domingo, 17 de março de 2013

Incertos

Tornou-se penoso ligar a televisão ou o rádio e ouvir os dirigentes europeus, nas suas diferentes vestes, económicas ou políticas, mais parecem um bando de desorientados a dar tiros para o ar à procura de “incertos”. Se, desde 2008, os discursos foram mudando de azimute, ora apontando os abusos do sistema financeiro americano, depois europeu, ora acusando os governos despesistas dos países que se iludiram com a possibilidade de viverem como “os outros” europeus, ora exigindo “reformas estruturais” purificadoras dos vícios instalados nos incorrigíveis do sul, esses discursos têm agora um novo cambiante. É o “apelo” ao crescimento, qualquer coisa de misterioso quando não acompanhado de qualquer ideia sobre donde e como poderá vir, tudo misturado com estratégias 2020 desenhadas como se tudo continuasse “business as usual”. É assustador ouvir com atenção as incoerências, os sinais de medo e as tentivas frouxas de simular uma força que há muito se esvaneceu. A Europa clama contra incertos e apela a incertos para que ajam, para que surjam, enquanto dispara em todas as direcções. Pelo caminho, um rasto de destruição que espanta e atordoa todos os que, até agora, acreditavam nas virtudes da sociedade informada, dirigida e controlada. Erro fatal, como demonstra a História.

11 comentários:

  1. viver acima nas posses lembra os nobres de outras eras
    a condição humana é a mesma

    como em 1945 vão partir do ZERO.
    sem casas bombardeadas
    só as empresas e as famílias

    os economistas e politicos do crescimento parecem baratas tontas após uma dose de insecticida

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  2. Anónimo20:20

    Na minha terra usa-se uma expressão denotativa: baratas tontas. É o que parecem ser os dirigentes políticos europeus há já demasiado tempo, desorientados, incoerentes, confiantes que de experiência em experiência alguma vez há-de dar certo. Uma maldição lançada sobre uma Europa cada dia que passa mais cética em relação às vantagens das uniões.

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  3. Suzana
    Custa a crer como é possível que tenhamos chegado a este estado de desnorte, que as economias estejam a ser destruídas, que o empobrecimento esteja imparável. Mas que nível de destruição é esse considerado "óptimo" para que a reconstrução se inicie? Nada disto faz sentido, ou será que faz, que os sentidos se alteraram?

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  4. Não nos esqueçamos que um presidente da comissão português "poderá fazer a diferença para nós nas horas difíceis"!

    Sei que não tem a ver directamente com o post, mas apeteceu-me...

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  5. Estamos entregues a astrólogos? O que me impressiona é que há dez anos
    ninguémhttp://bandalargablogue.blogs.sapo.pt/247190.html, se atrevia a antecipar isto. Não tanto a sua natureza mas a sua dimensão.:

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  6. Desculpem :http://bandalargablogue.blogs.sapo.pt/247190.html

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  7. Realmente apetece, caro Carlos Monteiro.

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  8. Completamente de acordo. Depois de ouvir Daniel Bessa, as notícias de Chipre, do ministro das finanças alemão sobre o orçamento do seu país, percebemos que o caminho apontado pelos alemães é o da austeridade, com as consequências que já sabemos para os países resgatados, portanto há que ponderar rapidamente outro caminho. E não é certamente o caminho apontado por Seguro (ninguém sabe qual é). Urge portanto que essa maioria com poderes para apontar outro caminho comece a equacionar o modelo, antes que seja tarde demais.

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  9. Os dirigentes da UE e do BCE, com o apoio entusiástico dos governos nacionais neoliberais, optam pela politica de :

    "Para salvar a aldeia é preciso queimar a aldeia "

    Dado que parece ser impossivel alterar a politica macroeconomica europeia, uma ideia alternativa será organizar um processo contra os dirigentes europeus no Tribunal de Haia, por crimes contra a humanidade.

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  10. Anónimo18:25

    18 milhoes de desempregados!!!!!!!!!! isto diz tudo. A Alemanha conseguiu pelo lado economico o que não conseguiu com o lado bélico. Como mãe de dois adultos jovens estou em pânico.Porque isto não vai acabar bem.

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  11. Pois não, cara Unknown, a menos que haja um milagre. A europa solidária parece um sonho, é como uma viagem ao futuro da qual regressamos a um presente que rejeitamos, porque muito pior do que o que deixámos...Por isso também estou receoso...

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