Não foi só uma figura fraca aquela que ontem o líder da oposição fez ao comentar o anúncio das condições de saída de Portugal do Programa de Ajustamento, foi a confirmação de que Seguro é o que melhor convém à situação. Bastava-lhe que viesse congratular-se pelo anúncio do PM até porque foi por este desfecho que se bateu nos últimos meses. Ninguém lhe exigiria mais, nem os seus críticos dentro do PS. Mas não resistiu a um estilo de oposição que prenuncia o pior, caso algum dia António José venha a ter responsabilidades na condução do País, a oposição sem fundamentos, pelo tudo e pelo nada.
A reação de Seguro, num estilo que se tornou comum nos porta-vozes do PS, foi pouco menos que risível. Primeiro quanto à razão da sua desconfiança sobre o que o PM considera um êxito. Se bem percebi, Seguro desconfia porque o futuro aos mercados pertence, por isso não há garantias de limpeza total na saída. Fica clara a fé do líder do maior partido da oposição nas capacidades do País.
Mas o que mais me chamou a atenção foi a análise dos porquês da saída sem apoio em programa cautelar. Para António José isso só foi possível porque existem excedentes de liquidez dos investidores que só por isso se satisfazem com uma remuneração relativamente baixa do dinheiro que emprestam. De carrascos, os credores - agora no estatuto menos estigmatizante de "investidores" - passaram num ápice a autores de liberalidades extremas. Um novo Cícero, este Seguro: largitionem fundum non habere...
Encimar o bolo com a cereja, somente se Seguro tivesse sugerido que a saída do programa, contra o seu vaticínio, apenas teria sido possível porque os juros da dívida soberana portuguesa baixaram nos últimos tempos. E não é que não o sugeriu, disse-o mesmo? Vão ver que da próxima vez Seguro descobre que o resgate da República aconteceu porque os juros da dívida pública tinham subido!
Aquilo que realmente devemos temer nas próximas eleições legislativas é que; devido às intervenções verdadeiramente patéticas de Seguro e às decisões verdadeiramente demagógicas de Passos Coelho, a massa votante se vire para os partidos da extrema esquerda.
ResponderEliminarHipótese que não me parece nada impossível de admitir...
Que se lixe a República Portuguesa! Estado português fora de Portugal! Queremos ser senhores do nosso destino com a troika!!
ResponderEliminarO que só vem comprovar que os partidos do «arco da governação» são comandados a uma só voz.
ResponderEliminarChris Gupta: "A constituição de uma «Democracia Representativa» "consiste na fundação e financiamento pela elite do poder de dois partidos políticos que surgem aos olhos do eleitorado como antagónicos, mas que, de facto, constituem um partido único. O objectivo é fornecer aos eleitores a ilusão de liberdade de escolha política e serenar possíveis sentimentos de revolta..."
Está a partir de um pressuposto errado: o de que Seguro fala para o país.
ResponderEliminarA questão parece-me simples: Seguro quer ser primeiro ministro, não por qualquer razão de especial, mas porque sim, gosta de ser primeiro ministro, como gosta de ser secretário geral, é o seu horizonte de vida.
Seguro sabe que estando como secretário geral do PS no momento certo, o poder lhe cai no colo, como caiu o poder dentro do partido.
Portanto seguro tem como objectivo central, estar lá no momento certo.
Qual é a maior ameaça a isso? Que dentro do partido resolvam fazer uma substituição.
Como resolve o Seguro o problema? Fazendo o discurso dos que o poderiam apear, roubando-lhes margem de manobra.
Até agora tem funcionado.
E quando o poder lhe cair no colo, logo vê o que faz para resolver o que for preciso.
henrique pereira dos santos
Eu fico logo aflito quando começo a ouvir Seguro falar. É que tem frases tão eloquentes que me lembram o Américo Tomás, sentenças do género "esta é a primeira vez que aqui venho depois da última..."
ResponderEliminarCompletamente de acordo, não lhe auguro grande futuro, a menos que o resultado próximo seja estrondoso...
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