Morreu a freira espanhola acusada de ter roubado filhos a mulheres à nascença distribuindo-os, ou "vendendo-os", a famílias desejosas de satisfazer as suas libidos maternais. Um escândalo, uma verdadeira iniquidade, que pôs muitas mulheres na loucura quando souberam ou se aperceberam da maldade que lhes tinham feito. No caso vertente o problema é agravado pela circunstância de estar em causa uma religiosa, alguém que pela natureza e particularidade da condição abraçada consegue exponenciar ao infinito a maldade humana encapotada pela sombra da capa de serva de deus e do amor ao próximo. A denúncia ou qualquer comentário a propósito deste caso, tratando-se de uma irmã da caridade, é capaz de ser entendida por alguns proselitistas como um ataque à religião católica. Uma atitude que considero uma obscenidade, já que o que está em causa não é a religião, ou os seus princípios, mas quem os adultera e abusa da sua sombra. Aqui é que está o cerne do problema, um atentado aos direitos humanos e uma ofensa à dignidade sob a capa de entidades que, pelas suas características e finalidades, deveriam ser um muro de proteção contra qualquer ofensa. Uma cobardia que merece repúdio e indignação. Não me admiraria que fosse objeto de particular atenção pela "denúncia" de um caso desta natureza.
Não sei se existe vida do "outro lado", o mais certo é que não, embora, em certos casos, gostaria que houvesse, de forma que um "juiz digno", imparcial, e insensível a qualquer influência humana, fosse capaz de chamar à barra da razão e da consciência prevaricadores e desrespeitadores da condição humana. Como qualquer crime deve ser punido, ponho-me a imaginar qual a pena que a irmã deveria cumprir. Recuso liminarmente que o tal "juiz digno" fosse capaz de perdoar crimes desta natureza, porque ao fazê-lo estaria a comungar do mesmo princípio que o acusado. Às tantas, a morte foi mesmo libertadora, impediu que a freira fosse julgada pelos homens e, ainda por cima, vai conseguir "fugir" à ação de um juiz que deveria ser digno. A morte serve para muitas coisas, para alcançar a liberdade, fugir ao castigo, além de conseguir afogar qualquer um no sono do esquecimento.
É bom não esquecer este e outros casos.
«Uma atitude que considero uma obscenidade, já que o que está em causa não é a religião, ou os seus princípios, mas quem os adultera e abusa da sua sombra.»
ResponderEliminarNão poderá ter sido precisamente o fervor religioso, a levar essa mulher a cometer os actos que, julgando ser de caridade, são por nós julgados de iniquidade?
Isto, por exemplo, se as crianças em causa, nasciam num meio pobre, salobre, infecto das mais variadas iniquidades humanas.
Não sei até que ponto, poderia este caso ser julgado, mesmo que no celestial tribunal, pelo Digno Juiz.
Até porque, segundo parece, Ele perdoa mesmo aos mais ímpios e aos mais pecadores. Basta-Lhe que se declarem arrependidos do mal feito.
;)