa reerguer-se.
Senhor Dr. Tavares Moreira:
ResponderEliminarA execessiva despesa do Estado e dos privados que refere não irá continuar?
É que acabo de ler isto hoje: «Estado assumiu dívidas de 10 milhões de duas empresas de Baía ao BPN. Toda a história para ler no CM».
A quem trabalha honestamente, não esbanja nem trafulha, são exigidos sacrifícios duríssimos.
Estes (e outros) figurões (e passarões) têm a condescendência do Estado través do esforço que nos exige a nós.
Em que ficamos?
Meu caro Dr Tavares Moreira, venho lendo com muita satisfação os seus artigos neste blogue, dada a grande admiração que sempre me ligou à sua presença.
ResponderEliminarPermita-me que me identifique: Sou o João Cavaco e trabalhei sob suas ordens no BPSM. (Lembra-se de mim?)
APROVEITO PARA LHE DESEJAR VOTOS DE FELIZ ANO NOVO 2013.
Cara Margarida,
ResponderEliminarLevanta, e bem, a questão da sustentabilidade do novo equilíbrio macro-económico atingido na sequência do PAEF. Sobre isso, apenas poderei dizer o seguinte:
1)É de esperar que os decisores políticos percebam - de uma vez por todas - que as políticas de despesismo desenfreado que caracterizaram grande parte dos 15 anos anteriores ao início da aplicação do PAEF não serão mais possíveis.
2) É de esperar que os bancos entendam tb que as políticas de crédito que seguiram naquele mesmo período são profundamente nocivas da economia e do interesse dos seus accionistas.
3)E que as Famílias aprendam, com a marga experiência porque estão a passar, que o sobreendividamento é um risco que lhes pode ser fatal.
Na dúvida, sobretudo quanto ao cumprimento do primeiro quesito, ficarei mais tranquilo se tivermos a Troika na fase pós-programa, por mais uns anos, em função de observador e avisador solene de quaisquer desvios de navegação...
Caro Tonibler,
é reconfortante, neste cair do pano sobre 2012, concluir que nesta matéria temos perspectivas bastante convergentes...
Quanto ao tema de Cuba, alguma vez imaginou os nossos media capazes de, dando relevo a esse tema, se tornarem cúmplices do imperialismo, dos mercados e das agências de rating? Ainda que ousassem, por lapso manifesto de linha editorial, teríamos de imediato a reacção do Observatório Boaventureño, desmentindo o rigor científico de tal informação.
Caro Bartolomeu,
Para sermos rigorosos como deve ser, cumprirá regressar aos tempos de Afonso Henriques e seus imdiatos sucessores, começando por acertar as contas com os Mouros que indevida e cruelmente afastamos da terra a que hoje chamamos de nossa, saqueando-lhes os bens e chacinando populações indefesas e inocentes...
Em sentido contrário, deveremos fazer as contas com os franceses, pelas 4 invasões com que nos contemplaram ao tempo de Bonaparte, saqueando e destruindo bens, matando milhares de concidadãos.
Caro Manuel Silva,
A questão que coloca tem pertinência, na minha opinião, pertencendo ao domínio de uma enfraquecidíssima moral pública.
Quando se diz "ou há moralidade ou comem todos", somos forçados a concluir que comendo ou não todos, moralidade é que não há certamente.
Etc, etc, etc.
Quanto à dúvida que exprime, de saber se a excessiva despesa do Estado e das Famílias poderá continuar, remeto, com a devida vénia, para a resposta acima dada à Dr.ª Margarida C. Aguiar.
Caros Tavares Moreira e Toniblair,
ResponderEliminarO Estado (ou "este" Estado...) continua a ser o maior empecilho às famílias e empresas portuguesas. E este Governo tmb se revela incapaz de o reduzir...
Aqui:
http://jornalismoassim.blogspot.pt/2012/12/parece-que-o-mundo-nao-vai-terminar-mas.html
Ou aqui:
http://jornalismoassim.blogspot.pt/2012/12/a-refundacao-tambem-tera-de-passar-por.html
"Felizmente, à margem de partidos políticos, a maior parte dos portugueses tenta levar o País para a frente
http://jornalismoassim.blogspot.pt/2012/12/noticias-que-passam-ao-lado-das_27.html""
MEsmo assim, existem alguns heróis a levarem o País para a frente
http://jornalismoassim.blogspot.pt/2012/12/noticias-que-passam-ao-lado-das_27.html
Bom Ano a todos!
Caro Dr. Tavares Moreira, peço-lhe desculpa se estou a ser impertinente. Permita-me refirir-lhe que fE^z um pronunciado desvio às questões que coloquei no meu comentário.
ResponderEliminarE se me permite ainda; uma nota cronológica; somos devedores para com os Mouros, é verdade. Mas não lhes devemos nada pela expulsão. Devemos-lhes sim, pelo património cultural e científico que nos deixaram, porque eles também foram invasores e conquistadores. Nós não fizemos mais que remete-los ao seu território de origem. Saberá o caro Dr. que os nossos primeiros reis, negociaram com os alcaides mouros, em muitas conquistas, a preservação de pessoas e bens, caso a rendição fosse aceite.
Quanto aos saques executados pelos exércitos de Napoleão, de acordo. Mas não é só a frança que nos deve o que nos foi saqueado, também as tropas inglesas que vieram para nos auxiliar, acabaram saqueando o que puderam. Já agora, vale a pena acrescentar à lista, os quarenta anos de reinado castelhano.
Caro Perdi o medo,
ResponderEliminarPois me lembro muito bem, como vai o velho amigo João Cavaco que não tenho o gosto de ver há tantos anos, depois das formidáveis lides bancárias em que estivemos envolvidos?
Retribuo, muito sinceramente, os seus amigos votos de Bom Ano!
Caro Vítor Alves Pereira,
Subscrevo, no essencial, as dúvidasque manifesta. Espero, todavia, que este formidável aperto que estamos a sofrer tenha servido de lição para muita gente, incluindo os quase-impenitentes membros da classe política!
Temos de estar vigilantes, nós e a Troika (que é bem menos inimiga nossa do que muitos bandeirantes por aí querem fazer crer)...
Caro Bartolomeu,
Como terá reparado, eu segui o seu tácito convite para revisitar as contas mal fechadas com os nossos parceiros belicosos destes quase 9 séculos de história...
E nesse capítulo, posso perguntar se considera pacífica, por exemplo, a forma como os nossos monarcas e seus exércitos ocuparam Silves, cidade admirável do império árabe? E se acha que por esse facto não temos uma responsabilidade histórica de reparação?
Quanto aos 40 anos de reinado de Castela, se bem me recordo das leitiras que fiz, não terão sido assim tão negativos no que à qualidade da governação se refere...não sei pois se por aí teremos algum crédito histórico...
E, já que lembrou os judeus, não acha também que lhes deveremos uma reparação - não pelo ouro com a águia do reich que pouco vale - mas sim pelo tratamento desumano que aplicamos a tantos milhares nos séculos XVI e XVII? Ao ponto de aniquilarmos imbecilmente a sua contribuição para actividades económicas em que erma especialmente dotados e que tanta falta nos fizeram depois?
Concordo com o Senhor, caro Dr. Tavares Moreira.
ResponderEliminarNão existem ocasiões, sempre que nelas estão envolvidos genocídios, em que os fins justifiquem os meios.
Mas volto a perguntar-lhe; relativamente ao ouro que as caves do BdP guardam desde a época da 2ª guerra mundial; para e a quem podem servir?
Se não colocarmos obviamente em causa a legitimidade da posse.
INSISTIR em aumentar a austeridade em 2013 é uma tóntice irresponsável do governo e da.troika, pois as contas externas estão equilibradas desde maio ou junho de 2012 .
ResponderEliminarNa Irlanda Grécia e Espanha já fizeram marcha atraz
Ó Tavares Moreira, o que anda a fumar?
ResponderEliminarO comentário 1 destruiu por completo o «post». O amigo não reparou?
Caro Paulo Pereira,
ResponderEliminarO equilíbrio das contas externas que menciona e ao qual já aqui me referi por mais que uma vez, é um equilíbrio muito frágil, que pode desaparecer à primeira distracção -basta fazer aquilo que o Senhor, por exemplo, insiste em sugerir, reduzir as cautelas no contrlo do défice público.
E aí, paradoxalmente, tê-lo-iamos clamando pela necessdiade de repor o equilíbrio perdido?
Sabe, meu caro, "isto" não se compadece com amadorismos ou crescimentismos românticos, que por aí se têm desenvolvido como cogumelos! Ou se leva a sério ou nunca mais teremos economia em condições de crescimento sustentável (que bela palavra, não concorda?), pelo contrário passaremos a vida de PAEF em PAEF até perdermos a esperança...
Tenho muita pena, até gostava de concordar consigo, mas, honestamente, tal não me é possível.
http://www.publico.pt/economia/noticia/estado-injecta-1100-milhoes-de-euros-na-recapitalizacao-do-banif-1579109
ResponderEliminarCaro Tavares Moreira,
ResponderEliminarMais amadorismo do que este governo releva só mesmo o anterior.
Aumentar a austeridade em 2013 é irresponsável porque vai aumentar o desemprego e a pobreza para niveis insustentáveis e não vai ajudar a dinamização das exportações e da substituição de importações pois muitos empresários estarão descrentes e desmotivados e com falta de capital e crédito.
Por sua vez a recessão aumentará as perdas nos bancos que terão dificuldade em aumentar o crédito.
Ainda por cima este colossal aumento de impostos veio adiar a reforma do estado não social mais uma vez.