1. Foi hoje noticiado que o desemprego baixou em Espanha, em Maio, pelo terceiro mês consecutivo, registando-se uma queda acumulada no nº de desempregados, nos últimos 3 meses, de 212.000, ou seja 3,5% em relação ao número total registado no final de Fevereiro.
2. Embora o nº de desempregados em Espanha represente ainda uma % muito elevada da população activa (mais de 26%) esta inversão de comportamento da variável constitui um sinal possível de que a economia espanhola terá “batido no fundo”, no 1º trimestre do corrente ano, não sendo de excluir o fim da recessão já no 2º trimestre deste ano...
3. Existe um outro curioso indicador da evolução menos negativa da actividade económica em Espanha, que é o aumento das exportações portuguesas de bens no 1º trimestre do corrente ano: depois de quedas acentuadas em 2011 e em 2012, as empresas portuguesas viram as suas exportações para Espanha aumentar 2% no 1º trimestre de 2013...não é muito mas é uma inversão...
4...o que contrasta, por exemplo, com as quedas acentuadas das exportações para a Alemanha (-7,1%) e para França (-6,2%): no primeiro caso sem surpresa, dado o apego alemão ao modelo austerista, já no segundo caso com grande surpresa uma vez que acontece à revelia da forte dinamização da actividade económica em França, induzida pelo entre nós tão proclamado método verbal...
5. Esperemos, assim, que no final do 2º trimestre venham a confirmar-se os indicadores de retoma da economia espanhola, nomeadamente com a edição do Real Decreto sobre o fim da recessão, facto que poderá constituir uma boa ajuda para que a economia portuguesa se despeça também do longo período recessivo em que mergulhou por impulso neo-liberal, o mais tardar no decurso do 2º semestre do corrente ano como previu o BdeP...que me perdoem a expressão deste desejo os nossos muito estimados Crescimentistas.
6. De Espanha nem bom vento nem bom casamento, dizia o velho ditado...mas pode ser que, se nem bom vento nem bom casamento, venha de lá pelo menos o bom Crescimento, induzido pelas exportações...aguardemos!
Segundo me pareceu ouvir, o melhor Maio em 16 anos. Mas as coisas não são iguais, caro Tavares Moreira. O estado espanhol não faliu, colocou-se na falência por salvar os depositantes dos bancos, um pouco diferente de andar a trafulhas contas com parqueamentos fora do perímetro ou securitizações de incobráveis enquanto se cavava uma insolvência para enriquecer amigos. Não sabemos se, no caso de ser necessário como é connosco, mudar substancialmente o estado espanhol, seria possível mandar o palhaço deles aos elefantes para que não atrapalhasse a evolução do país. Ou, quem sabe, não está aí a solução dos nossos problemas, manda-lo num Safari a um país remoto, talvez apanhar bandidos armados para a Jamba....
ResponderEliminarSr. Dr. Tavares Moreira:
ResponderEliminarInteressante este seu texto.
Fez-me lembrar outro texto espectacular de Henrique Raposo no Expresso, embora possa parecer despropositada a comparação dadas as diferentes temáticas dos dois.
Se quiser e tiver a paciência de o ler, aqui lhe deixo o link.
http://expresso.sapo.pt/fc-porto-a-primeira-sucursal-do-benfica=f810665#ixzz2V5kIoVXo
Caro Tavares Moreira,
ResponderEliminarA Espanha é um exemplo do que a deriva austerista é um erro crasso.
Menos austerismo em Espanha resultou em menor recessão e aparente recuperação mais rápida.
Idem para a Irlanda.
O PM e o MF deviam estudar estas coisas em vez de andarem a inventar.
Caro Tonibler,
ResponderEliminarEssa incursão por temas cinegéticos, envolvendo a misteriosa participação de membros destacados da realeza e de beldades inominadas constitui um dos temas mais escaldantes e fascinantes do nosso tempo!
Só tenho pena que o excessivo paroquialismo e a falta de imaginação dos manifestantes/protestantes profissionais, recrutados pela organização em que pontifica a proxy de Madame de Pompadour, não lhes permita incluir, nos cartazes de protesto e nas frases de injúria, algumas referências a essa excitante novela...isso daria maior frescura e motivos de encanto a tais actividades que já começam a incomodar pela estúpida monotonia de que se revestem!
Caro Manuel Silva,
Bem curioso o texto que fez o favor de me recomendar, embora noutro registo, como refere, aponta caminhos algo convergentes!
Caro Paulo Pereira,
Exactamente, tem toda a razão...e, pelo menos que eu saiba, a Espanha ainda não aproveitou convenientemente a sua sugestão revolucionária de emissão de títulos (?) transaccionáveis (?), em reforço da Euro-moeda.
Quando acordarem para essa realidade, então a nossa esperança num contágio positivo da economia espanhola pode mesmo redobrar!
Caro Tavares Moreira,
ResponderEliminarProvavelmente veremos alguns paises do Euro a emitir divida directamente como pagamento, ou teremos o BCE a comprar divida directamente nos mercados.
É a mesma coisa na prática, só que dá para a malta manter as aparências.
O inventor da coisa é Keynes e foi aplicada no R.Unido entre 1941 e 1945, e funcionou impecavelmente.
Caro Paulo Pereira,
ResponderEliminarMas se toda a dívida que estes mesmos países emitem é SEMPRE para pagamento de alguma coisa...nem que seja de outra dívida,onde é que o prezadíssimo Comentador encontra novidade nessa proposta?
Ou então sou eu que já estou "biruta", como dizem nossos irmãos brazileiros...
Caro Tavares Moreira,
ResponderEliminarA novidade é que a emissão de divida não passa pelos mercados, e assim a taxa de juro é pré-fixada pelo Estado.
Nos EUA na 2ª Guerra optou-se por "orbrigar" o FED a manter as taxas de juro a 10 anos nos 2%.
Como não podemos obrigar o BCE a nada, como se vê, torneamos essa limitação desta forma.
Os titulos seriam assim uma quase moeda, mas sem o serem , mantendo-se como divida.
A opção de serem usados para pagamento de alguns impostos ao fim de um prazo de dois ou três anos, manteria a sua liquidez elevada.
Caro Paulo Pereira,
ResponderEliminarSe não existe mercado para esta dívida especial que descobriu, como consegue que a mesma tenha liquidez?
Quem compra e quem vende? Se ninguém compra e ninguém vende, esta sua criatura seria sempre um nado-morto, serviria quando muito para forrar paredes (caso se tratasse de dívida à antiga, como parece, com títulos em papel)...
Não me leve a mal a lhaneza ou crueza destas considerações, mas nisto temos de ser sinceros, doutro modo andaríamos aqui a enganar-nos e isso não seria bom nem para si nem para mim...