1. As taxas de juro implícitas na cotação da dívida pública portuguesa (yields) para o prazo de 10 anos atingiram hoje um valor próximo de 8%, acentuando fortemente a subida já ontem registada.
2. A esse nível, equivalem já a mais do DOBRO da yield para a dívida irlandesa do mesmo prazo e, embora ainda longe, encurtaram bastante a distância para a yield da dívida grega (11,2%).
3. Quer isto dizer que a pressão vendedora da dívida portuguesa aumentou hoje significativamente, reflectindo a incerteza que paira no mercado em relação ao desenrolar da chamada “crise política”...
4. ... e sinalizando que o eventual prolongamento desta crise pode vir a ter consequências muito acima do esperado (?) na deterioração das condições de financiamento tanto da República como das empresas que recorrem ao mercado de capitais, bancos muito em especial...
5. Isto também significa que os políticos vão ter muito pouco tempo para selar (ou não, como quiserem) um acordo-base em torno dos pontos apresentados na agenda anunciada pelo PR: ou conseguem fazê-lo nos próximos 3 a 4 dias ou a situação financeira pode tornar-se insustentável...
6. Não esquecer que para a próxima 4ª Feira está anunciado um leilão de Bilhetes do Tesouro, de montante entre € 1.250 e € 1.750 mil milhões, aos prazos de 5 e de 12 meses, o qual, se até lá os decisores políticos não tiverem ainda “made up their minds”, poderá vir a dar um sinal violento de falta de confiança no Emitente...
7. Despachem-se, pois, senhores políticos: nada de descanso no fim-de-semana, aproveitem este tempo mais fresco para ganhar tempo, trabalhar e apresentar conclusões já no início da próxima semana! O País não pode esperar!
Dr. Tavares Moreira
ResponderEliminarÉ urgente e fundamental os três partidos acordarem no compromisso de salvação nacional promovido pelo Presidente. Olhando para trás, parece óbvio que este compromisso - não importa o nome - sempre foi necessário, mas aconteceu precisamente o contrário. O risco político do afastamento era muito elevado. Foi-se consolidando….
Caro Tavares Moreira,
ResponderEliminarConfesso que esta volta para dizer aos políticos para se despacharem é divertida. Havia um amigo meu, centro campista de muito pouco talento mas enorme garra, que chutava a bola para a frente e gritava "corre" . Quando os avançados não apanhavam a bola (nunca, porque eram passes horríveis) ele refilava porque "se fartava de trabalhar" para os outros. O presidente da republica é o problema óbvio, a solução é, obviamente, manda-lo pastar longe e nunca mais voltar. Ninguém conseguiria lembrar-se de tamanha asneira porque esse tipo não dá uma para a caixa, a cadeira vazia é melhor presidente da republica.
Agora os outros é que se têm que despachar??!? Ah, Ah, "corrreeeeeeeee!!!!!!!"
"Portugal's political crisis has taken a turn for the worst thanks to it's own President"
ResponderEliminarhttp://www.reuters.com/video/2013/07/11/portugals-political-time-bomb?videoId=244176731
Onde está a urgência? Nos partidos? Não me parece...
Sexa o PR faz-me lembrar um antigo general chefe do Exército (CEME), dos intelectuais mais capazes.
ResponderEliminarQuestionado na imprensa sobre as decisões do ramo, opções sobre compras militares de vulto:
O Chefe...não decide nada que não seja baseado em aprofundados estudos.
A saber, em vez de decidirem estudos para levar a cabo uma ideia sua...
encomendam estudos para saber o que fazer.
Ora como o glorioso Ex PO está nas lonas, o estado da Nação de Sexa o PR lembrou-me este estimado general.
A bem do Regime.
Caro Tavares Moreira
ResponderEliminarOntem, suponho, Joaquim Aguiar veio mostrar um singelo gráfico que ilustrava um outro lado de tudo "isto" e que, mais uma vez, justificava a necessidade de fazer o que tem de ser feito.
Nesse gráfico da semana das demissões, as nossas yields, a dez anos subiam e, por "arrastamento", faziam subir as de Espanha e Itália.
Já não bastava que as nossas irresponsabilidades prejudicassem 10 milhões como afectam, directamente, mais quase 100 milhões. É caso para se dizer que é obra.
Cumprimentos
joão
Cara Margarida,
ResponderEliminarQue é urgente, parece que é urgentíssimo mesmo...
Não sei é se esta rapaziada já se deu conta da alhada em que (nos)mete caso prevaleçam seus interesses paroquiais, invariavelmente os mais ponderosos...
Caro Tonibler,
Caso o Senhor não arrasasse Belém pós-2006, eu ficaria preocupado, algo de muito mau se estaria a passar...
Assim como fico intrigado com a sua generosíssima condescendência em relação a Belém ante-2006, quando ocorreram monumentais gaffes políticas...
Não consigo entender esse "level" playing field...
Caro BMonteiro,
Estudos arrancados das profundezas são sempre fonte de grande inspiração...já era assim no tempo do Oráculo de Delphos...
Caro João Jardine,
Atenção que ontem as yields da dívida portuguesa despegaram das restantes...
Os mercados tornaram-se muito nervosos em relação ao ambiente lusitano, receiam claramente que os patrióticos políticos locais decidam meter-se a banhos sem o trabalho feito...
Caro Tavares Moreira,
ResponderEliminarMuito me admira que o meu caro não seja critico do Belém pôs -2006, afinal foi o Belém 2006 que assinou o caminho para a falência de 2011, que ajudou às marteladas contabilisticas e que conseguiu esta semana dar cabo de um leilão de divida em Itália e deve dar cabo de outro para a semana em Portugal. Já para não falar que Belém se tornou, curiosamente só depois da saída do platinado, em campo de tIro onde se agarrava em medidas de corte de despesa e se lançava para o TC. Eu diria que não é surpreendente a minha oposição ao estalinista de Belém. O que é surpreendente é porque é que o meu caro não é opositor do sujeito.
E só comecei a embirrar com o homem bem depois de 2006. Foi só quando ele começou a interpretar a constituição como interpreta os jornais. Não lendo....
Caro Tonibler,
ResponderEliminarHabilíssima forma de contornar os pavorosos desastres de Belém ante-2006:concentrar todo o fogo em Belém pós-2006...
Belém pós-2006 cometeu vários erros, já aqui tive oportunidade de os assinalar, divergindo das posições expressas por S. Exa. Refiro, nomeadamente, posições muito pouco claras em relação à questão do cumprimento do PAEF em oposição à necessidade de adoptar medidas que promovam o crescimento.
Na minha perspectiva, colocar o problema nesses termos nada contribui para uma correcta percepção dos objectivos e das limitações da política económica...
Quando é necessário, como vê, divirjo, mas não preciso para isso de estar em guerra aberta e permanente...
É claro que o Excelentíssimo está à vontade para declarar esse estado de guerra, nada tenho com isso...
O que estranho, muitíssimo mesmo, é essa imensa condescendência em relação ao desastroso ante-2006...isso sim é que é estranho...
Mas tb acrescento: é lá consigo, eu nada tenho com isso, limito-me a estranhar, mais nada...
Caro Tavares Moreira,
ResponderEliminarO ante-2006 teve as suas "coisas", umas piores, outras melhores. Nunca nenhum levou o estado à falência, nunca nenhum armou um golpe de estado. O meu caro vai concordar que a dimensão da burrada é tão grande no pos 2006 que a própria república parece nunca ter acontecido....
Bom, Tonibler, já é um começo, muito tímido mas um começo...no sentido de admitir que Belém ante-2006 não foi propriamente um período de exercícios políticos muito recomendáveis...
ResponderEliminarVeremos como termina este episódio, certamente o mais marcante do Belém pós-2006...
Se acabar mal, Belém pós-2006 ficará equiparado a Belém ante-2006- que teve o enorme mérito de nos atirar, em 2005, para um desvario sem controlo, que acabou da forma mais triste, que certamente ainda recordará (eu recordo-me) em Maio de 2011...
Se correr bem - que admito não ser nada fácil - Belém pós-2006 ficará a ganhar, não aos pontos mas KO, a Belém ante-2006.
Aguardemos, pois...creio que não teremos de esperar muito.
Se me enganar e tivermos que esperar muito, então será certamente para concluir que Belém pós-2006 = Belém ante-2006.
Já não há a menor hipótese de ir correr bem, caro
ResponderEliminarTavares Moreira. Que país pode ser independente quando a vontade soberana do povo não é respeitada pelo mordomo? Que imbecil acha que um país vive em democracia suspensa para pagar uma dívida?
Caro Tavares Moreira, na sua perspectiva, o que é que teria acalmado e tranquilizado os mercados? Não esquecer, por favor, a situação que é preciso resolver e que foi desencadeada com a saída voluntária e sem aviso prévio do nosso "garante da credibilidade " junto dos mercados! A que chamarão esses oráculos financeiros "estabilidade"? E como a reconhecem?
ResponderEliminarCaro Tonibler,
ResponderEliminarMas este seu comentário cai que nem uma bomba em cima de Belém ante-2006!
Com esta não contava eu!
Cara Suzana,
O problema não está em "teria" tranquilizado, a história não tem duas escritas...
Aconteceu, aconteceu, agora é preciso desfazer a meada, muito rapidamente.
E não esqueça que os "mercados", para o efeito que aqui releva, não são mais nem menos que aqueles, muitos milhares de particulares e muitos investidores institucionais que compram e vendem títulos da dívida pública portuguesa...
...E que neste momento, por força da incerteza que está criada (não estou a dizer se foi ou bem criada, note), vendem muito mais do que compram...acrescendo que o tempo corre contra nós...
Caro Tavares Moreira,
ResponderEliminarSe se está a referir à decisão do presidente Sampaio, não tem nada a ver com esta palhaçada. O presidente Sampaio aceitou a decisão dos representantes do povo em AMBAS as situações. Ele não teve a culpa que o PSD não apoiasse o seu próprio governo, a começar por aquele funcionário do banco de Portugal que fazia artigos sobre moeda boa e moeda má. O presidente Sampaio não vetou nenhuma das decisões do governo que vinham caracterizadas como necessárias devido à crise. E quando entendeu não aceitar as propostas dos representantes do povo, devolveu a voz ao povo. Não reuniu as cortes do pessoal amigo para ver o que diziam...
Repare como me refiro ao presidente Sampaio e ao sujeito. E posso dizer-lhe que não votei em nenhum deles.
Conversa muito "mole", caro Tonibler, de uma moleza tal que comove até à lágrimas...
ResponderEliminarEntão a assembleia popular dissolvida em finais de 2004 não tinha uma maioria que até aprovou, sem dificuldades a proposta de OE/2005?
Pode saber-se qual a entidade aferidora dos pesos que o Ilustríssimo comentador utiliza para as suas avaliações, a fim de me permitir submeter-lhe uma reclamação devidamente fundamentada?
Dr. Tavares Moreira
ResponderEliminarSendo totalmente legítima e democrática a opção pelo "uso" da moção de censura, arriscaria a dizer que não se entende o momento para a proposta e votação da anunciada, tanto mais que arricaria mais uma vez a dizer que, conhecendo os partidos com assento parlamentar a situação de urgência do país e a necessidade de um quadro de estabilização governamental e política (chamados que foram os partidos a este desiderato) entende-se muito mal este agora "fair-divers". - Não lhe consigo chamar outra coisa.
E depois há quem se admire da falta de confiança dos cidadãos nos partidos e no sistema político.
É que isto só vem fazer perder tempo sabendo-se, no caso presente e de antemão, a sua ineficácia.
Respeito mas não compreendo.
Caro Tavares Moreira,
ResponderEliminarA entidade é o presidente da república. Que aceita que os deputados representam o povo sobreano, e aceita aquilo que lhe dizem; ou não aceita que os deputados representam o povo soberano e marca eleições. Isto numa democracia, claro que aparece sempre um qualquer sujeito salazarento que vê uma terceira hipótese que é "agora só se tiverem uma maioria de 2/3 é que eu aceito governo e têm que ser tratados por uns amigos meus e quem sabe o que é ou não estável sou eu, por isso não aceito o governo nem marco eleições".
A diferença está na tomada do poder que o presidente Sampaio não admitiu fazer. Eu recordava o meu caro que o presidente Sampaio ACEITOU o governo de Santana Lopes apesar de o argumento de que ninguém tinha votado em Santana para PM fosse válido. E deitou-o abaixo quando era óbvio que o PSD não o suportava, que os nomeados pelo PSD fugiam do governo como se tivesse peste. Ou admite que representam o povo, ou duvida e convoca eleições. Esta palhaçada é que não e os mercados, que o meu caro correctamente usa como bom indicador são claríssimos quanto a isto. Não às legislativas, sim às presidenciais.
Caro Mário de Jesus,
ResponderEliminarA moção de censura é para ajudar o governo - embora não seja essa a intenção real e declarada pelos proponentes, o resultado, em termos de opinião pública, não poderá ser outro.
É natural que as pessoas- como no seu caso - se interroguem: então numa emergência destas, em que não há tempo a perder, ainda vêm perder mais tempo com uma moção de censura?
Caro Tonibler,
Respeito a sua opinião e a elegante plástica dos seus argumentos, num esforço exaltante pesquisa de indulgências para a fabulosa decisão de dissolver a AR em 2004 e de entregar o governo, de bandeja, a um dos mais brilhantes decisores políticos do nosso tempo.
Permito-me reiterar que a diferença entre a decisão de dissolver a AR em finais de 2004 e a actual decisão do PR em propor aos principais partidos políticos um entendimento num momento crucial para o cumprimento do PAEF, consiste no facto de a segunda, por muito criticável que possa ser noutros planos, se apresenta infinitamente mais respeitadora da vontade popular do que a primeira.
Até os partidos perceberem que o consenso sobre o presidente da república é o mais fácil de atingir.
ResponderEliminarCaro Tonibler,
ResponderEliminarUm belo "finale", sim senhor, para esta troca de "galhardetes", que já vai longa!