terça-feira, 1 de outubro de 2013

Uma nova face da CRISE e os sonhos ideológicos...

1. Foram notícia, ontem e hoje, os seguintes indicadores de actividade económica:

- Vendas de automóveis sobem 15% em Setembro em relação ao mesmo mês de 2012, o crescimento nos primeiros 9 meses do ano é de 5,7%;

- A produção industrial cresceu 8,3% em Agosto, relação ao mês anterior (+0,6% em termos homólogos);

- As vendas a retalho cresceram 4,8% em Agosto em relação ao mês anterior (-0,1% em termos homólogos mas com tendência de recuperação, em Julho tinha sido -1,6%);

- A confiança dos consumidores atinge em Setembro o nível mais elevado desde Novembro de 2010 (6 meses antes da debacle socrática);

- índices de confiança dos agentes económicos (empresários e consumidores) aumenta de forma significativa em Agosto e Setembro.

2. A isto acresce a informação, hoje divulgada, de uma nova queda da taxa de desemprego em Agosto, segundo o Eurostat, para 16,5%, ficando a marcar o 6º mês de queda sucessiva deste indicador depois de ter atingido um máximo de 17,6% em Fevereiro último.

3. Poderia ainda relembrar os dados que aqui mencionei no penúltimo Post editado, reveladores de uma enorme melhoria na situação das contas externas até Julho, com superavits em todas as contas relevantes...

3. Ao contemplar estas dados – esta realidade - não posso deixar de a comparar ao tremendismo pessimista da grande maioria dos discursos políticos bem como dos comentários de “especialistas” que enxameiam a comunicação social, os quais dogmaticamente se recusam a aceitar a possibilidade de qualquer outro cenário que não seja o agravamento da CRISE...

4. Na sua grande maioria, esses discursos – desde os Crescimentistas do tipo português suave até aos Crescimentistas puros e duros que sonham com um crescimento da despesa pública, sustentado por recursos financeiros de fontes renováveis, para estimular a despesa e a actividade – assumem uma matriz ideológica bastante marcada que os leva a excluir qualquer possibilidade de recuperação da economia na vigência de uma política neo-liberal...

5. Para eles só pode haver crise, sempre crise e cada vez mais crise enquanto estiverem em vigor as políticas de Consolidação Orçamental articuladas com a Troika...

6....mas a realidade económica vai mudando, revelando-nos a pouco e pouco uma face nova da CRISE – os agentes económicos não se movem em função desses discursos pessimistas, sabem que existe outro mundo muito mais dinâmico e motivador; mas os políticos tremendistas não desistem do seu ardente discurso de crise, transportados em seus sonhos ideológicos ...no fim, quem ganhará?

18 comentários:

  1. O que este país não seria se tivesse um estado com uma democracia pluralista baseada na soberania popular...

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  2. Os discursos tremendistas são de quem se habituou a viver à conta e tremem só de pensar que os que pagam impostos ainda descobrem que não precisam deles para nada.

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  3. Espero ardentemente que ganhem os que acreditam que estamos a sair da crise e que vejam todas as suas teses demonstradas pó excesso e o mais depressa possível!

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  4. ...por excesso... (O iPad tem a mania de mudar as palavras)

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  5. Não leem o Alberto Caeiro: "O que me apontaram nunca estava ali: estava ali só o que ali estava".
    henrique pereira dos santos

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  6. Só tenho um receio, caro Dr. Tavares Moreira; é que, a recuperação económica do país crie de novo condições para que quem pode, cometa novas fraudes, novos negócios lesivos para o estado, novos favorecimentos, etc. Ao buraco que parece poderemos estar a começar a saír, voltaremos com a maior facilidade, e novo tombo, poderá deixar-nos os ossos tão quebrados que por certo não mais nos levantaremos do fundo... isto, pressupondo que o buraco tenha fundo.

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  7. Bem dito, caro Tonibler, bem dito...aquele (Estado) que existe é uma má caricatura desse modelo; embora contrariado tenho de lhe dar razão!

    Caro Luís Moreira,

    Não só não precisam como dispensariam bem os seus "préstimos"...

    Cara Suzana,

    Perfeitamente unidos nesse sentimento...embora, realisticamente, com dúvidas quanto ao resultado final...

    Caro Henrique Pereira dos Santos,

    Belíssima expressão de Pessoa, que estes encarniçados adeptos do quanto pior melhor deveriam ter de ler, como penitência, pelo menos 100 vezes ao dia durante 1000 dias...

    Caro Bartolomeu,

    Não deixo de o acompanhar nessa preocupação, mas a esse respeito devo acrescentar, se me permite,o seguinte: espero que as principais instituições do País tenham aprendido alguma coisa com os lamentáveis episódios que menciona, mostrando-se capazes de intervir mais a tempo, de modo a limitar os danos se não for possível evita-los de todo...

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  8. Agora, que uma vez mais nos querem fazer crer que se acabou a crise e que vêm aí novos bons tempos se formos obedientes e fizermos o que nos dizem, será bom procurar as razões de uma tal crença.
    Falam-nos de sinais positivos. E de alguns dados económicos que não financeiros, (os juros da dívida pública continuam a rondar os 7%) que apresentam sinais de recuperação. A existir alguma sustentabilidade no crescimento da nossa economia, o que não creio, o mérito deve-se á oposição, à recente crise governamental e ao Tribunal Constitucional que fez parar o escavar do buraco da austeridade. Foram meses em que o governo se viu obrigado a dar tréguas aos portugueses da sua insaciável sede de austeridade.
    Mas estes “bons tempos” estão prestes a acabar com as novas medidas de austeridade propostas no orçamento para 20014. E tudo voltará ao normal.
    Mais recessão, desemprego e a fuga em massa dos jovens para o estrangeiro.

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  9. 2 perguntas:

    - Em apenas 2 meses, a ouvir os "crescimentistas" Cavaco e Silva, e o vice-primeiro-ministro Portas a falar em "Investimento" e "mudar de linha", para que a economia e a confiança começassem a crescer! É uma leitura tambem ela valida, certo ?


    - As agencias e os ratings e os mercados, nos relatórios ultimos, não dizem bem a mesma coisa...e os juros continuam nos 7%. má vontade ?

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  10. Carlos Sério, sabe o meu amigo certamente que: verificando-se alguma recuperação em alguns sectores da economia, ela irá reflectir-se noutros sectores. Por conseguinte, a economia em geral, e continuando a verificar-se a recuperação de que o nosso Amigo Dr. Tavares Moreira nos fala neste post, veremos que mais ou menos rápidamente as agências de ratting irão melhorar a classificação de Portugal e que o acesso a juros mais acessíveis irá verificar-se, podendo as empresas contrair créditos a juros menos penalizantes, e tornar-se mais competitivas, na medida em que terão oportunidade de investir em tecnologias; o que lhes permite produzir mais e melhor a um custo inferior e, aumentar as vendas.
    Chama-se a isto a lei da causa/efeito.
    Agora; se eu encontro motivos que me levem a acreditar na estabilidade e na continuidade desta recuperação, já é algo que requer uma viagem apurada ao mundo zodiacal...
    Para finalizar; parabéns pelo seu comentário, prova de que o Carlos é capaz de criticar sem ofender... isso é muito positivo e promete bons debates de opinião.

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  11. Caro Pedro,

    Quanto ao primeiro ponto, não deixo de reconhecer (o desportivismo é essencial nestes debates) que existem uns pigmentos de Crescimentismo nessas declarações...
    Em qq caso trata-se de Crescimentismo do primeiro tipo, por mim mencionado e apelidado de "português suave"...

    Quanto ao segundo ponto, quando se refere aos juros de 7%, creio que tem em vista as yields da dívida pública portuguesa com maturidade residual de 10 anos, certo?
    Sobre esse assunto, posso dizer-lhe que o nível dessa yield se encontra já abaixo de 6,5%. Sendo assim, quid juris?

    Caro Bartolomeu,

    Muito aprecio a sua extraordinária capacidade de estabelecer pontes de diálogo...mais um factor a somar aos (não poucos) que justificam a elevada consideração que me merece...

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  12. A consideração é recíproca, caro Dr. Tavares Moreira e, felizmente, passa a fronteira do virtual.

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  13. Caro Tavares Moreira,
    mais que as ligeiras "provocações" da 1ª pergunta...(que são reciprocas, creio concordará, mas saudaveis e em respeito mutuo!)

    ..é a 2ª pergunta que fiz que me parece preocupante.

    E nesta, mais que o valor "instantaneo" dos juros, num determinado momento, o que me parece preocupante é o relatório em si e as "perspectivas de abaixo de lixo" com que as Agencias de Rating nos percepcionam.

    quem me dera a mim estar enganado, e ter de dar a mão á palmatória, pois seria com a maior das satisfações que daria o braço a torcer e concluiria algo: "epá, afinal eu táva errado, e o caminho era mesmo o certo...e já estamos bem e fortes e produtivos!"

    ...mas se por um lado concordo que alguns indicadores nos dão ligeiros raios de luz, a "sombra" com que as Agencias de Rating nos avaliam, escurecem-me profundamente os horizontes! infelizmente...


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  14. Caro Bartolomeu,

    Embora, por estranho que lhe possa parecer, eu seja uma pessoa que ainda gosta de sonhar, de preferência acordado - e sobretudo com um mundo mais justo e fraterno - não deixo de aderir a essa ideia de consideração mais do que virtual, de preferência bem real...

    Caro Pedro,

    O valor do preço do dinheiro para a República Portuguesa que lhe referi não é apenas instantâneo, reflecte uma evolução que já tem alguns dias, depois das taxas terem andado acima dos tais 7%...
    Quanto aos ratings da República (da dívida, para ser mais preciso), posso referir-lhe que há empresas residentes em Portugal - EDP, GALP, REN,PT (agora em trãnsito para o outro lado do Atlantico) - que pagam, para os mesmos prazos, juros inferiores aos da República...
    Pode daqui concluir que o problema é bem mais de credibilidade do Estado (Administrções Públicas) e de sustentabilidade das finanças públicas que um problema do País...
    Não se admire pois com a minha escassa apreciação pelas teses crescimentistas que menorizam a relevância dos esforços de Consolidação Orçamental...
    Não consigo mesmo entende-los...

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  15. O problema de neste momento é o estado continuar à espera que o dinheiro apareça para ficar tudo na mesma.
    Isto, equanto nos crescimentistas EUA vai tudo para casa sem ordenado.

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  16. Boa piada, Nuno Cruces, boa piada...
    Mas se me não engano, a rapaziada nos USA não estará assim tão preocupada: fazem umas férias forçadas, não recebem agora mas vão receber retroactivamente, como se tivessem estado em permanente labor!
    Não deixa de ser saboroso, no fim de contas!

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  17. Pois, a nossa jornalista residente insistia em falar em " 800 mil despedidos" apesar de cada interpelado tivesse ficado a olhar para ela como se não estivesse bem do juízo. Mesmo assim, voltou-se para as câmaras e insistiu com ar dramático.

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  18. Absolutamente notável essa interpretação dos despedidos, Suzana...despedidos por uns dias, até que tudo volte ao normal!
    Há sempre mais um talento jornalístico à nossa espera, só temos de estar atentos!

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