Se pudéssemos trocar as "evidências"nacionais por euros estou certa de que estaríamos numa situação financeira muito confortável. Desde que as tais evidências fossem tomadas pelo seu valor instantâneo, claro, nunca pelo que valiam meia hora depois de ter sido anunciadas. Todos os dias, logo pela manhã, o sobe e desce das bolsas ou dos juros da dívida evidenciam mil coisas, políticas certas ou evidentemente erradas, reacções a discursos ou a zangas, aplausos a comentários ou a estados de espírito mal disfarçados. O boletim de execução orçamental também vem carregado de evidências que é preciso alardear no segundo preciso em que são lidas, compara-se número com número e aí estão, reluzentes, mais umas quantas evidências. Também é evidente a causa efeito dos resultados escolares, da data dos exames, do pequeno almoço nas escolas, assim como é evidente o efeito da chuva e do sol,os fluxos de trânsito ou o número cabalístico dos veraneantes na praia de Carcavelos ao dia de semana. Todas estas e muitas outras evidências deviam dar lugar a um clima de confiança, é tudo tão "óbvio" e tão fácil de interpretar que quem não responde logo com a "solução" rápida na ponta da língua ou anda a dormir ou não sabe o que anda a fazer. Quando as evidências nos atraiçoam, concluímos que "está tudo errado" ou então quiseram enganar-nos sabe-se lá em nome de que obscuros interesses. Se pudéssemos vender as evidências seríamos um país muito próspero, mesmo que fizéssemos grandes saldos ainda teríamos lucro.
É evidente que o país atingiu um estado de evidências constantes, evidentemente imutável.
ResponderEliminarO Físico matemático alemão Rudolf Clausius, afirmava que; se a energia for conservada em quantidade, degrada-se em qualidade.
No ponto em que o país e a sua política chegou, verifica-se uma concentração excessiva de energia (leia-se poder), a qual tem como consequências, as que a cara Dr. Suzana assinala. As quais são também fruto da natural condição humana... a ilusão.
Uma 'evidência' na linha do post anterior.
ResponderEliminarTal como é evidente, a destruição sem renovação efectiva, da AdmPub pelos pp e os seus 'Directores'.
Bem aventurados os países capazes de funcionar sem governo: Bélgica...Itália..
Assino por baixo, com a devida vénia.
ResponderEliminarSuzana
ResponderEliminarTambém nas evidências somos um país do tudo ou nada. Quem chega primeiro a informar, opinar ou interpretar seja o que for marca a evidência, para que quem vem a seguir tenha evidentemente dificuldade em contrariar essa evidência e dar lugar a outra ainda mais evidente.
É, somos especialistas na "ciência" da evidência. Temos que ser bons em alguma coisa!
Caro Bartolomeu, aí está uma explicação filosófica para este fenómeno :) é generosa, sem dúvida, a minha perspectiva é bem mais prosaica, dizem a primeira coisa que lhes vem à cabeça e depois admiram-se que os efeitos não correspondam ao que lhes parecia tão óbvio.
ResponderEliminarCaro Bmonteiro, no actual contexto a sua teoria parece-me subversiva :) mas não serei eu quem lhe contesta a tese.
Margarida, seríamos bem melhor se aprendêssemos a achar menos e a pensar mais ou, no mínimo, a pensar antes de encontrar e proclamar as evidencias, mas são modas e enchem imensas páginas de "notícias". Há dias um amigo meu dizia que tinha uma notícia para dar mas que "não estava confirmada" e ficou algo surpreendido quando eu lhe disse que se não estava confirmada "notícia" não era de certeza...