sexta-feira, 19 de setembro de 2014

O bom filho à casa torna

"Reduzir o défice não é a nossa prioridade", proclama o impagável Hollande segundo revela o Expresso on line. Ninguém tinha dúvidas disso. Porém, a afirmação de François levanta a dúvida: se antes se sabia que a República Francesa não cumpriria as metas do défice por manifesta (e confessada) incompetência, parece que agora o incumprimento das obrigações (que continua a impor aos outros) é deliberado e resulta de uma profunda convicção. Nunca saberemos ao certo, porém, se não foi a incompetência que terá levado à convicção. Ou sabemos?
Seja como for, é de assinalar este realinhamento com a família socialista, que, estou certo, rejubila já com o regresso do verdadeiro filho...pródigo.

11 comentários:

  1. Não se apoquente...

    ...vai ver o Hollande acaba por:

    - fazer um pedido de desculpas publico.

    e fica tudo de Contas certas
    e com toda a Justiça!

    E a vida seguirá em frente, como se não fosse nada.

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  2. Enfim, as ideias políticas e económicas e não só...de Hollande têm geometria muito variável e o homem não sabe para onde se virar. Mas tenho mudado de opinião a respeito dele: agora considero-o um sábio. Afinal, ele tem uma noção exacta do sentido do equilíbrio e, assim, vai compensando desaires políticos e má imagem pública com enormes êxitos privados, por certo devido a possuir fabulosos "skills" em específicas áreas de negócio...

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  3. V.Exas são muito piores que eu! Não há maneira de impor a minha ironia fina :)

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  4. De facto, não podendo atingir tais alturas...

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  5. Caro Senhor JM Ferreira de Almeida:
    Permita-me o aparente paternalismo (não é essa, minimamente, a minha intenção) de o aconselhar a ler o excelente texto de Manuel Caldeira Cabral no blog A Destreza as Dúvidas.
    Chama-se: Draghi, Junker, Merkel, keynesianismo e bom senso.
    Até lhe deixo o link para não se maçar muito à procura se o desejar consultar: http://destrezadasduvidas.blogspot.pt/
    Talvez nele encontre resposta para esta posição de Hollande... e para outras.
    E um descentramento que é sempre útil cultivarmos, não para que nos convertamos apressadamente às ideias dos outros, mas para que fortaleçamos as nossas, eventualmente, ainda de forma mais consolidada.

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  6. Caro Senhor Manuel Silva.
    Agradeço a indicação do texto de MCC que de resto já tinha lido noutro suporte.
    Confesso-lhe, contudo, que não será por esta conversão de Hollande que me convencerei do que quer que seja, face ao percurso programático que faz dele a personificação da mediocridade das lideranças europeias.
    A posição de Draghi, entendo-a bem. A de Hollande ninguém a entenderá, de resto como a da França ao longo dos últimos anos da vida da Europa, impondo sistematicamente aos outros o que continua a recusar para si, aliás como acontece com o Reino Unido ou a Alemanha no quadro de uma Europa assente cada vez mais no princípio aristocrático.
    As posições da França, designadamente em relação ao controlo dos défices, têm sido uma constante, aqui Hollande não inova, faça-se a justiça de o reconhecer. Recordo que em 2002 quando Portugal se procurava defender das consequências de um processo por défice excessivo, a República Francesa não se preocupava nada com o seu próprio défice. Ontem mesmo, numa conferencia, António Vitorino recordava que quando a CE pretendeu obrigar a Grécia a ampliar o perímetro orçamental quando se conheceu que 80% das despesas militares estavam fora dele, a oposição veio - curiosamente ou não - de França e da Alemanha...
    Tudo visto, feito o agradecimento e acrescentada a nota ao seu comentário, não leve muito a sério o post (este e os demais que assino). São normalmente devaneios sem a profundidade de que outros são capazes.

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  7. Caro Senhor JM Ferreira de Almeida:
    Venho aqui poucas vezes e menos ainda deixo comentários.
    Não quero deixar de o felicitar e de lhe agradecer pela forma elevada e elegante como me respondeu, já não é a primeira vez que ao faz assim, pelo que presumo o fará a todas as pessoas.
    O que contrasta com a censura de que acabei de ser alvo noutro post, onde deixei um comentário irónico pontuado por alma pontinha e acidez.
    E também não é a primeira vez que o autor desse post o fez, tal como outro habitual colaborador do blogue já me tinha feito em tempos.
    Enfim, as pessoas não são todas iguais, sendo que umas são mais iguais do que outras, nem que seja nos tiques autoritários.
    Mas o senhor é alheio a este episódio.

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  8. Caro Manuel Silva:
    1. Políticas keynesianas não são possíveis, agora, em Portugal. Ponto final. A não ser que a Europa pagasse a factura, algo para que não se mostra disponível.
    2. Keynes tem sido usado e, sobretudo, abusado por políticos e muitos ditos economistas. Ele seria o primeiro a revoltar-se pela maioria das interpretações abusivas que se vêm fazendo do seu pensamento.
    3. Keynes era um homem de acção e criou uma doutrina para resolver uma situação concreta, num momento concreto, nas condições vigentes na altura. Em circunstâncias similares, a teoria é aplicável. Mas forçar uma teoria para ser aplicada em condições absolutamente diversas das que presidiram à sua criação, só pode dar tragédia. Veja-se o que aconteceu por cá em 2010 e 2011.
    3. Assim como um professor de engenharia pode não ser um bom engenheiro, um professor de medicina um bom médico, também um professor de economia pode não ser um economista. Há uma diferença substancial.
    Keynes foi um economista. Outros limitam-se a professorar.
    4. Por similitude, também há políticos que foram sempre políticos e nunca foram governantes. Hollande foi sempre político, mas nunca ninguém o escolheu para ser Ministro ou simples Secretário de Estado. Apesar disso, chegou a Presidente, cheio de conceitos keynesianos, que, aliás, fizeram as delícias dos nossos socialistas. A aposta no crescimento através do investimento público era um deles. Não passaram meia dúzia de meses e já cortava no Orçamento. Para não perder totalmente a face, escolheu para a Economia um keynesiano, que lhe veio a criticar a política, pelo que teve que ser demitido. Aproveitou para constituir novo governo, amigo da austeridade. Agora, vem dizer o contrário.
    Neste contexto, que autoridade tem Hollande?

    Caro Ferreira de Almeida:

    A rir se vão dizendo umas verdades!
    E o meu amigo aí, e aqui, no Blog, tem sido uma autoridade.
    E vejo que continua em grande forma!

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  9. Caro Senhor Pinho Cardão:
    Eu nem sei porque lhe estou a responder, é um acto mais ou menos inútil.
    Aconselho-o a tomar um calmante forte e a ler o artigo em causa.
    O calmante é só pelo facto de o senhor se enervar facilmente quando lê uma vírgula, apenas uma vírgula, fora da sua cartilha.
    Nem é preciso um monossílabo, basta uma vírgula.
    Por favor, faça isso, peço-lhe encarecidamente, acalme-se e leia... ficou-se pelo título.
    Como sabe, as aparências (e os títulos) por vezes enganam.
    O senhor viu a referência ao diabinho da Economia (para o pensamento dominante dos dias que correm), pronto, desatou a fazer considerações infundadas.

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  10. Pois, caro Manuel Silva, excitado parece que ficou o meu amigo. Sem razão, penso eu!
    E até fui ler o post do Prof. Doutor Manuel Caldeira Cabral uma segunda vez.
    E, já que o meu amigo tem uma predilecção especial por vírgulas, não retiro uma vírgula ao que escrevi. É que as políticas não se podem definir com base em realidades inexistentes (uma Europa diferente, uma Alemanha diferente, uns Estados Unidos da Europa, etc, etc), mas naquilo que é efectivamente. Pois isso é criar ilusão. E os primeiros a sofrer com as ilusões que lhes criam são os mais desfavorecidos. Ao défice de 10 ou 11 por cento de Sócrates o que é que se seguiu?
    Há, e no artigo há essa explicação simplista do crescimento da economia dos EUA, como se não tivesse havido outros factores decisivos, mas convenientemente ignorados.
    Abraço e apareça mais vezes e mais bem disposto.
    Este é um espaço onde se pode discordar. Calmamente.

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  11. Caro Senhor Pinho Cardão:
    Tanto quanto percebi, o post fala da mudança ainda quase subterrânea da forma de encarar a crise, não apenas com medidas que a agravem mas com uma multiplicidade de medidas (monetárias, orçamentais e estruturais), resultado, não de uma mudança ideológica, mas do bom senso na análise da realidade resultante do fundamentalismo baseado apenas num tipo de medidas: monetárias.
    Lá que o incompetente do Hollande se pendura apenas num dos galhos é problema dele.
    Quanto aos 10, 11%, eu diria 12% de défice do Sócrates, olhe que a coisa não está melhor. Deixe o BES poisar dentro do perímetro orçamental e vai ver em quanto ficará o défice.
    Quanto à (mal)dita Dívida, 132 ou 134%, não é?
    E depois de tanta medida de correcção, da confiança dos mercados que baixou as taxas de juros para valores históricos, do crescimento da economia e da baixa do desemprego.
    É obra.

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