Contas externas: 2015 não começa nada mal...e a informação "a que temos direito"
- Ontem divulgadas, as contas externas em Janeiro
de 2015 evidenciam expressiva melhoria em relação a Janeiro de 2014: para
o conjunto das Balanças Corrente e de Capital apura-se agora um superavit
de € 277,8 milhões, face a um défice de € 410,1 milhões em
2014.
- Sem surpresa, as notícias mais recentes sobe esta
matéria salientaram a queda homóloga, de 1,8%, nas exportações de bens,
interpretando-a como mais um sinal negativo…mas esquecendo que a forte
queda dos preços do petróleo afecta tanto as importações (de ramas de petróleo)
como as exportações de produtos petrolíferos (derivados)…
- …mas, como o importante é causar o maior alarme
noticioso, foi omitido o facto das importações de bens terem caído bastante mais
do que as exportações – 10,2% contra 1,8% - do que resultou uma acentuada
melhoria no saldo da Balança de Bens, o qual passou de um défice de € 775
milhões em Jan/2014 para um défice de € 431,6 milhões em Jan/2015
(-44,3%).
- Nota especial também para as inversões no saldo
da Balança Corrente, que passou de um défice de € 436,8 milhões em 2014
para um superavit de € 131,8 milhões em 2015, e no saldo das Balanças de
Bens e Serviços, neste caso de um défice de € 229,2 milhões em 2014 para
um superavit de 124,9 milhões em 2015.
- Outra nota de interesse consiste no elevado
crescimento das transferências (remessas) de Emigrantes, que passaram de €
179,1 milhões em 2014 para € 217,8 milhões em 2015 (+21,6%)…
- …sendo que, em relação a este último tema, o
relevo mediático foi para a quebra (de 25% salvo erro) nas transferências
provenientes de Angola, as quais representam uma parte muito pequena do
conjunto das transferências…
- É certo que, em matéria de contas externas em 2015, a
procissão ainda vai no adro…mas, nesta fase inicial, até se apresenta
bastante composta, veremos se lá mais para a frente não perde a compostura…
- E, tranquilamente, continuamos a ser devidamente
esclarecidos pela Informação “a que temos direito”…
Em resumo:
ResponderEliminar1. A dívida pública na óptica de Maastricht, a que conta para Bruxelas, subiu de 224.477 milhões de euros em Dezembro de 2014 para 231.083 milhões em Janeiro de 2015. Mais 6.606 milhões de euros, só num mês.
2. A dívida externa bruta passou de 225,1% do PIB em Dezembro de 2013 para 233,2% do PIB em Dezembro de 2014.
3. O índice de volume de negócios nos serviços apresentou, em Janeiro, uma variação homóloga nominal de -3,4%.
4. O índice de produção na construção apresentou em Janeiro uma variação homóloga de -4,0%.
5. O Índice de Volume de Negócios na Indústria apresentou, em termos nominais, uma diminuição homóloga de 4,4% em Janeiro.
6. “E, tranquilamente, continuamos a ser devidamente esclarecidos pela Informação “a que temos direito”…
(últimos dados, BP e INE)
Deus nos dê paciência para estes comentários.
ResponderEliminarA dívida pública subiu 6.6 mil milhões por uma questão de oportunidade (juros mais baixos para substituir a dívida do FMI que já começou a ser paga).
Mais, como se pode defender um défice ainda mais alto mas reclamar com o aumento da dívida pública?
Os dados do BP e do INE? Afinal de onde pensa que deveriam vir os dados quem defende cada vez mais estado? Das agências de rating?
Bem sei, há quem só goste dos "dados" do comité central.
Portugal registou a maior queda da taxa de emprego entre os Estados-membros da União Europeia (UE) no quarto trimestre do ano passado, ao recuar 1,4% face ao trimestre anterior. (Eurostat)
ResponderEliminarCaro Carlos Santos,
ResponderEliminarCompreendo perfeitamente o seu desabafo "Deus nos dê paciência"...
Torna-se de facto necessário dispor de um elevadíssimo "stock" de paciência, e em constante reposição, para acolher estas manifestações de opinião tão azeviches...
Mas, em contraponto, não podemos deixar de exprimir alguma admiração por estes abencerragens que combatem estoicamente contra a realidade, nunca se cansando de glosar as suas teses, apesar de sistematicamente desmentidas pelos factos...como por este episódio se constata, mais uma vez!
Perante a insofismável realidade de contas externas sãs, apesar da evidente retoma da procura interna - um expressivo triunfo das Famílias e das Empresas contra um Estado sorvedor e mau utilizador de recursos - a reacção é esta arenga sonolenta e ingerível...
Caro Dr. Tavares Moreira, veja esta notícia:
ResponderEliminarA economia portuguesa vai crescer 1,7% em 2015 e 1,8% nos anos seguintes, com o défice a ficar abaixo dos 3% do PIB e a dívida pública a cair em todos os anos, de acordo com as previsões da Standard & Poor’s.
A Standard & Poor’s antecipa uma evolução positiva dos principais indicadores económicos em Portugal nos próximos anos, com a economia a reforçar o crescimento, enquanto o défice orçamental e a dívida pública reforçam uma tendência de descida.
Quanto às contas públicas, a S&P estima uma descida do défice orçamental para 2,9% do PIB este ano, contra 4,6% no ano passado. As projecções da agência apontam para que o desequilíbrio das contas públicas continua a baixar, situando-se em 2,3% em 2016, 1,8%em 2017 e 1,5% em 2018.
A dívida pública também deverá apresentar uma trajectória descendente, atingindo 123% do PIB este ano, contra 128,6% no ano passado. Em 2016 deverá recuar para 118,6% do PIB, em 2017 para 116,7% do PIB e 114,4% do PIB em 2018.
http://www.jornaldenegocios.pt/economia/conjuntura/detalhe/sp_preve_crescimento_mais_forte_do_pib_e_reducao_do_defice_e_da_divida.html
Caro Pedro de Almeida,
ResponderEliminarAgradeço seu apport noticioso.
Espero bem que a S&P esteja certa nas previsões que aponta para o desempenho da economia e das finanças públicas em Portugal, 2015.
Aproveito para notar que o défice das administrações públicas em 2014 terá sido bem inferior ao indicado pela agência, não devendo ter superado 3,7% do PIB...graças ao crescimento da receita dos impostos superior ao previsto...
Em qualquer caso estamos perante previsões, com a falibilidade que conhecemos.
Cordiais cumprimentos.
O Departamento de Justiça norte-americano deu início em 2013, a um processo de fraude contra a Standard & Poor’s, por considerar que a agência de rating ignorou as fragilidades dos investimentos em produtos financeiros hipotecários durante o período que antecedeu a crise económica de 2008.
ResponderEliminarComo se não bastasse, em 2011, quando a S&P rebaixou de AAA para AA+ a nota da dívida americana, mais uma vez vieram à tona erros de avaliação. O governo dos Estados Unidos emitiu nota afirmando que a agência havia cometido um erro em seus cálculos na singela casa dos US$ 2 trilhões.
Também em 2011, um erro fez com que o site da S&P divulgasse um comunicado rebaixando a nota da França. As autoridades de mercados financeiros do país e da Europa iniciaram uma investigação e a agência retirou a informação do ar, alegando ter sido um equívoco. O "incidente" foi definido como "grave" pela União Europeia
Por sua vez o Senado norte-americano pede reformas urgentes para o sector, mas os especialistas acreditam que isso pode não chegar, enquanto não for resolvido o «conflito de interesses» de que padece o sector, já que as agências que atribuem o rating são pagos pelas companhias e governos cujos produtos as agências analisam.
Caros Pedro de Almeida e Carlos Santos,
ResponderEliminarAqui está uma excelente oportunidade para aprendermos algumas coisas absolutamente essenciais para entender o conteúdo deste Post.
Há que aproveitar bem estas oportunidades em que a ciência entra gratuita e soberanamente pela nossa porta dentro...