1. Foram ontem notícia, em Portugal: (i) o crescimento de 40,5% das vendas de automóveis no 1º semestre de 2014 em relação a igual período de 2013, e (ii) a confirmação pelo Eurostat de uma nova queda da taxa de desemprego, em Maio último, para 14,3% da população activa (recorda-se que esta taxa atingiu um pico de 17,9% no 1º trimestre de 2013 e que, desde então, tem vindo a baixar).
2. Cumpre observar, “prima facie”, que devemos tomar esta informação com as maiores reservas, não lhes dando crédito por aí além, pois contrariam a existência de um contexto de crise profundíssima na qual, de modo AXIOMÁTICO, uma boa parte dos “media” e uma pletora de brilhantes comentadores continuam a ver o País megulhado...
3. Mas, mesmo admitindo, a muito custo e sem conceder, que esta informação merece algum crédito, importa assinalar que isto é de todo insuficiente para contrariar a dita crise profunda.
4. Para que a actividade económica consiga ganhar real “steam” e fugir à dita crise, torna-se certamente indispensável, quiçá urgente, adoptar o ousado programa inspirado nas ideias do Dr. Pangloss, recentemente anunciado ao País e que tem como eixos fundamentais os seguintes:
- Investir na cultura, na educação e na ciência, para assegurar o “futuro” do País;
- Promover a coesão social e teritorial;
- Defender o Estado Social (supostamente da devastação neo-liberal);
- Promover ( “ex nihilo”), o Crescimento e o Emprego.
5. Com um programa deste calibre, se eficientemente implementado, teríamos grandes possibilidades de, muito em breve, assistir a crescimentos das vendas de automóveis a ritmo superior a 100% e à evaporação o desemprego em escassos meses.
6. Não iria durar muito, como se perceberá, mas pelo menos ser-nos-ia proporcionado o deleite de reviver tempos bem gloriosos...
Contudo, a crise profunda existe, é real e verdadeira, pelo que, urge que sejam encontradas medidas capazes de a debelar.
ResponderEliminarAs vendas de automóveis cresceu. Mas o crescimento deve-se a programas de incentivo criados pelo estado, que incidem sobre os valores de retoma e verifica-se sobretudo no segmento dos utilitários cujo preço se situa no teto máximo dos 18/19.000€. O desemprego tem vindo a baixar, fruto de algumas "engenharias" na contabilização dos efetivos sem emprego mas sobretudo devido ao aumento de desempregados que emigram por atacado.
Não encontrando o governo outras medidas para além do aumento de impostos e redução das pensões, é só uma questão de esperar que os reformados se finem e os restantes emigrem. Assim, o pais acaba por ser habitado somente pelo governo e aí, a crise deixará de existir.
Bartolomeu, voce cai no erro muito comum de achar que esses programas de incentivos e engenharias de numeros nao existiam antes. Existiam, e eram bem mais abrangentes que agora, num caso por falta de dinheiro, no outro por haver um minimo de vergonha na cara (o que se fazia ha 3 anos atras era de uma desfacatez total face ao desemprego, alias parte do dispara inicial do desemprego esteve relacionado com o limitar de certas "practicas"...).
EliminarEm resumo, o nivel de manipulacao é muito menor - pelo que os numeros efectivamente fazem sentido...
Caro Bartolomeu,
ResponderEliminarTem toda a razão (como habitualmente, de resto) nas observações que produz.
Por isso a minha sugestão de adopção, com urgência, quiçà, de um programa de acção salvífica de tipo panglossiano - em relação à qual não deixo de registar, com alguma preocupação, o seu silêncio.
Poderíamos porvenutra discuti-lo à mesa de almoço, na próxima semana, em dia a ajustar, na companhia (pelo menos) dos nossos amigos Pires da Cruz e Pinho Cardão- que lhe parece?
Venha Voltair, venha Cândido,
ResponderEliminarE também o otimismo Panglossiano,
Juntar-se a nós, num estrugido
Gastronómico, Quartarepublicano.
Que seja quando quiserem,
Os estimados confrades.
Em lugar bem "iluminado".
Na próxima semana, é bem,
Que eu já tenho saudades,
De almoçar ao vosso lado.
Será que o Bartolomeu também está a ser irónico?
ResponderEliminarO que o leva a apontar a esse Alvo, caro Tiro?
ResponderEliminarAlmoço sempre, desde que seja durante a semana que vem, que depois vou estar ausente em zona do globo de gastronomia inferior.
ResponderEliminarQuanto aos carros, é natural. Afinal os funcionários públicos descobriram que têm uma boa parte do ordenado que não precisam. Vai de comprar Porsche!
Caro Bartolomeu, reli o post e os seus comentários e só agora reparei que o seu "poema" não é mais do que a resposta a um convite de um "velho" amigo. E, por isso, o meu tiro não acertou no alvo. Acontece.
ResponderEliminarPois acontece, caro Alvo! Por vezes, mesmo fazendo uso de sistemas auxiliares, erramos o Tiro. Deve ter sido devido a verificar-se essa falibilidade que surgiu o provérbio latino «Errare humanum est...» e a perversidade humana ter-lhe-á acrescentado: prevalecer no erro é diabólico.
ResponderEliminarMas, acrescento por conta própria e à semelhança de outros encontros gastronómicos, que o convite não foi endereçado exclusivamente à minha pessoa.
Caro João Antunes, confesso que não "apanhei" por inteiro, o sentido do seu comentário.
ResponderEliminarDaquilo que me pareceu pretender o meu amigo aludir, é em minha opinião, também, uma tendência de certa forma generalizada, ou seja «hoje está mau porque os outros antes é que deram cabo disto».
Seria uma completa ingenuidade não percebermos que a atual situação não teve um início num tempo anterior e que o efeito dessa causa, tem sido agravado nos tempos mais recentes.
Portanto e em minha opinião, no momento atual, não adianta grande coisa, descobrirmos o que surgiu primeiro, se foi a galinha ou o ovo, mas sim, percebermos que os ovos são insuficientes para as necessidades, porque a galinha está esgotada e ainda, como se pode e deve resolve esta dificuldade.
Caro Bartolomeu,
ResponderEliminarA sua inspiração poética e disponibilidade para um encontro gastrnómico como sugeri, têm o condão de dissipar as minhas assombrosas preocupações face à olímpica indiferença do meu Amigo em relação ao excelente e Panglossiano programa de governo que nos pode retirar desta crítica situação!
Caro Tavares Moreira,
ResponderEliminarEvidentemente que as ideias do Dr. Pangloss levar-nos-iam rapidamente ao desastre.
A solução para o país, talvez mesmo a única, terá de passar por capitalizar, recapitalizar e tornar a recapitalizar os bancos num processo infindo. Se nos aguentamos com esses juros ilimitados? Claro que aguentamos (citando Ulrich)! Pois se é a única forma de chegarmos à prosperidade…
Quanto à subida da venda de carros, não me admira. Eu próprio tive há pouco de trocar o Jaguar, que tinha um problema complicado no espelho retrovisor, por um Aston Martin.
Abraço
Obrigado, caro Bartolomeu, mas não posso aceitar o convite, pois tenho receio de não me sentir bem entre os ilustres "postadores" deste blogue e os seus habituais críticos/admiradores, mais ou menos benevolentes. Eu, que por vezes também aqui apareço, não passo de um franco*-atirador, ademais anónimo.
ResponderEliminar*Pode também entender "fraco-atirador".
Caro Tiro ao Alvo, cada um é livre de fazer escolhas de acordo com o seu critério pessoal.
ResponderEliminarEu, concordo ou discordo das opiniões que estas pessoas aqui postam e com as quais me sinto muitíssimo bem à mesa. São pessoas que em múltiplos aspetos das suas personalidades me são gratos.
Esta é a minha postura, mas é claro que todas as que surgirem, igualmente válidas e respeitáveis.
Caros Bartolomeu, João Pires da Cruz (e tutti quanti que pretendam aderir)
ResponderEliminarRecebi informação do nossoo estimado confrade P. Cardão que dá conta da sua ausência até dia 14 (até lá estará em viagem de estudo na Venezuela, para se certificar das vantagens de um País dispor de moeda própria), só lhe sendo possível participar após essa data e com excepção dos dias 17 e 18 (curiosamente nestes dias também não posso).
Agradeço assim o vosso pronunciamento, especialmente do JPC, que também deverá estar ausente por uns tempos, se bem percebi.
Volto dia 19. A partir dessa data só volto a abandonar este paraíso gastronómico no dia 30. Entre 21 e 30, é escolher!
ResponderEliminarDepois do dia 15 irei estar com as 5ª feiras ocupadas e um dia que suponho será o 23 mas que ainda não tenho a confirmação. Fora isso estou ao vosso inteiro dispor.
ResponderEliminarPost scriptum; para se certificar das vantagens de um país possuir moeda própria, seria necessário ao Dr. Pinho Cardão deslocar-se ao lado de lá do Atlântico?
ResponderEliminarAcho que lhe bastaria ter viajado até ao Liechtenstein; mas pronto, se ele preferiu as venezuelanas... quem sou eu...
Hmmm?
Referia-me às moedas!!! às moedas venezuelanas, que o nosso Amigo Pinho Cardão é um homem de economias... não se permite a essas libertinagens.
Bah!!!
Caros Bartolomeu e Pires da Cruz,
ResponderEliminarCongratulo-me pelo facto de termos encontrado um denominador comum, que certamente nos permitirá organizar desta vez - e finalmente - o repasto colectivo há muito aguardado!
Quanto à opção pelo mercado venezuelano, que o nosso confrade P. Cardão tomou para documentar o seu estudo, creio que isso se deve ao facto de, nesse País, serem mais visíveis as vantagens de dispor de moeda própria: têm-se fartado de a emitir, nos últimos tempos, com evidente vantagem para todos e com grande apoio popular!
23 será, em modo chavista, então...
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