quarta-feira, 12 de fevereiro de 2014

"O melhor da vida todos os dias"




O dia foi longo, duro, cheio de trabalho e tenebroso com tanta chuva. Terminei cansado. Fiz a viagem sem chuva mas debaixo de pingos duros e secos da escuridão, também tenebrosa, a querer perpetuar o dia que acabava de finar e da noite que rompia a soluçar. Subi a escadaria, passei no corredor, evitando olhar ou ser olhado com receio de ter conversar e de justificar a minha presença. Dois, três, quatro breves cumprimentos, traduzidos num formal boa-noite ou num aceno de cabeça e mergulhei no quarto. O silêncio escuro, entrecortado pelo respirar suave, baixo, tranquilo e esperançado na morte que se atrasa, contra o que é habitual, feriu-me os olhos e impediu-me de o ver. Imaginei como estaria. Para confirmar acendi o candeeiro de parede, não com receio de a luz o incomodar, não incomoda, nem a luz, nem a sombra, nem a escuridão, nem nada. Acendi o candeeiro de luz fraca apenas para me proteger. Tudo na mesma, ou pior, as carnes começaram a volatizar-se. Sentei-me, aproximei-me, voltei a sentar-me, e continuei neste ritual sem sentido durante alguns minutos, para poder ter a certeza de que o tinha visitado. Queria pensar e não conseguia. Falar não podia. De repente olhei para o lado, na escuridão protetora, e vislumbrei na mesinha de cabeceira uma flor com uma tira de papel presa. Comecei a pensar e a falar para mim. Interroguei-me sobre a sua presença e significado. Peguei e li o que estava escrito na folhinha, "o melhor da vida todos os dias" - Dia Mundial do Doente - 11 de fevereiro. A Liga dos Amigos dos Hospitais da Universidade de Coimbra passou por ali e deixou uma mensagem que o doente nunca irá ler. Li-a eu e nunca mais vou esquecer este dia...

5 comentários:

  1. O melhor da vida, está a ser a visita que uma alma faz a outra, todos os dias. Uma alma a despedir-se, prestes a partir e outra alma a tentar dar-lhe alento para a viagem que irá iniciar-se. Ambas mergulhadas na escuridão de não saber o que as espera, mas esperançosas de vislumbrar a luz que lhes indique uma direção, um sentido para todo o tempo em que olharam no mundo...

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  2. Tristes momentos a que o avanço no tempo da vida nos vai impondo cada vez com mAis frequência, sem nos habituarmos nunca.

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  3. http://blog.brasilacademico.com/2011/06/raymond-kurzweil-imortalidade-e.html

    (Texto em português brasileiro)


    Há 500 anos atrás, pouca coisa acontecia em um século. Agora muita coisa acontece em apenas 6 meses. A tecnologia alimenta a si própria e fica cada vez mais rápida e não vai parar. E daqui a 40 anos o ritmo da mudança será tão assustadoramente rápido que você não será capaz de acompanhá-lo a menos que você aumente sua própria inteligência fundindo-se com a tecnologia inteligente que estamos criando.


    Deus existe? Ainda não.


    Raymond Kurzweil: Imortalidade e a Singularidade

    Pode alguém ser imortal? A ciência pode estar prestes a descobrir e Ray Kurzweil é forte candidato a experimentar em si as novidades sobre longevidade de um futuro próximo. O fim da era dos humanos está próximo.

    Ray Kurzweil é um ótimo exemplo daquilo que costumamos chamar de gênio. Filho de judeus austríacos que fugiram da Europa antes da segunda guerra mundial, nasceu em Nova Iorque (12 de fevereiro de 1948) e cresceu no Queens. Exposto a diferentes fés durante a juventude, através do Unitário-Universalismo, Ray tinha um pai músico e compositor e mãe artista. Aprendeu o básico sobre computadores com seu tio que era engenheiro da Bell Labs.

    Ávido leitor de literatura sobre ficção científica, em 1963, escreveu seu primeiro programa de computador, desenvolvido para processar dados estatísticos, o qual foi usado por pesquisadores da IBM. Desenvolveu um sofisticado programa de reconhecimento de padrões que analisava as obras de compositores clássicos, sintetizando suas próprias canções em estilos similares, ainda durante o ensino médio.

    Por causa desse software, em 1965, aos 17 anos, ele foi convidado a ir ao programa televisivo I've Got a Secret, apresentando uma partitura para piano composta por um computador criado por ele. No fim do mesmo ano ele ganhou o primeiro prêmio na Feira Internacional de Ciência por sua invenção sendo parabenizado pelo próprio presidente Lyndon B. Johnson durante uma cerimônia na Casa Branca.

    Em 1968, ainda estudante do MIT, Kurzweil fundou uma empresa que usava um programa de computador para ligar estudantes de ensino médio com universidades. Ele comparava milhares de critérios sobre cada instituição de ensino com respostas de questionários respondidos pelo próprio estudante. Aos 20 anos, ele vendeu a empresa para a Harcourt, Brace & World por cem mil dólares mais royalties.

    Em 1974, funda a Kurzweil Computer Products, Inc. e chefiou o desenvolvimento do primeiro sistema de reconhecimento ótico de caracteres que reconhecia texto escrito em qualquer fonte. Antes, os digitalizadores só conseguiam ler texto escrito em um conjunto reduzido de fontes. Ele decidiu que a melhor aplicação para essa tecnologia seria a criação de uma maquina leitora, que permitisse a deficientes visuais entender os textos escritos ao ouvir um computador ler o texto. O problema é que esse dispositivo exigia a criação de duas tecnologias, o digitalizador CCD e o sintetizador de voz.

    (continua)

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  4. (continuação)

    Então ele criou a solução, sob sua direção o desenvolvimento dessas tecnologias foi completado e em 13 de janeiro de 1976 o produto foi apresentado durante uma coletiva para a imprensa. A chamada Máquina Leitora de Kurzweil o levou a um maior reconhecimento. Após ouvir a demonstração, o músico Stevie Wonder (cego desde muito cedo, devido a complicações de seu parto prematuro) comprou a primeira versão do produto, iniciando uma amizade de longa data com Kurzweil.

    Devido a sua relação com Stevie Wonder, Kurzweil se inspirou para criar uma nova geração de sintetizadores capazes de imitar com precisão o som de instrumentos reais.

    Ray é um inventor pioneiro nos campos de reconhecimento ótico de caracteres, síntese de voz, reconhecimento de fala e teclados eletrônicos. Além disso, é autor de livros sobre saúde, inteligência artificial, transumanismo, singularidade tecnológica e futurologia.

    Suas várias invenções, inclusive no campo da medicina acabaram dando origem a empresas que Ray acabava passando adiante ficando com royalties ou trabalhando como consultor de usuários de suas invenções.

    Pois esse cientista acredita que em menos de 40 anos a medicina irá atingir um grau de desenvolvimento que permitirá alterar o organismo como se altera um software.

    É com essas palavras que o documentário Homem Transcendente finaliza seu relato pormenorizado das ideias e do dia-a-dia de Ray. Significando que o homem será omnipotente quando se libertar das limitações que a biologia impõe hoje. Mas essas limitações têm uma data para ceder: 2045.

    Para Ray, em 2029 a inteligência artificial já se igualaria à inteligência humana, e para mostrar que realmente crê no que diz, ele apostou US$20.000,00 que em 2029 uma máquina será capaz de passar pelo teste de Turing. O valor foi depositado junto à Long Bet Foundation, uma instituição que se dedica a imaginar o futuro.

    Mais ainda, por volta de 2049, devido aos saltos da computação e outras tecnologias associadas, será impossível distinguir as máquinas mais avançadas de um ser humano. Os supercomputadores conseguiriam fazer um número de cálculos por segundo similar ao cérebro. E graças a esses e outros avanços, os cegos vão enxergar (com olhos biónicos), os paraplégicos e amputados andarão (com próteses comandadas pela mente), os genes de doenças que queremos exterminar (como o diabetes, Alzheimer ou Parkinson) serão desligados, terapias serão executadas por nano robôs em viagens insólitas rotineiras pelo nosso organismo etc.

    (continua)

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  5. (continuação)

    Parece milagroso demais para você? Pois tudo só deve ser levado a sério antes de tudo porque é Ray quem está bancando. E suas previsões costumam estar corretas. Em seus laureados estudos previu o crescimento vertiginoso da Internet e errou por apenas um ano que o computador derrotaria o homem no xadrez.
    É a melhor pessoa que eu conheço na previsão do futuro da inteligência artificial.

    E a esse ponto na história humana, em que as máquinas e os homens poderão ser consideradas uma só coisa e a tecnologia seria tão avançada a ponto de acabar com a certeza da morte (pelo menos por doenças ou envelhecimento, embora sempre poderá haver algum acidente), dá-se o nome de Singularidade.

    Ray acredita tanto nisso que faz planos para chegar a essa data prolongando ao máximo seus anos de vida.

    Para tanto segue uma dieta de vitaminas e outras substâncias com rigoroso controle científico. Ele segue uma lista verdadeiramente grande de remédios para controlar cada aspecto de sua saúde. São 250 cápsulas por dia.

    Por exemplo, ele ingere fosfatidilcolina para redução do colesterol e gorduras. Ubiquinol para repor as energias e por aí vai.

    Em 2045, a parte artificial da inteligência da civilização de homens-máquinas será um bilhão de vezes mais poderosa do que a parte biológica. Isso significa que teremos ampliado 1 bilhão de vezes a inteligência dessa civilização. Isso é uma mudança tão profunda que a chamamos de Singularidade.

    Kurzweil não deixa de mostrar também o lado negro das suas visões em suas palestras. Uma das maiores ameaças da nanotecnologia, que a maioria dos cientistas reputam apenas como delírio de ficção, é a possibilidade de que máquinas microscópicas possam construir outras iguais a si mesmas, criando um fenômeno de auto-multiplicação (a chamada "onda cinza"). Segundo Ray, no futuro, nanomáquinas auto-replicantes poderão se transformar em uma espécie de câncer.

    Ray fundou a Singularity University em um famoso campus da NASA e tem o Google como um dos maiores patrocinadores do projeto. O objetivo dessa instituição é preparar a humanidade para esse momento tão impactante da história.

    Com seu QI 140, ele espera chegar até 2045 vendendo saúde, quando terá 97 anos. É ainda muito cedo para dizer se Ray está certo ou não. Quem viver verá.

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