Grécia: a vida insuportável das PME's ( e a total irresponsabilidade do Governo grego)...
- Impressionou-me
bastante a leitura de uma notícia/comentário inserta na edição do F. Times
da última 6ª Feira, intitulada ("Small business gasps for finance”), dando conta da situação
aflitiva em que se encontra uma grande parte das PME’s gregas.
- Importa referir que na
Grécia 1 em cada 10 empresas são PME’s, no total serão 750.000, sendo que
um grande número dessas empresas se debate actualmente com imensas dificuldades
para sobreviver: (i) o crédito bancário é escasso e tem um preço
exorbitante (11 a 12,5% mais "alcavalas"); (ii) as empresas que para a sua laboração carecem de
importar matérias primas ou intermédias, não têm qq acesso a crédito
externo, pelo que só lhes resta pagar em cash…
- …e (iii) o Estado
(sector público) tem vindo a atrasar-se nos pagamentos ou suspendeu mesmo
os pagamentos pois não sobra dinheiro depois de pagar salários e pensões aos
funcionários públicos (mas ainda chegou para reabrir a Televisão estatal, uma
nova fonte de encargos para o Estado…).
- Consequência: desde o
início do corrente ano, cessaram actividade 59 PME’s/dia, gerando 613
novos desempregados/dia e uma perda de € 22 milhões/dia para a formação do
PIB…
- Perante este cenário de
quase “terror” para estas empresas, qual é a resposta (tresloucada) do
Governo grego, para além de não lhes pagar e de as sujeitar a um tremendo sufoco
financeiro? Aumentar a taxa de IRC, de 26% para 29%, foi uma das propostas
apresentadas à EU…!!!
- Em minha opinião, andou
muito mal a EU mostrar-se disponível para aceitar parcialmente essa
proposta, ou seja um aumento de 26% para 28%...bem sei que foi na tentativa
de salvar um acordo, mas neste quadro qualquer agravamento fiscal afigura-se
completamente absurdo, um perfeito tresloucamento.
- E os grandes grupos
económicos gregos? Esses estão a “rir-se” para o tresloucamento da política
grega, há muito que os seus haveres financeiros se encontram a salvo,
noutras praças…e o Siryza, grande campeão da justiça social, nesses, nem
ousar tocar…
- No meio deste triste
espectáculo, assisto a mais uma formidável demonstração de indigência de
uma boa parte dos “media” lusos (comentadores incluídos), inebriados pelo
modelo radical dos Siryzas (como bem assinala Pinho Cardão), demonizando a União Europeia por pretender
manter um mínimo de regras no funcionamento de uma União Monetária que,
doutra forma, se tornaria completamente ingerível…que tragédia!
Brilhante comentário, nada mais a acrescentar!
ResponderEliminarCaro Tavares Moreira, notícias sobre as empresas, o emprego, o decréscimo do PIB Grego, todos estes agravamentos na situação da Grécia e mais a mentalidade que entretanto se instalou e que levou a que os cidadãos tenham deixado de pagar impostos e dívidas, tudo isto é que me leva precisamente a ter esperança de que vença o Não no referendo do próximo Domingo. É que, doutra forma, se continuarmos com esta segarrega, a UE e o Euro terão o lastro Grego pelos próximos, muitos, anos. Não sei se a UE e o Euro podem suportar essa instabiliade permanente por muito mais tempo.
ResponderEliminarCingindo-me ao particular das empresas, bem, o meu caro Amigo tem conhecimentos de história económica muito mais vastos do que os meus. Até onde os meus chegam não conheço sítio nenhum onde um governo vermelho tenha trazido prosperidade económica. Apelo ao seu superior conhecimento a ver se estarei errado no meu raciocínio. Daqui que nada disso seja surpreendente quando se elege gente que a única coisa que sabe fazer é estragar, destruir e atirar por terra sem nunca ter sabido construir nada.
Caros Comentadores,
ResponderEliminarSó agora me apercebi de uma lamentável gralha no 2º parágrafo do Post: onde está "1 em cada 10" deve ler-se, obviamente, "9 em cada 10"!
As minhas mais sinceras desculpas.
Caro Unknown,
Mesmo sem a gralha acima referida o Post mereceria esse benévolo comentário...com a gralha ainda menos!
Caro Zuricher,
Os meus conhecimentos de história económica são medíocres, pode crer, mas serão suficientes para poder dizer que o ilustre Comentador não deve andar longe da verdade.
Mas este caso é singularmente estranho e obnóxio, pois revela uma sanha persecutória contra as "desgraçadas" das PME's, enquanto os grandes grupos económicos estão perfeitamente tranquilos, deram-lhes todo o tempo necessário para transferir os seus haveres financeiros para praças mais seguras...
Esta é para o Carlos Sério...
ResponderEliminarGrécia: Milhares enfrentam chuva e trovões para declarar ‘sim’ à Europa
A chuva e a trovoada não fizeram desmobilizar muitos milhares de pessoas em Atenas que hoje quiseram manifestar um voto de confiança na Europa, respondendo "nai" ("sim") às propostas dos credores da Grécia.
http://sol.pt/noticia/399964/Grecia-Milhares-enfrentam-chuva-e-trovoes-para-declarar-sim-a-Europa
Ou aqui, segundo a esquerda, o povo já não é quem mais ordena?...
ResponderEliminarCompreendo esta posição que o povo grego começa a manifestar, uma vez que está a perceber o embuste que é o actual Governo grego. O syrisa fez promessas demagógicas e irrealizáveis. Se o sim vencer no referendo, o Governo deve apresentar a sua demissão. Tsipras deve já ter percebido a actual percepção do povo ao tentar agora um acordo de última hora...
ResponderEliminarMas tudo isto se passa no padrão caviar, por isso tem este encanto todo que faz lembrar a anedota do menino que dizia que a família pobre era a família onde o pai era pobre, a mãe era pobre, o filho era pobre, o mordomo era pobre, a cozinheira era pobre.... A verdade é que se assiste a manifestações de palermas a dizer que não têm nada a perder quando têm ordenados mínimos de 750 euros e reformas aos 40 anos. É o padrão caviar. Agora vão perceber que entre o padrão caviar e a realidade ainda há tanto caminho a percorrer e que eles escolheram o caminho mais rápido. Os media lusos são de evitar, certo? Se há coisa que embirro é ver o Marcelo a botar faladura de uma coisa que não vê um boi como se fosse grego desde pequeno...
ResponderEliminarQue engraçado, o nosso amigo Cruz não tem TVCabo! É que ver os media Portugueses quando há todo um mundo sério na ponta do cabo da televisão, se não for por falta de TVCabo só pode ser masoquismo! :-)
ResponderEliminarAo que vinha. Realmente agora é que irão lidar com a dureza e ainda assim ficarão a anos-luz do que é o viver normal de milhões de pessoas do Mediterrâneo ao Cabo. Já agora, mais alguém reparou que antes desta gente chegar ao poder em Atenas não deixava de falar-se na patranha ofensiva da crise humanitária na Grécia mas que mal eles lá chegaram deixou de haver crise humanitária alguma? Mesmo estando a Grécia neste momento muito pior do que há seis meses, subitamente, a crise humanitária evaporou-se.
Caro Zuricher, o meu caro é que não vive por cá, senão sabia que há comentadores que não comentam a notícia, eles são a notícia. E o Marcelo dá um coiso e no dia a seguir está a internet inteira com "Marcelo deu um coiso".... eu bem tento evitar, mas os outros também têm os Marcelos deles, deixe estar. Também já não consigo ver a tromba ao imbecil do Krugman que da imbecilidade passou para a fraude académica e é feito herói por esse mundo fora.
ResponderEliminarCaro Pedro de Almeida,
ResponderEliminarEfectivamente, a visível queda de popularidade do Governo Tsipras/Varoufakis, traduzida numa rápida de deterioração das intenções de voto nas suas propostas, provavelmente induzida pelo encerramento dos bancos mas não só - prenunciando uma debacle no referendo do próximo Domingo - deve ter deixado estes esmerados democratas mergulhados numa grande angustia...
O que fazer se o resultado do referendo lhes for desfavorável?
Tanto quanto avalio estes acrobatas da política, eles quererão agarrar-se ao poder a todo o custo...assim, não é de excluir que procurem, em cima da hora, arranjar argumentos de superior interesse nacional para, quem sabe, procurar fugir ao referendo...
O grande problema, para eles, é que ao dar esse passo provarão ao povo grego que têm medo das consequências das suas decisões e, face aos credores, irão enfraquecer consideravelmente a sua posição negocial.
Um génio em jogos de estratégia, esta dupla memorável.
Caro Pires da Cruz,
Eu considero um sacrifício útil ir acompanhando esta vil tristeza da generalidade dos "media" lusos, ajuda-nos a perceber, por exemplo, o quanto é valiosa a nossa contribuição mensal para o audiovisual, paga através das facturas da energia eléctrica.
Pela minha parte até estaria disposto a aumentar, temporariamente, essa contribuição, para financiar cursos de formação avançada para esta rapaziada, ministrados por decisores políticos do Zimbawe, sobre as vantagens da autonomia monetária.
Só lhes cortava o caviar, já chega de abusos.