quinta-feira, 10 de janeiro de 2013

O debate necessário...

A divulgação ontem do Relatório do FMI a partir de um conjunto de medidas noticiadas pelo Jornal de Negócios gerou uma grande tempestade política. Caiu na rua que nem uma bomba. A forma como o país conheceu a opinião do FMI não correu bem. Foi fuga de informação ou encomenda para que fosse assim? O que tenha sido só poderia causar um terramoto de reacções. Até não faltaram declarações ministeriais a manifestar a sua não concordância em relação a pressupostos assumidos no Relatório e outras a elogiar o trabalho realizado.
Pensemos no cidadão comum, o que pensará de todo este espectáculo, como pode ter confiança e esperança. O país anda atordoado com a austeridade e vive amedrontado com a incerteza do futuro.
Agora que se conhece o cardápio dos cortes que o FMI defende para “refundar” o Estado Social, é fundamental que seja feito um debate alargado com todas as forças vivas da sociedade,  mas que deverá começar a montante sobre que Estado é que queremos ter. Devemos começar por aqui, sejamos capazes de o fazer. O debate é muito necessário, só assim será possível obter uma base alargada de consenso absolutamente necessária...

13 comentários:

  1. Estou a ouvir David Justina na 8.

    Embora não concorde com várias coisas que ele diz, estou a ouvi-lo com gosto e atenção. Desde logo, porque ele sabe (em grande medida) do que está a falar.

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  2. Debate? receio que o tempo de debate já tivesse passado. De facto, está instalado um terrorismo social que não augura nada de bom. Faz-me impressão coo é que os políticos não se apercebem o que se está a passar.

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  3. a esquerda anda desesperada e nunca irá debater nada.
    seguro já o disse muitas vezes.
    querem sangue e mártires

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  4. "O debate é efectivamente muito necessário,"

    Concordo inteiramente.
    Mas não deve ser feito a partir de um parecer técnico, mesmo que esse docummento tenha a chancela do FMI,... nosso senhor.

    O Governo nunca deveria ter permitido a divulgação pública do documento antes de o discutir com os consultores e retirar dele, se assim entendesse, as medidas que entende dever submeter a debate público.

    Os portugueses não devem discutir um documento que, supostamente, não sabem em que medida correspondem ao entendimento do governo sobre as matérias nele abordadas.

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  5. No dia em que se conhece que o desemprego na Grécia atingiu os 26,6 % , ( Em Outubro de 2011 eram 19,7% ), e em que este país ultrapassou a Espanha com a taxa mais elevada de jovens sem trabalho , que chega agora aos 56,6 % ,propor um debate não será apenas dar a escolher ao condenado se quer morrer na forca ou na fogueira ?

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  6. «...é fundamental que seja feito um debate alargado com todas as forças vivas da sociedade, mas que deverá começar a montante sobre que Estado é que queremos ter.»
    Cara Drª. Margarida, confesso não entender o sentido desta sua ideia.
    "que Estado é que queremos ter.?" ou, que governo é que queremos ter? Ou, a esta altura dos acontecimentos, asfixiado como se encontra pela Troica, o FMI, o BCE, a moeda única, o Estado terá alternativa de poder ser outro Estado, seja governado por este ou por outro qualquer governo.
    Parece-me (parece-me, não, tenho a certeza) que cada dia fazem mais sentido, as palavras de Isabel Jonet.

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  7. Anónimo10:55

    Cara Margarida, o grande debate sobre as funções do Estado, um debate alargado que mobilizasse a sociedade civil e a incitasse a participar nele, que fosse buscar a nata da sociedade em cada um dos sectores para dar o seu contributo, esse movimento de excelencia e fundamental para as próximas décadas do país, esse debate não foi feito. Perdeu-se, aliás, uma oportunidade de ouro para o fazer. Não sei se agora ainda há tempo para isso. É um debate longo, de vários meses (até porque as soluções não são instantaneas e requerem o seu tempo de estudo e maturação) e, parece-me, neste momento já não há tempo para ele.

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  8. Caro Bonaparte
    Seria bom que os cortes não se transformassem num caso TSU, inviabilizando uma reforma do Estado que é necessário fazer. ´
    Caro Floribundos
    Tenhamos esperança que haja bom senso e que o interesse do país se sobreponha a um discurso político/partidário que está em marcha a pensar nas eleições autárquicas.
    Caro Rui Fonseca
    Por causa justamente do documento técnico do FMI é ainda mais necessário fazer um debate. O governo deve fazer o seu trabalho, ter uma proposta política para apresentar ao país, mas não apenas uma lista de cortes que se resuma à redução de pessoas, redução de salários e pensões e redução de prestações sociais.
    Reformar o Estado e repensar o Estado Social não se ponde confundir com medidas de austeridade. As reformas devem ser pensadas para um futuro que se quer de prosperidade, nos planos social e económico, em que o país seja capaz de produzir riqueza e de a redistribuir de forma equitativa e justa.
    Cortes assentes na redução do rendimento das famílias conduzirão a uma maior quebra no consumo, com impacto negativo na actividade económica. Como vamos conciliar a austeridade, as reformas e o crescimento económico? Esta é também uma grande questão.
    Caro manuel.m
    Sem debate, o que é que podemos esperar? O debate, os estudos técnicos, a proposta do governo ao país levam um ano de atraso. E agora?
    Caro Bartolomeu
    Faz sentido despedir 60 mil a 120 mil funcionários públicos - repare no absurdo do intervalo - sem se discutir que Estado é que queremos ter? Quais são as funções que serão abrangidas por esta redução?
    Faz sentido cortar pensões e prestações sociais sem cortar nas estruturas públicas e rever o funcionamento destas estruturas?
    Estes são apenas dois exemplos da falta de sentido que tem a ausência da discussão do essencial: que Estado é que queremos ter?
    Poupanças temos todos que fazer, inclusive o Estado, todos temos que tomar consciência que só podemos gastar o que produzimos, incluindo o Estado, e que precisamos de trabalhar mais e melhor para produzirmos a riqueza que precisamos para manter um país decente. Mas não basta ter PIB, a redistribuição da riqueza é uma das funções mais importantes do Estado. Este é um dos pontos fundamentais a discutir, não pode ser uma resultante, deve ser um objectivo. Infelizmente são milhões de portugueses que não podem poupar porque vivem em situação de carência económica grave.

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  9. Caro Zuricher
    Tem toda a razão. Somos bons a acumular erros!

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  10. O debate, graças à acção da comunicação social, será boicotado...

    Mas, um dia, aquele partido que se denomina socialista, vai ter de fazer cortes similares aos que o relatório do fmi refere (a realidade a isso vai obrigar). Nesse momento, o frenesim da comunicação social vai virar a agulha e mostrar ao cidadão qualquer coisa como o seguinte: se não cortarmos 50.000 - 100.000 funcionários, é toda estrutura, composta talvez por uns 700.000 funcionários e suas famílias, que pode colapsar. Jornalistas e comentadores, encarregar-se-ão de recordar que seria irresponsável, ignorar esse evidência...
    Os cortes passarão então a ser necessários para assegurar a sobrevivência do Estado Social. O povo, mais conformado, viverá menos revoltado.
    http://jornalismoassim.blogspot.pt/2012/12/saber-comunicar-o-glamour-da-esquerda.html

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  11. Tem toda a razão, cara Drª. Margarida. Faz toda a lógica que as decisões A tomar, sejam préviamente discutidas com seriedade, tomando em linha de conta a palavra que todos os agentes políticos e privados e públicos, tenham a dizer acerca das matérias em apreço.
    Mas a minha pergunta é: como?
    Se os decisores sofrem de surdez aguda e vivem alheados da realidade?!
    Ser preciso, é. É mesmo indispensável e justificável, no mínimo porque vivemos num regime democrático, porém não existe forma de obrigar os decisores a debater e sobretudo a escutar.
    Comparativamente, somos uma grande família em que os pais decidem de acordo com as directrizes dos vizinhos do lado e se estão a borrifar para a opinião dos filhos e dos avós.
    Assim, não ha debate possível, a alternativa é mesmo a de mudar o governo, o que também não é fácil, na medida em que, quem tem poder para o fazer, não faz e ele (governo) também não.

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  12. Desculpem, mas não me lembro de tema nenhum que tenha sido objecto de tais debates e que daí tenha resultado alguma sequência. Também não sei se o mesmo se passou noutros países. O que há, noutros países, é programas de reforma pensados, ponderados, levados à prática e mantidos até se verem os efeitos, agregando para a sua execução, e correcção permanente, as várias forças políticas essas sim, mobilizadores dos cidadãos. O que desmobiliza é a permanente alteração dos rumos que deviam ser firmes, o que desacredita é o "está tudo errado", vamos "refundar", "repensar" ou "revolucionar", uma e outra e outra e outra vez.Quando afinal não há plano nenhum e fica tudo atónito quando aparece alguma coisa escrita.

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