Hoje, ao princípio da tarde, um amigo telefonou-me a perguntar se eu conhecia a história da imagem da justiça que está no Palácio da Justiça em Coimbra. Fiquei com o bichinho do ouvido em posição de silêncio absoluto à espera de qualquer coisa. Perguntou-me se já tinha reparado na balança. - Na balança? O que tem a balança? - Está desequilibrada para a direita. - Desequilibrada? Valha-me Deus! Mas como? Depois lembrei-me de ter ouvido falar sobre este assunto há muitos anos e de uma obra que me foi oferecida sobre o Palácio da Justiça de Coimbra.
Fartei-me de rir sobre as explicações. Ao chegar a casa tinha um exemplar do jornal "A Bola" onde está bem descrita toda a história de uma injustiça que ficou para sempre patenteada na fachada do Palácio. Aconselho vivamente que leiam esta peça. Merece ser lida e merece que possamos refletir sobre a mesma. Basicamente tudo tem a ver com a diferença de pagamentos entre os artistas de Lisboa e os de Coimbra. Os da capital recebiam mais e os de Coimbra pediram para receber o mesmo. O que é justo. Depois de muita contestação, não foram ouvidos e fizeram a sua "justiça" representando-a como a viam, uns comem mais e outros menos. Não houve justiça e ela ficou bem patenteada para a eternidade como se pode ver.
Na minha opinião deveriam retirar a bela figura em ferro forjado do local onde se encontra, não para a substituir, não para a destruir, mas para a adotar a nível nacional, mostrando aos portugueses aquele que deveria ser o verdadeiro símbolo de Portugal, "A injustiça", que os artistas de Coimbra, um dia, se lembraram de forjar colocando-a na sua casa, mostrando a sua indignação. Artistas de ferro forjado, sábios de saber e indignados com o haver...
Não me recordo de nenhuma época em que o braço da balança da justicia estivesse nivelado. Mas este, é o testemunho de que a justiça é efetivamente cega. E por ser cega, não poderá "cortar a direito" seguindo o Salomónico exemplo. Além de testemunho, é a prova de que em Portugal, mesmo depois de se denunciar a injustiça, a balança continua desnivelada, a espada caída e a justiça cega (de um olho).
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