quarta-feira, 14 de agosto de 2013

PIB 2º trim/2013 cresce, bem mais que previsto: e agora?

1. A notícia hoje divulgada do crescimento do PIB no 2º trim/2013, de 1,1%, muito acima das expectativas dalguns institutos de previsão, deverá ter deixado aturdidos os nossos amigos Crescimentistas (reagem, curiosamente, com um contentamento descontente).

2. Pior ainda, esta notícia adiciona-se à que foi divulgada na pretérita semana, da redução significativa do desemprego, de 17,7% para 16,4%, também do 1º para o 2º trimestre de 2013.

3. Estas notícias parecem abalar – ou mesmo fazer desmoronar – os DOGMAS proclamados pelos Sectores mais Crescimentistas, ao longo dos últimos 2 anos, insistente e megafonicamente repetindo que, com a actual política económica, estranhamente etiquetada de “neo-liberal”, não poderíamos esperar outra coisa que não quebras na actividade económica e aumentos sucessivos do desemprego...até à implosão da mesma política...

4. Mas esta mudança de cenário económico, apesar da fragilidade que ainda apresenta, ajuda-nos a perceber aquilo que por 2 vezes tinha já sucedido com outros (e muito duros) programas de ajustamento a que a economia portuguesa foi sujeita, em 1976/7 e em 1983/4: uma vez obtido o reequilíbrio mais fundamental, entre produção e despesa, a actividade económica encontra sempre forma de recuperar...

5. É certo que o actual contexto – ou o regime económico, se quiserem – é muitíssimo distinto daquele em que decorreram os 2 anteriores programas de ajustamento: “graças” ao Euro, desta vez foi possível arrastar os desequilíbrios por muito mais tempo (15 anos), o endividamento dos diferentes sectores (Famílias, Empresas, Estado) cresceu muitíssimo mais, e o processo de ajustamento consequentemente tem sido mais demorado e penoso (e não está concluído, não esquecer)...

6. A grande incógnita, neste momento, está em saber como (e se) vai ser possível conciliar a manutenção de um ritmo crescente de actividade económica, libertando-nos do “jugo” da recessão, com o prosseguimento da Consolidação Orçamental (é possível que esta expressão, entretanto caída no purgatório, venha ser recuperada depois destas notícias, quem sabe?), a qual como sabemos condiciona a restauração de normais condições de financiamento da economia (não só do Estado)...

7. A resposta a esta questão vai depender muito da evolução da actividade nos nossos principais parceiros europeus - Alemanha, França, Itália, Bélgica - que, como lembrei em Post anterior, pouco nos ajudaram no 1º semestre deste ano (com a notável excepção da Espanha), pois as nossas vendas para esses mercados registaram uma queda...

8. Se, durante o 2º semestre do ano, as economias desses parceiros acelerarem como os indicadores disponíveis parecem sugerir, poderemos assistir à confirmação da melhoria da actividade em Portugal ao longo do mesmo período, até porque ainda se espera uma aceleração das vendas para outros importantes mercados como é o caso de Angola...

9. Mas convém notar que o factor Orçamento/2014 ainda pode vir trazer alguma (ou muita) perturbação a este cenário, nomeadamente agora que o jurisprudencial TC volta a entrar em cena...tudo é possível, temos de ser realistas!

8 comentários:

  1. Caro Tavares Moreira,

    Entendo perfeitamente essa preocupação com o TC dado que hoje a notícia era que "O Presidente da República enviou para o Tribunal Constitucional (TC) um pedido de fiscalização preventiva do diploma da requalificação na Função Pública.".

    Este envio deve-se certamente à falta de consenso entre os partidos políticos do arco da governação (sempre quis escrever isto...), consenso esse que tem atrapalhado todas as medidas que conduzem a uma governação mais condizente com o estado de falência em que o estado se encontra e que possa ultrapassar o perigo para a nação daquilo que pode vir daquilo que é decidido pelo TC. Palhaço sou eu...

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  2. Caro Tonibler,

    Suspeito que estes visíveis (embora frágeis)sinais de melhoria da actividade económica deixem muita gente quase em pânico, torna-se necessário mobilizar todas as "boas-vontades" no sentido de travar uma eventual confirmação deste novo e perigoso fenómeno...
    Há que assegurar que o barco mantém todas as condições para se afundar...
    Palhaços somos...(esta paga direitos)

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  3. É constitucional afundar o país?

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  4. Caro Tavares Moreira

    O nº 6 do seu post é o cerne da questão.
    Mais, uma vez, tinha o memorando original sido seguido à risca, estar-se-ia a salvo dos efeitos benéficos (e desejados) das políticas seguidas, sejam, os efeitos, transitórios ou não.
    Cumprimentos
    joão

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  5. "Contentamento descontente" está, aqui, muito bem aplicado, caro Dr.

    Porém, nada de pânico: A Grundforce já anunciou uma greve seletiva e desconfio que não ficaremos por aqui.

    Espero que o Governo leve as reformas do Estado até ao fim (conseguirá fazê-las? É agora ou nunca!); este é o caminho do crescimento sustentado,mas...há ainda tanto a percorrer...

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  6. caro Luís Moreira,

    É uma intrigante pergunta a que lança no seu comentário...que responda quem quiser e souber.
    Eu suspeito - mas apenas suspeito -que a resposta é sim, embora por "boas razões"...

    Caro João Jardine,

    Como bem sabe, assistimos ao longo dos últimos dois anos a uma mobilização nacional - com apoio dos "media" como nunca se tinha visto, nomeadamente os que pertencem e são dependentes do Estado - para o não cumprimento do dito Memo...
    Assim, admitir que alguma coisa tenha sido cumprida, já é uma hipótese quase heroica...

    Caro António Barreto,

    Sim, as boas vontades já devem estar em fase de mobilização geral, para ver se isto não passa de "sol de pouca dura".
    País desafortunado e crucificado pela imbecilidade dominante!

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  7. Caro Dr.T.Moreira,
    O seu post merece toda a atenção.Pois pôe a lume toda a nossa limitação,que só aliada à boa vontade e perseverança,nos irá permitir a saida do buraco em que fomos metidos de há 8 anos a esta parte!Em que todos mais ou menos fomos andando,assobiando para o lado, sem nos apercebermos(?)do abismo a chegar a passos largos!Nem o PR nos disse nada do perigo durante a festa socrática,que ele,vá-se lá saber porquê,não refreou!Agora há que arrepiar caminho!É doloroso,sim,mas há-de conseguir-se!Quanto ao amargo de boca dos junqueiros e outros que tais,é de pasmar!Mas não de amirar!Eles jogam tudo pelo quanto pior,melhor!umprimentos

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  8. Caro Alberico Lopes,

    O meu amigo mostra-se muito poupado, quando refere que o buraco em que fomos metidos (com uma boa dose de voluntariado, há que reconhecer) terá 8 anos...
    Eu conto uns bons 16 anos, pelo mínimo...

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