quarta-feira, 22 de maio de 2013

Taxas de juro da dívida continuam a cair...comentadores desesperam...

1. Continuam a baixar as taxas de juro implícitas na cotação da dívida pública portuguesa (yields) nos diferentes prazos:

- Para os 5 anos, a taxa está já próxima de 3,9% (compara aos 4,891% da emissão de dívida neste prazo realizada em Janeiro último);

- Para os 10 anos, cota em torno de 5,2%, comparando aos 5,669% da dívida de € 3 mil milhões colocada há poucas semanas e que assinalou o regresso da República ao mercado das emissões de longo prazo depois de mais de 2 anos de ausência forçada.

2. Trata-se de níveis mínimos de juros de há quase 4 anos (ouseja dois anos antes do ruidoso colapso do delirium socrático), confirmando a ideia que aqui deixei já vincado em diversos Posts: a percepção de um menor risco por parte dos investidores - ou mercados, numa versão mais liberal - fruto de circunstâncias externas, em especial a forte redução do chamado “tail-risk” da zona Euro e de circunstâncias internas, nomeadamente a impressionante eliminação do défice das contas com o exterior.
3. Parecem assim estes investidores/mercados estranhamente indiferentes à paranóia política em que o País se acha mergulhado em grande parte graças (i) aos exercícios delirantes, reiterados e insistentes de uma multidão de comentadores encartados, em desesperada necessidade de audiência, que profetizam desgraças a todo o minuto, bem como (ii) ao dedicado esforço de uma vasta elite de vendedores das ilusões de crescimento e de emprego, que anatematizam a dita política de Austeridade (Austerismo para os mais cultivados)...
4. É caso para dizer que tanto comentadores como vendedores de ilusões têm bons motivos para desesperar...não lhes dão ouvidos, não há direito! 

19 comentários:

  1. Parece-me que não tem razão:
    http://www.bruegel.org/publications/publication-detail/publication/779-eu-imf-assistance-to-euro-area-countries-an-early-assessment/

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  2. Estamos a incluir nessa vasta elite a nova casta de crescimentistas vocais? Aqueles que, pelo menos, gritavam? Já que falamos de delirium ruídoso...

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  3. Caro Ao serviço da Republica,

    Curioso...retiro a conclusão exactamente contrária,ou seja precisamos de um árbitro, quem poderá ser, João Capela?

    Caro Tonibler,

    A elite que se especilizou na venda de ilusões já é tão vasta que, devo confessar-lhe, me parece agora necessário um trabalho de recenseamento, bastante profundo, em ordem a identificar e catalogar cientificamente as diferentes famílias integrantes...
    É bem possível que aqueles que merecem a distinção da sua lembrança devam ser incluídos, quiçà como honorários.

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  4. Meus Caros,

    Desculpem o off-topic mas ajudem lá este reles ignorante.

    A dada altura esta a tentar perceber a fuga de capitais de Portugal (de bruços) e deparei-me com a existência do TARGET2. Há um excell neste site.

    A minha dúvida prende-se com o "rombo" de 2008 no sistema bancário europeu. Para onde foi esse dinheiro? Que dinheiro era esse?

    Cumprimentos e antecipadamente grato, IMdR

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  5. Só não percebo porque é que o governo quer aumentar para 90% a participação do fundo da segurança social em dívida portuguesa. Parece-me muito arriscado e mostra desespero.

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  6. Ilustre Mnadatário do Reu,

    Não existe essa coisa de rombo...acontece que os sistemas bancários de laguns países recorreram em grande escala (Espanha e Itália, sobretudo, Portugal bastante menos) aos apoios de liquidez do BCE, abrindo com isso uma posição passiva no Sistema (TARGET 2) para o respectivo País, enquanto que os demais países cujos bancos não tiveram de se socorrer junto do BCE ficaram em posição simétrica, ou seja credora.
    Repare que nem estamos assim tão mal nesta fotografia...

    Caro Nuno,

    Também me parece excessiva tal concentração de risco, não esqueçamos que a a SS é fundeada, basicamente, pelas contribuições de milhões de cidadãos.
    Não vou ao ponto de considerar desespero, nas circunstâncias actuais nem se justica tal estado de alma, direi antes que exprime uma visão demasiadamente centralista da gestão financeira da SS, que não me convence.
    O PC e o Bloco, pelo menos, devem aplaudir freneticamente!

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  7. Sobre a questão dos 90% da segurança social, eu li essa e parti-me a rir. Quer dizer, quando os homens meteram o dinheiro em fundos de obrigações andaram a especular com o dinheiro dos pobres, agora metem o dinheiro todo no activo de maior risco que para aí anda, e está tudo bem. Naturalmente, estas são as medidas que favorecem os portugueses e português que é português não está na SS, está na CGA. Baixar as pensões da CGA, está quieto. Arriscar o dinheiro todo da SS para que as pensões da CGA não baixem, tudo bem.

    Assim, sim, está mantida a equidade. Os senhores ficam iguais, os bezuntas pagam. Fica tudo igual, faz sentido! E ai de quem vire portugueses contra portugueses...

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  8. Caro Tavares Moreira,

    finalmente estou de acordo consigo!

    De facto, só podem mesmo ser "uma vasta elite de vendedores das ilusões de crescimento e de emprego, que anatematizam a dita política de Austeridade"

    onde deduzo se inclua tambem esta personagem:
    http://www.cmjornal.xl.pt/detalhe/noticias/nacional/economia/vitor-gaspar-chegou-o-momento-do-investimento

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  9. Caro Tonibler,

    Ora aí temos uma boa caricatura desta venturosa ideia de encharcar a SS com títulos da dívida pública...tem pleo menos a vantagem de unir, para sempre, para o bem e para o mal, a sorte da SS e da CGD: qunado cair uma, caem as duas!

    Caro Pedro,

    Boa piada, finalmente também!
    Acontece que o anúncio hoje feito refere-se a incentivos fiscais ao investimento, como instrumento de promoção deste, permitindo que uma parte do investimento produtivo adicional seja deduzida ao imposto a pagar (à colecta ou há matéria coletável, não consegui perceber), segundo ouvi com um limite de 70% do valor da colecta.
    Não se trata pois de uma miragem crescimental, do tipo da preconizada pelos charlatães do crescimento a todo o pano, sem recursos - mais crescimento e mais emprego a flutuar na atmosfera, a bordo de balões de hidrogénio - mas de uma medida concreta e específica de incentivo ao investimento, que já tardava, há muito...
    Se vai ser eficaz isso já não posso dizer, teremos que esperar para ver!

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  10. Caro Tavares Moreira,

    :) Não tinha visto que também por esse ponto a equidade está garantida!

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  11. Caro Tonibler,

    Temos de nos ir complementando, para aperfeiçarmos as nossas análises deste ciclo virtuoso de estatização dos sistemas de segurança social!
    E regista-se, com angústia, a ausência de protestos por parte dos consagrados PCP e Bloco!

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  12. Caro Tavares Moreira,

    A politica de austeridade já é muito mais suave em 2013.

    DGO Janeiro-Abril :

    Despesa Efectiva = + 5,1%

    Receita Efectiva = + 2,5%

    Atrasos de Pagamento = + 400 milhões

    Total = + 1000 milhões de deficit adicional em 4 meses !


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  13. Caro Paulo Pereira,

    Então, fica-se por esse simples apontamento? Nada de se rejubilar com o facto?
    Aproveito para clarificar que os números que aponta se referem à conta consolidada da Administração Central+Segurança Social.
    Não incluem pois a Administração Local e Regional, as quais acrescentam ao défice, em conjunto, € 80 milhões, dando assim o seu não muito grande mas esforçado contributo para o objectivo nacional de redução da Austeridade.

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  14. Caro Tavares Moreira,

    Este aumento do deficit por via do aumento da despesa mostra a politica irrealista e enganadora seguida em 2011 e 2012 e 2013.

    Não foi feita em dois anos a simplificação do estado, e não foi feita a redução do IRC e da TSU do lado das empresas.

    Estamos basicamente no mesmo ponto de 2011 mas agora com um desemprego altissimo e com empresas descapitalizadas .

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  15. Caro Paulo Pereira,

    Deus nos livre de estarmos no mesmo pontoq que em 2011, basicamente ou doutra qq forma...
    Se assim fosse, já cá não estavamos muito simplesmente!
    Quanto ás empresas não é verdade que estejam na mesma situação de descapitalização: a grande maioria apresenta hoje racios de autonomia financeira superiores aos que apresentavam há dois anos o que significa, objectivamente, menor descapitalização.
    E o Senhor omite a mais radical de todas as mudanças: a balança corrente, no final do 1º trimestre de 2013, apresenta-se equilibrada, e devrá ser excedentária no final do ano, situação inteiramente nova e SEM A QUAL nunca seria possível dar a volta à situação do País, colocando a economia a crescer de forma sustentada...
    Basta este último ponto, aliás, para podermos concluir que o ilustre e muito simpático Comentador estará apreciando este tema com uma ligeireza não inferior à do Empire State Building!

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  16. Caro Tavares Moreira,

    O equilibrio da Balança Corrente feita com recurso a uma enorme recessão não é uma forma de preparar o pais para nada.

    Alías essa ideia já foi testada em 1992 e 1993 , embora em menor grau, e não serviu para relançar a economia, apenas escondeu a falta de competitividade das empresas de transacionaveis. e a elevada propensão para as importações.

    As empresas estão tão descapitalizadas que acabaram por ter de despedir quase 400 mil pessoas em pouco mais de 2 anos.

    E as que sobraram não têm capacidade para fazer crescer as exportações como se vê.

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  17. Caro Paulo Pereira,

    Mais uma vez simpatica mas infatigavelmente enganado!
    O ilustre não terá uma noção exacta de como se realiza o ajustamento necessário para repor o equilíbrio externo tornado indispensável pela chamada restrição financeira?
    Já lhe contaram - suponho que fosse muito novo na altura - como se corrigiram os graves desequilíbrios de 1976/1977 e de 1983/1984, que colocaram o País à beira da bancarrota, com uma forte correcção do consumo determinada por uma perda do poder de compra dos rendimentos do trabalho e outros (taxas de juro reais da poupança fortemente negativas, por exemplo)?
    Alguma vez acha possível corrigir um desequilíbrio da dimensão daquele que acumulamos ao longo de tantos anos sem uma quebra na despesa interna? Só com aumento das exportações, num contexto em que o mercado interno absorvendo a produção das empresas?!
    Acha que a resolução destes problemas se faz em cima de um tabuleiro, como se tratasse de um jogo de Damas ou de Xadrez?!
    Valha-nos Sta Engrácia, caríssimo Paulo Pereira!

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  18. Caro Tavares Moreira,

    Ao introduzir o contexto de me ter apercebido da existência do TARGET2 induzi-o em erro.

    Eu referia-me à soma de todas as transferências entre países do TARGET2. Ora esta soma é normalmente próxima de zero. Mas em 2008 tem um valor muitíssimo negativo.

    A minha pergunta era pois sobre todo os sistema sistema bancário europeu e não sobre Portugal. Repetindo: Para onde foi esse dinheiro? Que dinheiro era esse?

    Cumprimentos, IMdR

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  19. Caro Rensenbrink,

    Sobre esse ponto assaz misterioso não me posso pronunciar...quem sabe se não teve a ver com o afundamento do Titanic financeiro chamado Lehman Brothers?
    Quem sabe?

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