O Estado (quer dizer, nós todos), foi agora obrigado a assumir mais 42,5 mil milhões de euros de dívida pública escondida, isto é, dívida contraída por diversas entidades desse mesmo Estado ou aparentadas, que não dispunham de quaisquer condições, nem geravam receita, para alguma vez a pagar.
Quarenta e dois mil milhões de euros de dívida que os portugueses não conheciam, respeitante a 268 entidades tão prestimosas e distintas como a Concept Films Pós-produção, Estádio de Aveiro, Sociedade Teatral Louletana, dezenas de empresas de cultura, animação, turismo, imobiliárias, desportivas (populares a nível local, Clube de Golfe das Amoreiras, várias Fundações, Marítimo Madeira Andebol, Amigos do Basquete da Madeira, Academia das Artes da Maia, Centro de Estudos Diogo Dias Melgaz, etc, etc.
Claro que os políticos, nomeadamente os da área socialista, pouco se importam com a gestão correcta dos dinheiros públicos, gastando ou avalizando à tripa forra. Para mais, sabendo que o gasto ,assim camuflado, nem contava para o défice, nem era incluído na dívida pública. O crime perfeito. Foi mesmo um fartar vilanagem, que o importante é distribuir para ganhar eleições. Os outros hão-de pagar!...
Acontece que os outros não são os governos seguintes, somos nós. E que aqueles que mais gastaram são os que agora querem aparecer impolutos como candidatos à governação do país.
Isto está mesmo sem tino!
Isto sim é que é a verdadeira "pipa de massa".
ResponderEliminarNão haverá lá pelo meio de tanto euro nenhuma ilegalidadezinha descoberta por um qualquer Vasco, que dê para a OGR investigar?
PGR não OGR:.
ResponderEliminarOra aí está, Pinho Cardão. Se em vez de se prenderem com a forma do perímetro e se preocupassem com a natureza do que é público e é alimentado com os nossos rendimentos, talvez o País tomasse finalmente consciência da real dimensão do problema. É por aqui que se vê quanto dinheiro é subtraído à economia para impulsionar o crescimento.
ResponderEliminarRepubliquei.
ResponderEliminarObrigado!
Mas quem beneficia, são os que protestam, são os que se manifestam, são os que aparecem todos os dias na comunicação social.
ResponderEliminarCom esta comunicação social como se pode alterar o rumo?
Parece-me que os estimados amigos, especialmente o caro Dr. Pinho Cardão, leram a notícia em destaque de forma um tanto enviesada.
ResponderEliminarSe não, teriam reparado em pontos de referência, como:
«A dívida das 268 "entidades" não caiu toda em 2014. Foi diluída pelos vários anos, desde 2010»
«Como já disse a ministra das Finanças, Maria Luís Albuquerque, não é que esta dívida que tem vindo a ser assumida não existisse. Ela estava a gerar encargos, só não aparecia no radar.»
«As regras obrigaram agora a assumir mais 42,5 mil milhões de euros na dívida pública, desde 2010.»
«A dívida das 268 "entidades" não caiu toda em 2014. Foi diluída pelos vários anos, desde 2010.»
« (a república mostra que não está a conseguir controlar o rácio da dívida) »
«indicador do défice vários custos adicionais com empresas públicas e o crónico BPN. A informação relativa a 2014 é da responsabilidade das Finanças. O INE só a comunica...»
and so... and so... and so...
Ora eu, que me considero estúpido que nem um calhau e que, aquilo que me distingue de uma bota da tropa, é simplesmente a falta dos atacadores (não me acho "atado" a nada), concluo que esta "GRANDE SURPRESA" era afinal do conhecimento de todos que a podiam ter, desde 2010, cortado... o que teria alterado significativamente as contas públicas no sentido do equilíbrio.
A chatice toda é que ia acabar com a tacharia presente... e futura.
Portanto, meus senhores; é importante denunciar, para que a populaça nos considere gente de bem e muito acima de qualquer suspeita mas... ir deixando navegar o barco, porque amanhã pode dar jeito e o futuro nunca se sabe como vai ser...
Agora não, porque segundo embandeira o governo, as exportações estão em franca e acelerada expansão, mas se a coisa piorar, podemos sempre recorrer à exportação de demagogia, que é a produção nacional em maior escala e ao menor preço de custo.
42,5 mil milhões de euros é muita fruta.
ResponderEliminarGostaria de ver discriminado quanto é que uma dessas entidades recebeu, o que é que fez com o dinheiro e quem é negociou esses valores, tanto da parte dessas entidades como da parte dos governos. Apenas para ficar com uma opinião mais abalizada.
Sim, é muita fruta, Diogo mas, como a divisão da fruta é feita por muitos, a coisa nota-se menos. No entanto, no meio da fantochada, há sempre um punhado de comedores-de-fruta que apanha os melhores e maiores ananases, e atrás deles um exército de outros que se satisfazem com peras, laranjas, e outros até com umas rosas, mesmo debotadas...
ResponderEliminarSim, é muita fruta, Diogo mas, como a divisão da fruta é feita por muitos, a coisa nota-se menos. No entanto, no meio da fantochada, há sempre um punhado de comedores-de-fruta que apanha os melhores e maiores ananases, e atrás deles um exército de outros que se satisfazem com peras, laranjas, e outros até com umas rosas, mesmo debotadas...
ResponderEliminarSim, isto já era conhecido desde o MoU com a troika que, recordo, tinha como uma das condições primeiras a consolidação de toda a dívida pública escondida. Por isso, foram precisos mais 78 mil milhões de euros, porque pela contabilidade "oficial" não eram precisos de certeza...
ResponderEliminarAquilo que fica por explicar é quando é que os responsáveis são enviados à justiça. Deve faltar alguma coisa à notícia, porque aldrabar a contabilidade é crime. As medidas políticas são sempre justificáveis com a legitimidade democrática, mas não aquelas que são tomadas escondendo a realidade aos eleitores. Se eu o fizer na minha empresa vou preso. Se o fizer com a minha vida, também. Há gestores da Enron que ainda estão na cadeia por uma fracção deste valor. E nem andaram a fazer securitizações de incobráveis, nem montar empresas fictícias para parquear dívida, etc.
A notícia está incompleta, de certeza...
Ainda falta as empresas municipais, observatórios, museus municipais, piscinas municipais, etc etc etc.
ResponderEliminarCada vez é mais óbvio que estamos completamente falidos. O que vale é que o próximo governo vai conseguir resolver o problema acabando com a austeridade.
ResponderEliminarDeve haver qualquer boa razão que escapa, caro Pinho Cardão, porque leis orgânicas a extinguir, fundir, reestruturar serviços, etc, têm sido às centenas há vários governos, cabe a cada ministério fazer esse levantamento e essa selecção...
ResponderEliminarO problema, cara Drª Suzana, não está na falta de leis a extinguir; está na falta de leis a proibir que sejam criadas.
ResponderEliminar(À semelhança do que já me aconteceu bastas vezes, censurarem-me o comentário, provavelmente sucederá o mesmo com este. A ver vamos como diz o cego).
ResponderEliminarSEMPRE A ATIRAR PARA O LADO A VER SE A GENTE SE DISTRAI
O problema do “caso Tecnoforma” para o Primeiro-ministro não resulta de se ter “explicado tarde”. Resulta do “caso Tecnoforma”, em primeiro, segundo, décimo, milionésimo lugar. E resulta das suas "explicações" que não explicam nada, bem pelo contrário. Quem está a desviar o mal-estar à volta de Passos Coelho apenas para o atraso das suas explicações, está a ver se cola um erro instrumental, naquilo que pode ser uma enorme complicação substancial.
Já escrevi várias vezes e em devido tempo, muito antes destes eventos, sobre empresas como a Tecnoforma e a sua “peculiar” relação com o poder político. Por que razão nascem ou contratam políticos, muitas vezes sem qualquer qualificação, e como proliferam e ganham dinheiro encostadas a decisões políticas e a informação privilegiada. Do lado de cá está uma “empresa”, do lado de lá está sempre um amigo no sítio certo. Pelo meio, estão os homens que “abrem todas as portas”.
Sabe-se agora, sem surpresa, que a Tecnoforma criou e financiou com verbas consideráveis (que é o que significa “ser o único mecenas”) uma ONG chamada Centro Português para a Cooperação na qual Passos Coelho “trabalhava” de graça. É suposto que uma ONG tenha como objectivo qualquer coisa de bom e nobre e útil para quem precisa, neste caso os PALOPs. É por isso que tem um regime de favor no plano fiscal, na contabilidade, no governance, com muito poucas regras e sem o controlo que teria uma empresa. Mas o Centro Português para a Cooperação, obra do “mecenato” da Tecnoforma, tinha um objectivo peculiar: arranjar projectos para financiar a Tecnoforma, acedendo a fundos e recursos indisponíveis para uma empresa, mas disponíveis para uma ONG. Ou seja, era uma falsa ONG.
Pode ser que até tenha sido tudo legal (duvido), mas tudo isto é uma fraude e um abuso. E a natureza deste tipo de empresas e deste tipo de actividades só é acessível a quem conhece os meandros do poder político e quem sabe onde ir buscar os fundos desviando-os do seu objectivo filantrópico ou útil para a nação. Assim, foram úteis mas foi para outra coisa.
Quem se mete ou é parte activa neste tipo de actividades, fica sempre manchado, até porque sabe muito bem o que fez e com quem fez. Não me admira por isso que a memória emperre.
Autor: o «traidor» José Pacheco Pereira, in blog Abrupto, traidor porque o que está a dar não é pensar e agir em conformidade com as conclusões.
O que está a dar é, servindo-me livremente de uma frase de um secretário de Estado americano que, ao ser confrontado com o seu apoio a um ditador disse: mas este é o nosso ditador.
Esse é o problema, apontamos os erros aos outros ditadores mas poupamos os dos nossos.
E nesta lógica maniqueísta e irracional o 4R é imbatível, com o senhor Pinho Cardão a conquistar a medalha de ouro.