Batalha da Redinha, 12 de março de 1811
Já não sei as vezes que passei junto da vila da Redinha.
Sempre quis dar uma volta pela localidade e conhecer a famosa ponte
românica sobre o rio Anços. Durante as invasões francesas travou-se um combate
aquando da retirada do Exército de Portugal. O marechal Ney, incumbido de
cobrir a retirada, conseguiu travar durante algumas horas, vinte e quatro, o
avanço das tropas anglo-lusas. Houve luta, houve baixas e a ponte permitiu a
fuga às divisões francesas. Hoje, sem perceber como, num dia triste, inóspito
para passear, frio, com nuvens carregadas, que de vez em quando faziam
descargas violentas, estive na ponte. Olhei para o rio, tumultuoso, bravio,
espumando raiva e dor ao mesmo tempo recordando-me que, precisamente há 202
anos, no dia 12 de março se travou um combate de fogo, de sangue e de ódio, num
dia talvez igual ao de hoje, frio, inóspito, triste a relembrar velhas
batalhas. A memória da natureza nunca se apaga, a dos homens, sim. Hoje, senti
que fui “empurrado” para aquele espaço, e estremeci, ao recordar a fúria de
homens em armas. Uma fúria incontrolável que os elementos da natureza não
conseguem esconder, pelo contrário, as
águas do rio Anços berravam e espumavam de dor e de raiva, tal como há 202
anos.
Fiquei mais rica... de conhecimentos.
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