Segundo rezam as crónicas da reunião do Eurogrupo
de ontem, teria sido alcançado, ao fim de 5 horas de “amena” discussão, um
projecto de comunicado conjunto que procurava harmonizar as posições, à partida muito divergentes,
da Grécia e dos seus parceiros do Euro; em especial quanto á questão dos
próximos passos a dar para ultrapassar o problema de o Programa de Assistência,
em curso, chegar ao seu final no corrente mês, sem que exista uma solução alternativa que permita
manter as finanças da Grécia a flutuar…
Todavia, e quando menos se esperava, o já famoso
Varoufakis terá comunicado o excelente resultado para Atenas, para o seu
PM, com vista a obter o aval do Governo…tendo recebido de volta um redondo
não!
Concluiu-se, assim, que o PM grego não está
disponível para aceitar - embora Varoufakis estivesse – qualquer tipo de
referência à ideia de extensão do Programa em curso, tendo como
contrapartida a promessa de alterações a esse programa que satisfizessem,
pelo menos em parte, as reivindicações do governo grego…
A explicação mais plausível para este primeiro visível desencontro entre os principais responsáveis pela estratégia de negociação do governo grego, poderá residir no facto de o PM grego se encontrar virtualmente refém de
posições mais radicais que existem dentro do seu Partido, bem como do incómodo
parceiro de coligação, tendo por isso decidido mais uma vez “esticar a corda” e deixar
o laborioso Varoufakis em posição bastante incómoda, obrigado a um segundo "round" de negociações na próxima semana, para as quais parte com um passivo não despiciendo…
…"round" em que, como parece provável, se assistirá a uma iteracção do difícil exercício
de ontem - com algum "molho" de fraseologia decorativa para grego ler e apreciar - mas mantendo na
essência o que ontem teria ficado acordado até ao fatídico telefonema de Varoufakis
para Tsipras…
Será que Varoufakis vai conseguir, no final do Eurogrupo
da próxima 2ª Feira, quando tiver que voltar a chamar Atenas, evitar outra negativa?
Mas pode acontecer que na Cimeira de hoje seja a
vez de Tsipras chegar a um acordo com os seus pares, com a vantagem de não
correr o risco de ser desfeiteado por Varoufakis…os mercados apontam para
aí, vamos a ver…
E, por cá, ainda há quem, num pronunciamento de grande clarividência, venha chamar a atenção para o risco de isolamento da Grécia...mas, até agora, quem tentou isolar a Grécia, além dos seus próprios responsáveis?
Claro que quem se isola é a Grécia. Faça-se a sua vontade.
ResponderEliminarQuanto ao Syriza, mais uma construção artificial onde se conjugam sensibilidades muito diversas, às primeiras dificuldades seguirá o fadário das entidades congéneres, de cissiparidade em cissiparidade até cada membro se representar apenas a si próprio.
Gosto do discurso jornalístico tipo “correio da manhã” deste Post. Haja quem nos informe de forma tão isenta do que está a acontecer lá por Bruxelas.
ResponderEliminarCaro Tavares Moreira
ResponderEliminarApenas um pequeno comentário, para ajudar ao enquadramento:
O Sr. Varoufakis foi contratado pelo Sr.Tsipiras para tratar da pasta das finanças, mas quem responde aos accionistas é o segundo e não o primeiro.
Nesse sentido, o Sr. Varoufakis, apenas tem de cumprir ou demitir-se se não concordar.
Conta-se de um dos presidentes dos EUA, (já não me recordo de qual) a seguinte estória: em reunião de gabinete e após acesa discussão sobre um assunto da agenda, o presidente em questão concluiu do seguinte modo: sete contra (todos os membros do gabinete), e um a favor. A proposta está aprovada.
Estas estória pode, perfeitamente, aplicar-se aos gregos, por isso, o profissional contratado, pediu autorização ao contratante.
Cumprimentos
joão
Caro Pinho Cardão
ResponderEliminarO auto-isolamento pode constituir uma forma de aperfeiçoamento, se bem aproveitado.
Todavia, no caso subjacente, essa tentativa de auto-isolamento, ao mesmo tempo estoica e inconsequente, parece estar em rápido retrocesso, face às duras realidades da vida...
Caro João Jardine,
Compreendo perfeitamente o seu ponto. Nesta curiosa história, no entanto, tudo indica que o encarregado de negócios financeiros da Grécia terá gerido as coisas com alguma confiança e (contra a expectativa) alguma noção das suas responsabilidades, não esperando ser desfeiteado pelo mandante...como acabou por ser!
Má sorte, coitado.
Aqui há uns anos lembro-me de me falarem num governador de um estado brasileiro que diziam ser o "inadimplente" mais burro do mundo porque tinha anunciado uma moratória mas pagava tudo na mesma. Bons tempos em que se conhecia um burro à distancia, porque o Varoufakis é um herói e é o mesmo tipo de burro. Anunciou o default e está pagar ao mesmo tempo. Vá-se lá perceber estes tempos de boaventurismo....
ResponderEliminarCaro Pires da Cruz,
ResponderEliminarTem bastante razão na observação que faz: dificilmente estes "astutos" negociadores gregos poderiam ter escolhido melhor caminho para obterem resultados diametralmente opostos aos que diziam pretender...
Impressiona-me muito (mal, claro) o entusiasmo indígena, de raiz naiv/populista/nabal, com esta demonstração de amadorismo e de incompetência no tratamento de um tema que pode vir a sair, ao povo da Grécia, muito mais caro do que já saiu...
Leia, se puder, a edição do FTimes deste fim-de-semana onde pode encontrar um interessante roadmap do que pode vir a suceder na próxima 2ª Feira, na reunião do Eurogrupo.