1. No leilão de dívida pública ao prazo de 10 anos, realizado esta manhã, o Tesouro logrou colocar € 975 milhões, obtendo uma taxa de juro média de 3,25%: trata-se da taxa de juro mais baixa desde o início da era dos Grandes Estragos, que conduziria ao famoso resgate de Maio de 2011...
2. É curioso notar que esta taxa de juro se encontra já ao nível do custo médio dos financiamentos negociados com os credores oficiais o que, a manter-se, permite considerar o recurso ao financiamento em mercado como um sucedâneo quase perfeito do financiamento da chamada Troika...
3. É natural e até certo ponto compreensível que estes resultados constituam um factor de desapontamento para quantos esperavam, da parte dos mercados, uma atitude punitiva em resposta ao decantado chumbo do TC...
4. ...e encontrassem nessa reacção punitiva mais um argumento, de peso, a favor da proclamação de um “Estado de Emergência” político/social para que têm instado, sem cessar, o PR...
5. Alguns dirão que este resultado é a consequência das novas medidas anunciadas pelo BCE, na semana passada, que terão tido o condão de amaciar ainda mais os mercados no tocante às dívidas dos chamados periféricos do Euro, e que por exemplo explicam que a taxa de juro implícita na cotação da dívida pública de Espanha (yield), ao prazo de 10 anos, esteja a nível já inferior ao da dívida dos EUA para o mesmo prazo.
6. Não vou negar essa influência, que me parece razoável admitir, mas o problema é que declarar um tal “Estado de Emergência”, nestas circunstâncias, seria um acto absolutamente insano...
Mas é o que as oposições pretendem, caro Dr!,uns para desmantelar o regime, outros para o "salvar". E não saímos disto!Conseguirão as democracias sobreviver a este paradoxo?
ResponderEliminarIsto é uma tragédia. Porque já que o juro desce, vamos cá aumentar os salários aos coitadinhos dos funcionários públicos, presidentes da república, juízes vários e outros membros da grande irmandade dos portugueses a sério. E, quando os patriotas da troika voltarem, porque vão voltar, ainda vou ter mais que pagar. Este leilão devia ter sido a 25%, para aqueles que nos defendem, a troika, terem uma desculpa para nos vir salvar da republica.
ResponderEliminarPosto isto sou obrigado a concluir que os mercados não nos ligam ponto de um chavelho, anda aqui o PM, coitado, a dizer que se não for assim os mercados zangam-se, os juros sobem, e afinal descem! Está visto que não percebem nada do negócio deles, mesmo com o esforço que o governo faz para lhes abrir o olhómetro...
ResponderEliminarÉ verdade caro jotac. Eles ainda acreditam que vai cá ficar alguém para pagar impostos...ehehehe
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ResponderEliminarCaro António Barreto,
ResponderEliminarA palavra paradoxo é bem ajustada a este policromado político inconsequente e sem tino que nos rodeia, permanentemente agitado pela tonteira aguda dos "media"!
É como se vivesse-mos diariamente mergulhados num oceano de dislates, em que se torna imprescindível dispor de equipagem bem preparada, para nos mantermos à superfície... mas com grande dificuldade, que as correntes são avassaladoras!
Caro João Pires da Cruz,
Tem razão no ponto em que esta descida rápida dos juros é um convite, quase obsceno, a retomar práticas de despesismo desatinado!
Acresce que se trata de um despesismo juridicamente abençoado e constitucionalmente recomendado!
Porque não encomendar à Troika, em regime de "outsourcing", uma revisão do texto constitucional, para vermos no que dá?
Caro jotaC,
Que eu tenha reparado, o PM não produziu tais declarações...o que não quer dizer que se os mercados fizessem agora "cara de zangados" não lhe desse algum jeito...embora os principais beneficiados fossem, por seguro, os obstinados impetrantes da declaração de Estado de Emergência que veriam nesse fenómeno mais um sinal de urgência para uma intervenção "salvífica" (leia-se "desastrada") do PR!
Caro Tavares Moreira
ResponderEliminarA taxa de juro que se obteve esta semana e a que, muito possivelmente, iremos obter na próxima é o resultado da credibilidade que a economia portuguesa alcançou, conduzida pelo actual governo.
O modo como o país enfrentou o processo de ajustamento, é outro dos alicerces da credibilidade que se alcançou.
Hoje, ao contrário de há quatro anos, basta o governo afirmar que irá aplicar alternativas, para que tudo se mantenha na mesma.
O que me surpreende é que, este episódio não se tenha retirado a conclusão que, no mundo actual, o que conta são os actos e não as juras ou as ameaças; porque parafraseando um ditado norte americano money talks and bulshit walks..
Cumprimentos
joão
Caro João Jardine,
ResponderEliminarNão afasto a sua interpretação, que tem alguns condimentos de razoabilidade, embora não esqueçamos a contribuição do BCE, que aliás não beneficia só Portugal...