quarta-feira, 27 de março de 2013

Hipocrisias e dores de cotovelo

Declaração de interesses: sou amigo de Miguel Relvas e tenho por ele o apreço e a estima que se dedicam aos amigos. Posto isto, não resisto ao impulso de escrever o que segue, depois do que li aqui.
Acho execrável a ideia de que as pessoas, em especial as que desempenham funções públicas, devem ser julgadas pelo que parecem ser e não pelo que são. A ideia que mais estragos tem causado à correta conceção do que está mal na vida pública nacional é essa que expressa que sobre a mulher de César não interessa saber se é séria, interessa que pareça séria. Atrás dela escondem-se aqueles que, na vida pública, optam por parecer ser, protegidos por este moralismo quase constitucional. 
Miguel Relvas é, já se percebeu há muito, o bombo da festa de quem não aprecia este governo e até de alguns que o apoiam. Muitas responsabilidades lhe cabem, sou dos primeiros a reconhecê-lo. Apontem-nas, critiquem-nas, censurem-nas. Mas não pode valer tudo. E sobretudo não pode valer esta hipocrisia de alegados impolutos senadores que não suportam a dor em certo ponto do corpo, ainda por cima alçada a moralidade oficial!

21 comentários:

  1. A verdade é que o méritos que reclamam também são aparentes... Mas sim, sempre achei que a mulher de Cesar era uma estupidez.

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  2. Aqui discordo do Drº Ferreira de Almeida. Acho que o Ministro Relvas não é o bombo do governo por dá cá aquela palha, é-o porque representa o oposto daquilo que se esperava dos Ministros deste governo...

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  3. Porquê, jotaC? Não que tenha grande opinião do homem, mas devo confessar que a minha opinião é feita de aparências. Se me perguntar em concreto o que acho que o homem fez de mal...

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  4. É uma questão cultural, caro Tonibler!, passo a explicar:- O pouco que estudei foi suado, foi portanto merecido...

    Eu ilustro:

    -Como o meu amigo sabe, o golfe é um jogo de um ou mais jogadores, no entanto é sempre um jogo solitário, no sentido de que cada um faz a sua própria contagem de que no fim dá contas (a si mesmo, se estiver a competir consigo próprio na obtenção de um melhor handicap ou perfeição) ou aos parceiros se for o caso... Toda a gente aceita as contagens, ninguém duvida, pois não passa pela cabeça de ninguém enganar-se a si próprio...

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  5. Não sabe o que o homem fez de mal, Tonibler???
    Não lhe basta, o facto de não saber trautear a Grândola Vila Morena?!

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  6. O que está errado, na minha opinião, nesse pensamento é que o currículo dos políticos é feito pelo voto dos seus eleitores. Se têm a 4ª classe ou se têm três doutoramentos é irrelevante. Aliás, gosto sempre de lembrar que tempos houve em que tínhamos um governo chefiado por um professor universitário, seriedade inquestionável e frugalidade famosa. Não, não é esse, que esse só cumpria com a primeira, é o que caiu da cadeira.

    Tenho amigos do PSD que me garantem a pés juntos que o homem é tudo aquilo que se desconfia dele. Mas há outros que dizem que não é pior que os outros todos. Por isso, até prova em contrário...

    Se calhar se fossemos tratar daqueles em que há prova e que se impede que sejam julgados, isso serviria de factor desmotivante.

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  7. Anónimo16:58

    Os meus Amigos ignoram a mensagem do post e preferem discutir a pessoa...

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  8. Pois, Tonibler... o prblema não reside no facto de uns serem piores que os outros, mas sim, de uns, não conseguirem e outros não quererem ser melhor que os outros...
    Até porque seria matemáticamente impossível, que todos fossem maus. Pelo menos, segundo o critério científico, portanto, empirismos à parte.

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  9. Para ser "alguém" não é necessário ser drº, tem toda a razão, caro Tonibler...

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  10. Dr. Ferreira de Almeida, considero a "mensagem do post" subjectiva, porque considero também não existir uma conceção correta do que está mal na vida pública nacional.
    Aliás, na minha análise pessoal, toda a vida pública nacional, é um completo jogo de interesses, de influências de metáforas, de truques de ilusionismo. Uma caldeirada mexida por demasiados cozinheiros, ávidos cada um por si de se servir das melhores postas do melhor peixe mas tentando convencer os outros que essa atitude serve para deixar para lhes deixar as batatas "quentes" que de todo o pitéu, constituem a melhor parte.
    Posto isto, e do meu ponto de vista, resta para comentário, o modelo do chapéu que cobre a cabeça de cada cozinheiro.

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  11. CAro JMFA, estou a discutir o post usando a pessoa que foi referenciada no post... No fundo para dizer que, pela figura junta, os senadores não são muito diferentes de todos nós.

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  12. Caro Drº Ferreira de Almeida,
    É evidente que ninguém deve ser julgado por aquilo que "parece ser", contudo isso acontece, tem acontecido com algumas figuras públicas paradoxalmente julgadas por outras figuras públicas, é verdade.
    Os meandros do caso a que se reporta são bastante nebulosos, eu pensava que estava em processo de averiguação, senão disciplinar.
    Quanto à questão de discutir a pessoa, não se trata bem disso, ninguém disse que a pessoa era feia ou bonita, fala-se mais de questões de ética...

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  13. ...Mas pronto, depois de acabar agora de ler que António Pires de Lima acha que o regresso do ex-pm Sócrates esconde o desejo de vir a ser 1º Ministro em 2015, tenho quase a certeza que o seu amigo acha que uns e outros têm inveja do seu sucesso, digo eu!

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  14. Eu até pretendia referir-me à figura de Relvas, ao seu vazio mental, às suas ligações obscuras, mas, após ler o comentário do jotaC, penso que não vale a pena dar mais importância a estas figuras nacionais que nos desgovernam e que «botam faladura» por tudo e por nada.

    A propósito, o que tem Pires de Lima a ver com a lei do álcool?

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  15. É execrável, sim Sr.!

    O tratamento mediático dado a este caso da “contratação do ex-espião”, é mais um exemplo da vergonha de jornalismo que temos. Definitivamente, as redacções deixaram de fazer jornalismo para se dedicarem à doutrinação ideológica dos leitores e o repetido frete à esquerda…
    http://jornalismoassim.blogspot.pt/2013/03/mais-do-jornalismo-de-intriga.html

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  16. Anónimo18:22

    Meu caro jotaC, quanto a José Sócrates não me espanta a dor de cotovelo de alguns, sendo certo que me incomoda mais a hipocrisia dos fariseus de que vejo povoada a política portuguesa. E se quer que lhe diga, sendo dificil preferir, prefiro um político transparente nos seus defeitos do que a maioria dos dissimulados que andam por aí. Quanto ao ex-PM, o que mais me espanta é a promoção fazem de alguém de que há bem pouco diziam que se tinha tornado irrelevante na política nacional.

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  17. Bojardada: Staline, Hitler e cia sempre foram políticos transparentes. Veja-se no que deu.

    Cá o «je» prefere gente limpa, impoluta, honesta. Ponto final. De que me adianta um bandalho só porque é transparente na bandalheira que pratica?

    Pobre defesa a do Relvas, provavelmente porque não tem defesa.

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  18. Anónimo18:30

    Meu caro Bartolomeu, seja bem regressado. Sentida a falta dos seus contributos para a animação deste espaço.
    Quanto ao que anotou, é evidente que as minhas opiniões são assim mesmo, são minhas, opiniões, e por natureza subjetivas. Quando lancei que estavam a discutir o homem e não a circunstância não queria que encarassem a minha interpretação da circunstância como a verdade objetiva. Queria, somente, que olhassem mais para a mulher de César do que para Miguel Relvas.

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  19. Caro Ferreira de ALmeida,

    Há um erro no seu enunciado sobre a mulher de César: Ela tem que SER séria e PARECER séria. Quando diz que não «interessa ser séria» erra. Pode ser injusto, mas o César expulsou a mulher precisamente porque apesar de saber que ela era inocente, assim não parecia.

    O que não acontece nem num caso, nem noutro, com Relvas. Não é sério e não parece sério.

    Agora substitua o nome "Miguel Relvas" do seu artigo e substitua por "José Sócrates", só para ver como fica...

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  20. Anónimo11:24

    Meu caro Carlos Monteiro, ora releia o que eu escrevi e o que o meu Amigo escreveu. Vai ver que não errei.

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  21. Na mulher de César? Olha que para além de ser séria, tem que parecer! Foi assim que César disse!

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