A humanidade viveu desde sempre períodos muito angustiantes, chegando, por vezes, a ser dramáticos, violentos e destruidores. São curtos os momentos de paz, de esperança e de alegria, breves frações de segundos na escala do nosso tempo, mas contrariando tudo e todos, alguns de nós sofrem de um otimismo patológico, digo patológico, porque há doenças que não me importaria de sofrer, e o otimismo é uma delas. O pior é que não sou atingido por esta doença, entretanto outras já marcaram a sua presença.
Gosto de ouvir, de ler e de meditar. Necessito de o fazer, porque há pessoas que me convidam a isso. Há pessoas brilhantes que, embora nunca tenha cruzado com elas, me marcam. Posso não partilhar das suas ideologias, das suas crenças, das suas filosofias, mas, mesmo assim, atraem-me, por vezes mais do que aquelas com quem me identifico. Talvez seja por isso, ver e sentir que posso aprender e crescer com elas. Preciso cada vez mais dessas pessoas. Preciso muito daqueles com quem não consigo identificar-me. Seduzem-me, porque me obrigam a afogar numa saudável insignificância, situação que cada vez aprecio mais.
Os homens conseguem colocar outros em determinados pedestais donde podem emitir opiniões e produzir pensamentos que noutras circunstâncias não teriam qualquer impacto. Veja-se o caso dos religiosos, caso de um papa, uma afirmação parida pela sua mente fecunda facilmente milhões ou centenas de milhões. Quem diz o papa, diz qualquer líder religioso, muçulmano, ortodoxo, budista, xintoísta entre outros. Também certos políticos são capazes de mudar a forma de ser e de pensar dos seus súbditos, coisa que seria impossível de fazer se não atingissem o poder. O poder é isso mesmo, utilizar um espaço, um trono, um altar, um parlamento de onde podem emitir mensagens capazes de ajudar a humanidade a evoluir, embora, por vezes, possam ter efeitos perniciosos. A força de uma ideia depende do local onde é emitida e por quem a produz. Os seres humanos têm consciência desse facto. Por isso desejam ardentemente individualidades que ocupem lugares "divinizados", que podem ser os mais variados. Necessitam de os ouvir a partir dos púlpitos. A melhor forma para poderem acreditar numa vida melhor e cheia de esperança. Mas há muito "mas", "mas" que resultam da natureza humana, insuficiências, falhanços, fraquezas, limitações e imperfeições dos diversos tipos. É por isso que, sempre que alguém ocupa determinadas posições, é de imediato escrutinado ao mais ínfimo pormenor para provar que não são seres perfeitos, que não são deuses, logo, ficarão comprometidas as suas futuras afirmações e reveladas algumas imperfeições. É aqui que quero chegar. As imperfeições são mais do que desejáveis, são absolutamente necessárias para que os outros compreendam melhor a sua condição. A condição humana é incompatível com a perfeição e quem quiser provar o contrário está a impedir o progresso da humanidade. Sendo assim, o melhor que temos a fazer é acabar com qualquer tentativa de "divinização" de seres humanos que ocupem lugares de destaque e de soberania, sejam quais forem.
Podemos aprender com o novel papa Francisco ou com o falecido Hugo Chavez. Cada um, à sua maneira, vai tentando ajudar os outros. Que o façam, desde que respeitem a condição humana, o que, por vezes, muitos anónimos não conseguem ou não sabem...
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