- A imensa excitação mediática que por aí vai face à expectativa de vitória do Syriza nas eleições gregas do próximo Domingo – só comparável à que foi causada pela atribuição da 3ª Bota de Ouro ao famoso CR7 – exonera, justa e compreensivelmente, os nossos "media" e seus opinon-makers de serviço de prestar atenção aos assuntos realmente importantes para o País.
- Vem isto a propósito da divulgação feita ontem, pelo BdeP, da habitual posição das contas externas, neste caso até final de Novembro de 2014, que aqui, como vem sendo hábito, nos propomos apreciar, considerando que constituem o melhor indicador da capacidade da economia portuguesa para se auto-regenerar.
- Segundo a informação divulgada, constata-se o seguinte:
- O saldo (positivo) da Balança Corrente quase
duplicou em relação ao mesmo período de 2013, passando de € 621,1 milhões para
€ 1.194,2 milhões;
- O saldo conjunto (positivo) das Balanças de
Bens+Serviços diminuiu 29%, passando de € 3.380 milões em 2013 para € 2.400
milhões em 2014;
- O saldo (negativo) das Balanças de Rendimentos (Primário+Secundário)
diminuiu, de € 2.759 milhões em 2013 para € 1.205 milhões em 2014, uma queda de
mais de 56%;
- O saldo conjunto (positivo) das Balanças Corrente e
de Capital – o saldo dos saldos como lhe temos chamado - aumentou, de € 2.970
milhões em 2013 para € 3.364 milhões em 2014, uma subida de 13,1%.
4.
Verifica-se, em reforço das conclusões já extraídas sobre dados de meses
anteriores, que o equilíbrio fundamental da economia se encontra por enquanto
salvaguardado, sendo certo que a grande melhoria se situa ao nível dos
Rendimentos, muito provavelmente como consequência da forte redução nos
encargos com as dívidas ao exterior.
5. E este equilíbrio subsiste
(reforça-se, mesmo) apesar do aumento das importações induzido pela conhecida
recuperação do consumo privado (e também do investimento): o aumento das
importações de bens até Novembro foi de 3,4%, suplantando o aumento das
exportações, que se cifrou em 1,1%, originando um agravamento do défice
comercial de quase € 1.100 milhões.
6. Aliás este agravamento do défice
comercial, conhecido já na semana anterior, terá sido o único dado destas
contas a merecer alguma atenção mediática, exprimindo a habitual e curiosa
preocupação pelo aumento das importações quando o consumo privado recupera…
7. E assim vai, pois, a economia real no
seu rumo de reconstrução, indiferente ao alarido syrizista, fazendo o seu
trabalho de forma empenhada ou mesmo abnegada, não pressupondo, ao contrário da
cultura mediática dominante, que o incumprimento das responsabilidades
financeiras constitui a melhor garantia de um futuro melhor…
8…para esta parte do País, o trabalho
e o respeito pelos compromissos assumidos ainda constituem a melhor forma de
responder aos sérios desafios que se nos colocam…
9. A grande questão é que já não há “pachorra”
para acomodar tanto dislate mediático (e sobretudo tanta infantilidade)…
Será que quando o caro Dr. Tavres Moreira alude à bota ganha pelo Cristiano está a pensar o mesmo que eu?
ResponderEliminarQue, se o resultado das eleições gregas der a vitória ao Syriza, será inevitável que alguém leve um valente pontapé no traseiro?
E quem serão os felizes contemplados?
- Tsipras ?
- Super Mário Draghi ?
- Christine Lagarde ?
- O povo grego ?
- Os portugueses ?
- Os restantes países detentores de dívida grega ?
Caro Bartolomeu,
ResponderEliminarO meu nobre e adamascado amigo ainda não entendeu que não é legítimo, nem possível tampouco, colocar em dúvida a vitória do Syriza nas eleições de Domingo?
Não posso, assim, em nome da comunidade mediática lusa, deixar de esconjurar esta passagem do seu introito "...se o resultado das eleições gregas der a vitória...".
Não pode haver dúvidas destas.
Bartolomeu, permita-me que lhe responda à questão que apresentou ao Dr. Tavares Moreira, já que ele, elegante e caridosamente, fugiu a responder-lhe: quem deveria apanhar com o tal pontapé no traseiro, deveriam ser os gregos, tanto os que são pouco amigos do trabalho, como os que se andaram a governar à custa da corrupção, que por lá, tal como cá, grassou em larga escala. Isto porque, como seria justo, os gregos honestos deveriam ser poupados.
ResponderEliminarEra minha firme convicção que o meu estimado Amigo, Dr. Tavares Moreira, seria melhor conhecedor da minha pessoa; é que, nem possuo qualquer título nobiliárquico, como também não possuo dupla face como o damasco.
ResponderEliminarQuanto à infalibilidade dos resultados eleitorais gregos, lembro-lhe, caro Dr. que a Grécia é o berço da Democracia. Partindo deste princípio, tudo estará em aberto, até ao encerramento das urnas e à contagem definitiva dos votos. Se há (e há) quem na Grécia cante vitória e esse canto ecoe neste extremo ocidental da Europa, então a Democracia acha-se em risco, como muitos poderosos das fortes economias e das altas finanças, desejam ardentemente que se confirme.
Tiro ao Alvo, o Dr. Tavares Moreira não respondeu a nenhuma das perguntas que escvrevi, porque percebeu serem perguntas retórica.
ResponderEliminarDiz o meu amigo «...os gregos honestos deveriam ser poupados.».
Eu também gostava de poder lançar umas quantas bombas antónicas em pontos distintos do planeta, mas... só para "limpar o sarampo" a meia dúzia de caramelos que andam a lixar isto tudo. A minha dificuldade é encontrar uma bomba que me garanta a certeza da seleção.
A vitória do Syriza é uma enorme vitória do povo português.
ResponderEliminarPrimeiro, porque certamente fará migrar em festa para o berço da civilização alguns dos seus produtos finais, como o Boaventura, o Reis, o Pureza e todos os nomes grandes da pseudo-ciência nacional. Será, para a Internacional Beluga, uma vitória ao nível da câmara da Salvaterra de Magos. Cujo final se prevê semelhante.
Segundo, porque para nós, ignaros seguidores da ciência mainstream que não estão a par da mais recente pesquisa em espitemologias do sul, há uma verdade que dificilmente podemos desprezar: Antes ele que nós.
Portanto, viva o povo grego e a sua revolução! Dificilmente encontraríamos um tema mais consensual entre os portugueses.
Quanto aos números do comercio externo, já não são exactamente notícia. Portugal continua a afastar-se da república portuguesa a grande velocidade.
Caro Cruz, o último periodo do seu comentário, merece a minha vénia, acompanhada do meu sorriso sarcástico. Subscrevo-me, sínicamente de acordo.
ResponderEliminar;)
Mas que irascibilidade, que hipersensibilidade, perante um simples cumprimento apenas um pouco cerimonioso, caro Bartolomeu!
ResponderEliminar"Nobre e adamascado amigo" era uma expressão brincalhona, que há muitos, muitos anos, tanto eu como outros condiscípulos, todos alunos do Liceu Nacional da Póvoa de Varzim, costumávamos ouvir de um professor de português, latim e filosofia, que gostava de interpelar os seus alunos nesses termos, em momentos de humor mais acirrado!
E o meu ilustre Amigo quis levar à letra o cumprimento, como se de um desafio aos seus indiscutíveis valores se tratasse!
Será efeito do Syriza, que tanto tem aquecido a cabeça de tanta gente nesta terra de Santa Maria?
Espero bem que não, aliás estou mesmo convicto que não, pois conheço suficientemente a sua independência de julgamento e opinião para não poder admitir que se deixe apaixonar por estas modas algo pueris...
Quanto à outra parte, do respeito pela maturidade democrática dos gregos, confesso alguma dificuldade face ao teor do meu comentário: como terá certamente percebido, eu não queria referir-me aos gregos mas aos "media portugueses, para estes é que não é admissível outro resultado que não seja a vitória do Syriza, e por maioria absoluta.
Os gregos decidirão como muito bem entenderem, todo o Povo tem o direito de escolher bem, mal ou pessimamente, faz parte da sua soberania!
Caro Pires da Cruz,
A brincar que o diga, essa figura de retórica em que o País se fasta cada vez mais da República encerra um valente fundo de verdade!
A República está prisioneira das contradições dos políticos, dos milhares de Mesários do Orçamento em especial, que não desistem de nos fazer a visa num inferno - contando para isso com um imenso apoio mediático!
Mas, como constatamos por estes números, o País real segue em frente, passando ao lado ou por cima desse "País" de sonhadores e devotos da despesa pública.
E mais, vai logrando reconstruir, com enorme esforço é certo, uma economia que aqueles quase conseguiram destruir com a intifada despesista com epílogo em Abril de 2011.
Como de costume, Dr. Tavares Moreira, gostei muito de lê-lo.
ResponderEliminarMas, confesso, estou na expectativa de lê-lo também acerca destes manipuladores da moeda do BCE, que, desde Maio do ano passado até agora, fizeram cair o Euro de USD 1,38 para USD 1,12. Será que são da mesma estirpe daqueles que querem o Escudo de volta para o desvalorizarem à vontade?
Nota: O tom provocatório é, claro, meramente retórico.
Caro Alexandre Burmester,
ResponderEliminarPara além de agradecer o cumprimento, não posso deixar de reconhecer que o tema da sua "provocação" reveste enorme interesse e oportunidade, justificando um Post autónomo num dos dias mais próximos.
Não deixo de referir, entretanto, que como se tornou proverbial, este tema tem sido tratado entre nós de uma forma esmagadoramente infantil - vide, por todos, a inacreditável abordagem do SG/PS - com algumas honrosas excepções.
Considerar que este programa de compra de dívida do BCE poderá ser uma panaceia para os nossos problemas estruturais, que ditam a frouxidão do crescimento económico, é não ter a menor noção da natureza desses problemas.
E, ao mesmo tempo, importa ter em conta a diferença abissal entre a estrutura do mercado de capitais nos USA, onde este tipo de medidas consegue ter uma eficácia bastante maior, e na Europa Continental.
Mas, como disse, espero poder abordar o tema em próximo Post.
Cordiais cumprimentos.
Muito obrigado pela paciência em responder-me, caro Dr. Tavares Moreira. E, pelo que deixou antever, parece que desta vez estaremos de acordo!
ResponderEliminarOs meus cumprimentos
Descanse o meu estimado Amigo, Dr. Tavares Moreira que o seu sentido de humor não me irrita.
ResponderEliminarMesmo que não fosse no sentido que descreve, não me irritaria também. Mas compreenda por favor, eu também gosto de responder aos comentários, utilizando por vezes a forma apócrifa. E tenho por princípio não me irritar com os amigos, quando simplesmente se defendem pontos de vista ou opiniões dispares.
Quanto ao resto, percebi perfeitamente que o meu Amigo se referia aos media, mas fiz divergir um pouco o sentido do meu comentário, precisamente com a intenção de apontar as reações que as garantias dadas pela democracia a cada cidadão, traduzidas no direito de poder votar no partido ou em quem lhe apetecer, estão a causar nas "democracias" mais ortodoxas.
À parte intermédia do seu comentário, caro Dr. Tavares Moreira, com a sua licença, prefiro ignora-lo.
;)
;)