Ser gazetário não faz parte dos meus hábitos, mas hoje fiquei convencido das suas propriedades. Não fazer nada por obrigação, ou por devoção, mas por inspiração de momento, desencadeada pela circunstância de velhos amigos irem almoçar juntos, levou-me até à capital. Desta vez não tive de ir ao beija-mão de qualquer coisa ligada com o poder. Hoje fui porque quis. Meti-me no comboio e fui almoçar, conviver, falar e passar o tempo de forma diferente. Rechearam-me de atenções e de cuidados coisas a que dou particular atenção. Tive a oportunidade de desfrutar uma viagem tranquila, sem sobressaltos, durante a qual saboreei algumas páginas de um excelente livro, e adormeci sob um agradável sol que, ao penetrar pela janela, aqueceu-me de uma maneira diferente. Pequenas histórias, alguns dizeres, comentários, reflexões ocasionais e o facto de conhecer pessoalmente velhos amigos, tornou o dia num reconfortante episódio que me ajudou a esquecer e a desvalorizar os denominados maus acontecimentos da existência. Foi uma verdadeira terapêutica social em que a amizade pontuou pela elegância e conforto. A natureza humana foi secundada pela outra, a mãe, que se vestiu de azul e de ouro, refrescando o ar com o brilho do seu olhar que, naquelas paragens, adquire algo de belo e de único. Lisboa tem uma das respirações mais límpidas que já vi até hoje, quase que não se sente e nem se vê a sua atmosfera, tamanho é o brilho que resplandece por todo o lado. O dia de hoje comprovou tão belo encanto. Singelas cortesias, belos comentários e sobretudo a sensação de ternura, que a amizade consegue transmitir através de pequenos gestos e cumplicidades de momento, encheram-me completamente. Ainda tive oportunidade de ver alguns apontamentos de arte dispersos em amplos pátios e que fazem jus à necessidade de contemplar a beleza. Fui também ver uma velha igreja, elegante, onde completei uma espécie de viagem ao redor de um grande homem. Curioso este acontecimento, inesperado, mas desejado sem dúvida. Uma espécie de dívida saldada num dia de gazeta. Provocou-me um certo alvoroço. Vou deixar que este apontamento sedimente para poder escrever de novo. Ainda vi o que não sabia que existia, mas é algo que profecia uma estranha sabedoria. Pequenas coisas, pequenos gestos, pequenas gentilezas, pequenas conversas, foram capazes de transformar um vulgar dia num dia que não se esquece. No fundo o que interessa e prevalece é a amizade. Vale a pena ter amigos.
Meu caro Professor, foi ótimo beneficiar dessa sua gazeta. Que grupo de gente boa esta 4R conseguiu reunir e consegue manter!
ResponderEliminarÉ verdade. Coisas simples, saboreadas por gente simples. Afinal o segredo é mesmo simples. Eu alimento-me de coisas simples. Vale a pena partilhar certos momentos, momentos que não esqueço. Preciso deles. Obrigado.
ResponderEliminarCaro Professor Massano Cardoso
ResponderEliminarOs acontecimentos simples são feitos pelas pessoas. A simplicidade vem da amizade, da vontade de estarmos uns com os outros, de sabermos uns dos outros. Que bom!
Foi uma inspiração, essa sua decisão da gazeta, Lisboa brilhou mais por isso, o convívio nem se fala, é sempre um prazer renovado encontrá-lo e além disso deixa-nos trabalho para casa, uns belos livros que parece impossível ainda não termos lido. O Quarta completo, na versão alargada aos amigos que se nos juntaram , um belo momento, aqui registado neste seu belo texto melhor do que qualquer fotografia de grupo!
ResponderEliminarAlguém disse que os amigos se reconhecem à volta de uma mesa, onde, o sentido de igualdade se fortalece e os torna mais fraternos.
ResponderEliminarAmália cantou, Pedro Homem de Melo escreveu:
Povo que lavas no rio
Que talhas com teu machado
As tábuas do meu caixão.
Povo que lavas no rio
Que talhas com teu machado
As tábuas do meu caixão.
Pode haver quem te defenda
Quem compre o teu chão sagrado
Mas a tua vida não.
Pode haver quem te defenda
Quem compre o teu chão sagrado
Mas a tua vida não.
Fui ter à mesa redonda
Beber em malga que esconda
O beijo de mão em mão.
Fui ter à mesa redonda
Beber em malga que esconda
O beijo de mão em mão.
Era o vinho que me deste
Água pura, fruto agreste
Mas a tua vida não.
Aromas duros e de lama
Dormi com eles na cama
Tive a mesma condição.
Aromas duros e de lama
Dormi com eles na cama
Tive a mesma condição.
Povo, povo eu te pertenço
Deste-me alturas de incenso
Mas a tua vida não.
Povo que lavas no rio
Que talhas com teu machado
As tábuas do meu caixão.
Povo que lavas no rio
Que talhas com teu machado
As tábuas do meu caixão.
Pode haver quem te defenda
Quem compre o teu chão sagrado
Mas a tua vida não.
Pode haver quem te defenda
Quem compre o teu chão sagrado
Mas a tua vida não.
Ontem, cumpriu-se a mística: fomos ter à mesa redonda, bebemos em malga que esconda o beijo fraterno de mão em mão, tivemos; a mesma condição. Advém daqui o prazer das reuniões de amigos.
;)
Gazeta? Eu fui fazer de mim mais valioso...
ResponderEliminarPudera, o Tonibler teve o privilégio de se sentar ao lado do Professor...
ResponderEliminarPois foi, caro Bartolomeu, tem toda a razão, mas por mim fiquei a antecipar um daqueles seminãrios que nos ficou prometido, com todo o gosto farei gazeta para lá ir, ouviu, caro Tonibler? Por aqui as promessas cumprem-se, há políticos assim , os da Quarta, claro :)
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ResponderEliminarO melhor é começarmos já a preparar 2 ou 3 perguntas para colocar ao caro Tonibler. Eu, já comecei a forjar uma, com base na estória da moeda que pode valer mais que o dólar mas que é totalmente...virtual. Uma coisa, peço que me foi dado perceber, ao nível das fichas de casino.
ResponderEliminar;)))
Acho que o Dr. Tavares Moreira também ficou intrigado com essa tal moedinha, bem mais reluzente que a nº 1 do Tio Patinhas.
;)))
Caros Bartolomeu e Suzana,
ResponderEliminarEu penso que o próximo até é numa prestigiada escola de economia da capital em Janeiro e. obviamente, ficarei muito honrado com a vossa presença. Não me ouviu, no entanto, dizer que o bitcoin, a moeda em causa vale mais que o dólar. Ouviu dizer que houve quem trocasse dólares por bitcoins quando o orçamento americano começou a falhar. Mas o valor da moeda não vem da sua "materialização", nenhuma é "material". Vem do trabalho efectuado que representa. Por isso é que o dólar vale e o bitcoin não vale. Porque ambas são registos electrónicos.