Tive dificuldade em acreditar no que estava a
ler; por isso li e reli, e voltei a ler, para me certificar que não tinha
lido mal. O que à partida me parecia inverosímil era mesmo assim, o
SG/CGTP declarava, há 2 ou 3 dias, esta coisa extraordinária: “O Estado
tem de investir na TAP, para retirarmos dividendos…”.
Custa-me, sobretudo, entender que a comunicação
social tenha veiculado e deixado passar esta declaração como se tratasse
de uma avaliação séria, objectiva e precisa dos factores de decisão
pertinentes para a escolha das opções que se colocam relativamente ao futuro
da TAP…
A menos que o SG/CGTP se estivesse a referir aos dividendos
políticos (e não só) da organização a que preside – o que seria
absolutamente lógico, mas deveria ter sido explicitado para que se
percebesse - esta declaração surpreende pelo grau de fantasia e de
demagogia que a envolve…
Mas quais dividendos?!E quem vai retirar
dividendos do capital investido na TAP – os sacrificados cidadãos sujeitos a IRS, que de há
muito e em vagas sucessivas vêm contribuindo para que o Estado possa “enterrar”
esse capital na TAP, sem a mais remota perspectiva de retorno desse capital ?!
Toda a gente sabe que os proveitos gerados pela
actividade da TAP, desde que esta empresa se encontra nacionalizada, são
insuficientes para cobrir os custos operacionais e financeiros, uma vez
que a empresa foi virtualmente apropriada (vide Posts de Pinho Cardão
neste mesmo blog) pelas diversas corporações de interesses que nela se
instalaram e que JAMAIS, repito JAMAIS, consentirão - patrioticamente, temos de
conceder – que reste qualquer cêntimo para remunerar o capital investido…
Que declarações absolutamente demagógicas e
fantasistas como esta sejam divulgadas de uma forma perfeitamente acrítica,
conferindo-lhes um estatuto de opinião adulta, salutar e recomendável, diz
bem do estado de fragilidade extrema em que se encontra uma boa parte dos
media…
Acabo de ouvir que a requisição civil decretada pelo governo é ilegal, abusiva, prematura, etc, etc.
ResponderEliminarClaro, a requisição devia dar-se depois da greve, para não ser prematura e assim é que estaria bem. E a greve nada tem de abusivo, pois claro. E a aplicação da lei é ilegal. Mas esta gente ainda tem algum pé assente na terra ou já habita permanentemente no além?
Caro Dr. Tavares Moreira,
ResponderEliminarSurpreende-se com a demagogia do SG da CGTP? Eu não! O que poderíamos esperar de diferente?
Aproveito caro Dr. para lhe desejar a si e a todos os seus um santo e feliz Natal.
O SG/CGTP é ignorante, Logo que o tiram da lenga lenga, trabalhadores,assim se vê a força do PC, não acerta uma.
ResponderEliminarVi glosado nos jornais que só há dividendos quando há lucros, com a fotografia do artolas.
ResponderEliminarMas o que se estranha é dar credito á treta do empresa estrategica sem que se olhe para os outros parceiro da UE - a maioria não paga com o dinheiro do contribuinte fantasias "estratégicas"
Então o Costa tem razão. Se diapersarmos o capital da TAP na bolsa temos menos dividendos negativos..
ResponderEliminar“O negócio de aviação da TAP registou, no ano passado, lucros de 34 milhões de euros, dez milhões acima dos resultados do ano anterior”. (publico 12.03.2014)
ResponderEliminar“O lucro da companhia aérea portuguesa TAP subiu de 3,1 milhões de euros, em 2011, para 16 milhões em 2012, quando atingiu a marca de 10,186 milhões de passageiros, 4,5% a mais que no ano anterior”. (publico 26.12.2013)
De qualquer modo, eu também acho que é mais vantajoso para o contribuinte apostar na Banca e continuar a meter milhares de milhões de euros na Banca como vem acontecendo. Ou também, continuar a atribuir benefícios aos privados, às SGPS, mais de mil milhões de euros, foi quanto o governo lhes atribuiu em 2012 (dados de 2013 ainda não conhecidos).
É que aqui, o dinheiro dos meus impostos é realmente bem gasto e eu só agradeço ao governo o bom uso que dele lhe faz. Que os privados o levem depois para as offshores e o apliquem,especulando, nos mercados da dívida pública tudo bem.
Gastar o dinheiro dos impostos em apoios sociais ou em investimento público é que nunca.
Caro Pinho Cardão,
ResponderEliminarQualquer cidadão medianamente esclarecido compreenderá que a dita Requisição Civil só faria sentido depois de consumada a greve...
Só que, nesse cenário, a requisição civil seria aplicável não aos "trabalhadores" (leia-se reais proprietários) da TAP, mas sim aos futuros investidores...
Tratar-se-ia da solução mais expedita para angariar capital, mediante uma genial oferta pública de subscrição, através da Bolsa!
Caro Pedro de Almeida,
Como terá notado, não me surpreendeu tanto a declaração do SG/CGTP, surpreendeu-me sobretudo o tratamento cerimonioso e sério que foi conferido pela comunicação social a uma declaração insensata e totalmente inverosímil...
Mas concordo consigo, também nesse ponto a minha surpresa tem escassa justificação - que deveremos esperar destes "media"?
Caro Luís Moreira,
A julgar por este exemplo, receio bem que esteja cheio de razão...
Caro António Cristóvão,
O étimo "estratégico/a" é essencial para defender o indefensável, sendo vulgarmente aplicado a investimentos públicos sem retorno ou com retorno negativo...
Caro João Pires da Cruz,
Essa ideia de lançar uma oferta pública de subscrição de um aumento de capital da TAP - uma forma de privatização em versão "português suave" - é verdadeiramente genial, atentas as excelentes perspectivas de retorno para o capital investido. Só faltou mesmo a sugestão adicional de confiar o "road-show" ao SG/CGTP, prometendo gordos dividendos aos investidores, para garantir o sucesso da operação...
Não gostava de pensar isto, mas o Carlos Sério, ou não sabe do que fala, ou não é Sério e tem outro qualquer apelido.
ResponderEliminarA requisição civil e o futuro da TAP
ResponderEliminar(Editorial do Diário Económico)
O Governo decidiu avançar para a requisição civil para evitara totalidade dos prejuízos da greve total da TAP, anunciada para os dias 27 a 30 de Dezembro.
Esta é a terceira vez que a medida, prevista num decreto de 1974 subscrito por vários ministros de então, como Vasco Gonçalves, é utilizada na companhia. Mário Soares e António Guterres foram os primeiros-ministros cujas equipas decretaram a requisição civil na TAP. As greves na TAP têm tido diversos motivos, sendo o actual a privatização decretada pelo Governo.
Não é a primeira vez que o processo de devolução da companhia ao sector privado é encetado e também poderá ser mais uma em que não é concluído. A questão essencial é o futuro de uma empresa que tem um passivo enorme.
Depois da injecção de 900 milhões de euros (180 milhões de contos), autorizada pela Comissão Europeia em 1994 e destinada a sanear financeiramente a empresa e privatizá-la, a companhia tem acumulado prejuízos que estão a gerar situações de estrangulamento da actividade. Já se fala até na hipótese de venda com posterior aluguer dos quatro aviões A-320, que são propriedade da companhia, para libertar dinheiro e resolver problemas de tesouraria. Os 12 sindicatos da companhia assumiram uma atitude determinada contra a privatização sem sequer admitirem o diálogo proposto pelo Governo, no quadro de uma comissão nomeada para o efeito.
Tudo indica que as consequências desta greve, mesmo com a requisição civil, serão terríveis para a empresa, quer por já se terem perdido mais de 25 mil passageiros e se poderem perder muitos mais, quer por poder afastar potenciais interessados. A situação é pois de emergência, dada a impossibilidade de conseguir uma nova autorização de Bruxelas para uma ajuda de Estado sem que a TAP tenha de ser muito reduzida, quer em rotas, quer em pessoal, perdendo a sua actual expressão. E a única solução visível é a rápida privatização.
http://economico.sapo.pt/noticias/a-requisicao-civil-e-o-futuro-da-tap_208543.html
Caro Dr.Tavares Moreira:não vou comentar o seu artigo,pois já outros frequentadores deste blog o fizeram com total coerência e sensatez. À excepção dum senhor que se apelida de "Sério", de que se pode duvidar se o nome será coincidente com a sua postura!Mas passemos à frente!
ResponderEliminarNesta época de Festas,desejo ao caro Amigo e toda a sua Família,as melhores venturas, sobretudo saúde! Votos de Bom Natal e Ano Novo!
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderEliminarQuando chega o insulto dos Albericos, Tiros ao Alvo e companhia, no desprezível conforto do anonimato só me resta deixar estes ilustres seres a falarem sozinhos e a trocarem piropos entre si.
ResponderEliminarAcompanho de há muito o “Quartarepublica” e desejo-lhe as maiores felicidades futuras agora que completa dez anos, como também aos seus autores e em especial à convidada Drª. Manuela Ferreira Leite. A defesa da Social Democracia está a tornar-se cada vez mais difícil nestes conturbados dias do “pensamento único”, da direita radical mascarada de social-democrata.
Caros Tiro ao Alvo e Albérico Lopes,
ResponderEliminarGrato pela vossa comparência amiga e amáveis votos de Natal, permitam-me que lhes reitere o carácter plural e aberto desta plataforma de diálogo político/económico/social que é o 4ª República.
Esse carácter aberto e plural implica que tenhamos de aceitar - não de concordar, obviamente - as opiniões divergentes daquelas que aqui exprimimos, sem termos de nos considerar incomodados pelo facto de certos comentadores emitirem posições que nos sejam pouco simpáticas, ou incómodas, mesmo.
Não necessitamos, assim, de entrar em colisão com esses comentadores, muito menos de os afrontar, sem prejuízo de mantermos as nossas posições, cuja principal força está na independência com que as emitimos.
Acrescentarei um outro argumento, em temas como o presente, que consiste na força que nos dá o facto de sermos contribuintes sofredores, cansados de financiar tanto desperdício que, ao nível da despesa do Estado, tem vindo a ser realizado em nome dos mais discutíveis princípios!
Caro Pedro de Almeida,
Muito obrigado pelos seus amáveis votos de Natal, que muito gostosamente retribuo!
Caro Tavares Moreira,
ResponderEliminarReconheço que o meu comentário ao comentário do Carlos Sério é um bocado violento, desapropriadíssimo para esta época do ano, que convida à paz e à compreensão.
Com isto quero dizer que enfiei a carapuça que o amigo, deixe-me tratá-lo assim, muito dedicadamente me enfiou, até por que acredito que o sr. Carlos Sério é mesmo sério e que apenas gosta de falar, mesmo de matérias que não domina. Mas isso não é pecado a merecer uma crítica tão severa como a que eu fiz.
Concluindo, para o sr. Carlos Sério as minhas desculpas e para todos votos de Boas Festas.
Caro Amigo:Juro por minha honra que NUNCA MAIS LEREI QUALQUER COMENTÁRIO DO SR.SÉRIO! E tenho dito!
ResponderEliminarMais uma vez, Festas Felizes!
Caro Tiro ao Alvo,
ResponderEliminarPor favor afaste essa ideia de "enfiar a carapuça", que está fora de qualquer horizonte dialético...nem tampouco emiti juízos de valoração da seriedade absoluta ou relativa de determinado comentador...
Limitei-me, como terá reparado, a salientar a abertura e o pluralismo deste espaço de debate, mesmo quando as opiniões nele expressas nos desagradem ou mesmo desagradem profundamente...
Agradeço-lhe os amáveis votos de Boas-Festas, que sinceramente retribuo.
Caro Albérico Lopes,
Esteja à sua vontade para ler o que quiser e não ler o que não lhe agradar, é sempre bem-vindo!
E aceite a retribuição, bem sincera, dos seus amigos votos.