Uma coisa que me deixa intrigado é a argumentação
quanto aos efeitos perniciosos da subida de impostos na actividade
económica utilizada pelos sectores que mais propugnam por mais despesa
pública e mais Estado. Porque, dizem, essa subida diminui o poder de compra,
trava o consumo e o investimento, aprofundando assim a crise.
Fico intrigado, porque essa confissão é a melhor prova
de que a passagem do dinheiro privado para a esfera publica não cria actividade
económica, nem riqueza, antes provoca a diminuição de ambas. E constitui o
melhor argumento para comprovar que a despesa privada é reprodutiva e, para
além de certo limite, a despesa pública é inútil e prejudicial.
Que o argumento é bom para ser usado por sectores que
não se revêem no Estado máximo, mas querem o Estado reduzido às suas funções
essenciais, para melhor protecção do cidadão, de todos os cidadãos, até
concordo.
Mas a sua utilização
pelos defensores de mais Estado só comprova o cinismo ou, na melhor das
hipóteses, a loucura colectiva ue se apossou de muitos, partidos, políticos,
comentadores, jornalistas, economistas, pensadores de tudo e de nada. Porque,
no fim, sabem que mais despesa exige mais impostos e mais impostos aprofundam a
crise. Como dizem, afirmam e reafirmam.
Tudo lhes serve para aliciar o pagode.
Tudo lhes serve para aliciar o pagode.
Caro Pinho Cardão, e alguém sabe quais são as "funções essenciais do Estado para melhor protecção dos cidadãos, de todos os cidadãos"? E qual é a medida de impostos que o garante, ou qual é o contributo dos privados, no uso dos seus rendimentos livres de impostos, para que se alcance mais coesão e progresso? Há bons e maus, muito maus, exemplos, assim como há muitos "privados" que vivem à custa do Estado e muito dinheiro público que é muito bem usado a favor de todos. Na entrevista de ontem ao Expresso, Lagarde aponta como algumas das "maiores desilusões" do Programa de ajustamento "a elevada taxa de desemprego, a fragmentação do mercado de crédito, com os custos de financiamento das empresas muito altos e a dificuldade de reduzir as rendas excessivas nos sectores não transacionáveis". Ou seja, o custo do financiamento (problema dos bancos) e o peso de alguns sectores...privados.
ResponderEliminarO problema é que o estado não sabe qual é o limite da despesa (gasta conforme o dinheiro que tiver) e, como tal, só os privados lho podem fazer saber, deixando de pagar impostos. Pela economia paralela, por exemplo. É por isso que este poste é tão elucidativo...
ResponderEliminarCara Suzana:
ResponderEliminarEste assunto levaria muito longe. Todavia, o que eu pretendi dizer é que o argumento de que o aumento de impostos aprofunda a crise, nas actuais condições da economia portuguesa, não pode ser racionalmente usado por aqueles que defendem mais despesa pública. Porque é contraditório nos termos. Então se a despesa pública é assim virtuosa por que razão não promove crescimento? Repare que os meios são os mesmos, trata-se apensas de uma transferência dos particulares para o estado. Então como é que se pode dizer que esta transferência de fundos provoca crise e simultaneamente insistir na virtude da despesa pública?
Claro que, quanto mais impostos, maior desemprego. Ao nível dos particulares, a subida do IRS vai trazer muito desemprego nas empregadas domésticas, profissionais de serviços, etc, etc. O dinheiro vai para o estado e cria desemprego.
Caro Pinho Cardão,
ResponderEliminarO meu caro permite-se a ressalva de "até determinado ponto", em relação à despesa pública, mas não compreende que essas afirmações desses sectores, não vindo de nenhum líder Kmer, também têm subentendido que é "até determinado ponto".
Tanto literalismo na interpretação daqueles que acham que o Estado pode ser melhor e os impostos podem ser menos, não me parece nada democrático. Até porque de facto o Estado pode ser melhor e os impostos podem ser menos.
Contudo constanto que amiúde, as suas intervenções são críticas áqueles que criticam, mas não criticas áqueles que governam. Sim... de vez em quando diz umas coisas sobre impostos... e tal..
mas o que eu queria mesmo era aquele Pinho Cardão do tempo do engenheiro Sócrates, que nos ensinava porquê que a contabilidade do Estado é manhosa, porquê que as receitas extraordinárias são um embuste, porquê que o défice é importante, etc etc etc
sinto saudades, pronto....
Caro Carlos Monteiro:
ResponderEliminarMas esse sujeito de que diz ter saudades é exactamente o mesmo.
O mesmo que diz, como o meu amigo diz,e para usar as suas palavras, " que o Estado pode ser melhor e os impostos podem ser menos", que as receitas extraordinárias só formalmente alteram o défice e ocultam a realidade, que não haverá crescimento que se veja, enquanto for necessário financiar com impostos este nível de despesa pública, que já se devia ter encontrado uma solução para as rendas excessivas, quer das eólicas e outras renováveis, quer das autoestradas, e que, também por isso, não compreende que os reformsados possam ser espoliados das reformas para que descontaram.
Mas é também o mesmo que sabe que há um acordo assinado por Sócrates e pelo PSD com a Troyca, que impões deveres e também direitos. E sabe que os acordos, até serem revistos, são para cumprir.
E é o mesmo, que não pode deixar de ser mais permissivo para quem busca a cura do que o foi, ou é, contra quem obstinadamente semeou a doença.
Portanto, meu caro CMonteiro, sou exactamente o mesmo.
E sempre a gostar de o ler.
Abraço
Caro Pinho Cardão,
ResponderEliminarContinuo também a le-lo também, é porque o interesse se mantém! :)
Uma pequena ressalva: o acordo assinado com a troyca não é este. O acordo assinado previa medidas que ainda não forma tomadas nem o serão, nomeadamente a nível autárquico, e na redução da despesa.
E há novas decisões que continuam sem explicação, que não seja a de uma agenda secreta, ou por conta própria, ou por conta da troyca.
mas que o acrodo com a troyca não foi este, caro Pinho Cardão, não foi.
Aliás o governo iniciou o seu mandato a dizer que ia "além" ou "mais longe" do qe acordado com a troyca.
Não. Isto não foi o acordado com a troyca pelo PS e pior, isto não foi o que foi "vendido" na campanha eleitoral pelo PSD.