O momento chegou, a fantasia despertou e as crianças explodiram em alegria ao verem o Pai Natal de raspão a fugir como lhe compete. Antes, o discurso da Leonor encantou e espantou. Dissertou sobre o Natal, sobre as prendas, sobre o Pai Natal que não pode desaparecer, falou da terra, falou do ambiente, falou do chocolate que deveria ter tomado por causa do frio, sempre de frente, agitando as mãos, com as faces rosadas de excitação, qualquer coisa de anormal para uma criança de cinco anos.
O ritual manteve-se e a iniciação das crianças em matéria de fantasias manteve-se, criando quadros e mundos para um dia serem recordados. Nessa altura, em que o sofrimento lhes trará o sabor amargo da existência, as dores serão mitigadas pela recordação destes momentos. Uma alegria vivida com intensidade para que um dia possam sentir-se um pouco mais confortáveis. Hoje, foi a noite em que receberam um outro tipo de prenda, não a viram, mas, no futuro, irão deliciar-se com um forte e eficaz analgésico para as dores da alma. Só tem de o guardar. Nunca se gasta.
Sei, por experiência própria, que lhe assiste inteira razão - a certa altura da vida, as outras prendas tornam-se inúteis.
ResponderEliminarBoas-Festas!