Homem de um só parecer
De um só rosto, uma só fé
De antes quebrar que torcer
Ele tudo pode ser
Mas de corte homem não é.
Carta de Sá de Miranda a D. João III
Vítor Gaspar mostrou ser homem de carácter. Excepção, neste tempo sem valores e em que tudo vale. Na política e no resto.
Não fez tudo bem feito, longe disso. O aumento de impostos, qualquer que seja o nome que lhe tenham dado, colidiu severamente com a economia. Não conseguiu a reforma da administração pública. Mas mostrou convicção. Até ao fim.
No dia em que ele falou pela primeira vez lembro-me de ter pensado " porreiro, isto faliu e meteram um estagiário". A verdade é que o homem não bate bem senão não tinha aguentado metade do que aguentou. Devia ter mandado o Cavaco ir buscar o cheque no dia em que o fez defender as medidas em frente à grande corte do faz nenhum. Esse foi o seu grande erro, o de querer adaptar-se a um estado falido em vez de assumir que um estado falido não tem querer. Nesse dia, em que o Cavaco mandou a canzoada toda para a rua ele deveria ter exigido a demissão do Cavaco para continuar. Não fez, prejudicou o país que ainda hoje acarta com o seu cangalheiro.
ResponderEliminarOh Pinho Cardão, se «não fez tudo bem feito, longe disso» que vá dar uma volta! Só os burros não mudam de opinião, ainda para mais com provas à vitas, mas se é a isso que o meu caro chama de "convicção" e lhe merece tão rasgado elogio, que quase me fez levantar, levar a mão ao peito e ficar de olho turvo, antes de recuperar a razão, vou ali e já venho...
ResponderEliminarAvisem-me quando lhe fizerem uma homenagem nos próximos dias, que quero lá estar.
ResponderEliminarEu sei que daqui a uns anos as homenagens e reconhecimentos serão corriqueiros, é por isso que fazê-la agora, para além de justo, é que é de pessoas de bem.
henrique pereira dos santos
Caro Tonibler:
ResponderEliminarPor vezes aponta-se ao alvo errado. Acontece por vezes, mesmo aos melhores, como é o caso do meu amigo...
Penso eu de que...
Caro CMonteiro:
Quem fez tudo bem, tudo certinho, com uma competência extraordinária, sem erros nem falhas, foi quem conseguiu duplicar a dívida pública em 6 anos, obra perfeitamente extraordinária, e nos levou ao estado em que estamos.
Emendar erros é sempre mais difícil do que fazê-los. Creio que o meu amigo compreende bem; deixou-se é levar pela retórica.
Também penso eu de que...
Caro Henrique Pereira dos Santos:
Tem toda a razão. Toda.
Caro Pinho Cardão, essa lavagem da história não vai acontecer. Podemos ter deixado escapar o Sócrates, mas foi o último.
ResponderEliminarÉ pena. Também faço parte dos que o admiram.
ResponderEliminarQuanto à reforma da administração soviética, isso meu amigo, acho mesmo que só com uma solução à la Tonibler... uma solução perclórica...
espero poder continuar a receber mensalmente a mísera reforma para mastigar 'qualquer coisinha'
ResponderEliminarmais uma vez verifiquei que toda a gente nesta terra sabe tudo de tudo ... menos eu
Em minha opinião, Vitor Gaspar fez "tudo" bem. Melhor, Vitor Gaspar, fez "tudo" ainda melhor que bem.
ResponderEliminarSó que, "tudo" o que Vitor Gaspar fez, não foi o "tudo" que o país precisava, nem foi o "tudo" adequado À situação em que o país se encontrava.
O "tudo" que Vitor Gaspar fez, foi um "tudo" mercenário, às ordens da imperialista Alemanha e dos seus interesses.
Por isso, estamos hoje menos "tudo", do que estávamos quando Vitor Gaspar tomou posse do cargo de Ministro das Finanças de Portugal.
Não se discute a capacidade técnica de Vitor Gaspar, discute-se sim, a forma e a oportunidade de a aplicar.
Caro Bartolomeu:
ResponderEliminarVítor Gaspar fez aquilo que Sócrates e Teixeira dos Santos e o governo anterior deixaram estabelecido no Memorando de Entendimento assinado com a Troyca. Que possibilitou os fundos sem os quais não haveria salários para os funcionários, saúde e educação e serviços sociais para os portugueses.
Meter a Alemanha nisto é dos argumentos mais pobres e sem conteúdo que se podem utilizar. Pelo contrário, os fundos que desde a entrada na CE vamos recebendo, e agora da Troyca, têm como maior suporte a Alemanha.
Gostamos é de atirar para os outros as culpas que são nossas.
Claro que VG não fez tudo bem. Mas merece a justiça de se lhe reconhecer vontade firme de alterar a tragédia em que outros nos meteram. E que agora aparecem como heróis em tudo o que é comunicação social. Duas tragédias simultâneas.
Caro Tonibler:
Oxalá...oxalá!
Caro Fluribundus:
Pois no que toca às pensões de reforma tem toda a razão. Pelo simples facto de esse dinheiro não pertencer ao Estado, mas a quem descontou e no estado confiou, depositando-o nas suas mãos. É um ponto altamente negativo na política deste governo e de Vítor Gaspar.
Meu caro Pinho Cardão, subscrevo o seu post e os seus comentários. Sublinho a coerência e a convicção de VG mas sobretudo o espírito patriótico com que se desempenhou de um cargo que nestas circunstâncias poucos invejam. Muitos dirão que coerência no erro e firmeza nos equívocos não são qualidades que se louvem. Daqui a uns anos se verá se sim ou se não. Porém, para mim, que não aprecio quem é plástico e se adequa a todas as formas obedecendo a qualquer senhor e aderindo à doutrina que melhor rende no momento, não posso deixar de assinalar o meu acordo ao que aqui se expressa. Espero que um dia os meus filhos acrescentem a isto algo mais.
ResponderEliminarPenso que estamos a laborar num erro de optica.
ResponderEliminarEstamos a confundir a necessidade de tornar a economia de um país, sustentável, com a subjugação a medidas impostas por um grupo que representa interesses capitalistas e imperialistas. O caso da Grécia é bem ilustrativo desta opinião que expresso. Apesar de que sei perfeitamente a dívida que a Alemanha tem para com a Grécia, desde 1940.
Vejam quantas vezes a Grécia entrou em bancarota e quantas vezes foi resgatada.
Aquilo que referi no primeiro comentário, expressa a minha opinião estrita acerca das medidas impostas pela troyca, que Vitor Gaspar não só aceitou tomar, como ainda se atreveu a agravar.
Vai certamente o Dr. Pinho Cardão insistir na delirante desculpa que o mal vem de trás. Vem! É verdade que sim. E se pensarmos um pouco, concluímos com facilidade que vem de tempos imemoriais, talvez anteriores às invasões romanas, que ao chegarem, constataram que este povo, não se governa, nem se deixa governar.
E assim continuaremos, se não me enganar na profecia...
Não vem de tempos imemoriais, caro Bartolomeu. Vem de tempos recentíssimos, em que um governo, de 2005 a 2011 resolveu irresponsavelmente duplicar a dívida pública, duplicar, caro Bartolomeu, deixando para os cidadãos todos os problemas e dramas daí resultantes.
ResponderEliminarEsta é a verdade, simples e clara. E o meu amigo sabe disso. Pelo que nenhuma retórica pode iludir os factos.
Há que remediá-los e corrigi-los. Matéria difícil e não isenta de erros; porque fazer o mal é facílimo, mas corrigi-lo é que é difícil.
Caro Ferreira de Almeida:
ResponderEliminarEu não seria capaz de dizer melhor.
Abraço
Há que corrigir os erros, caro Dr. Pinho Cardão, concordo em absoluto. Mas não concordo que se responsabilize somente quem governou no período que refere.
ResponderEliminarPorque as medidas tomadas nesse periodo, foram-no com a anuência de quem não era ainda governo e que, para o ser, garantiu que tinha a receita infalível para que a correcção dos erros fosse efectiva.
Concluímos que, se os outros abriram um rombo no fundo do barco, estes, encarregaram-se de o alargar.
Não podemos portanto responsabilizar somente uma parte.